domingo, 26 de abril de 2009

A planta do amor - Ana* Kita

A planta do amor

Teoricamente sempre soubemos que o amor é feito por ambos os envolvidos. Um dia nos deparamos com a surpresa de que ele pode chegar para apenas uma das pessoas. A dor nos faz evoluir, e mesmo sem amor relacionamentos podem existir. Ainda assim, não nos sentimos completos sem ver no olhar do outro o brilho que reluz em nós. Como entender o crescimento dessa planta se o outro não quer regá-la? Normalmente, ele a rega, ainda sem querer, ainda sem propósito, e cabe a nós cuidá-la. Num momento a água seca, mas ela tenta sobreviver. É necessário muito tempo, ou o aparecimento de outras plantinhas para que aquela finalmente desapareça. Não acredito na sua total extinção é como se ela deixasse uma semente ou raiz adormecida. Qualquer gota pode acordá-la, mas o tempo a enfraquece.

Joinville, 26 de abril de 2009.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sobe-se degraus - Ana* Kita

Ouço passos na escada, um pequeno salto, provavelmente. Fico a imaginar quem poderia subi-la quase às onze da noite. Desisto, são tantas as possibilidades. Deixo de ouvi-los por um instante. Imagino a pessoa acendendo a luz do corredor, talvez pegando fôlego, poderia também arrumar o sapato. Os passos continuam, cada vez mais próximos, e logo mais distantes. Subira mais? Já estamos no quinto andar, quem subiria mais? As possibilidades diminuem. Idosos, gestantes, obesos e sedentários são hipóteses quase anuláveis. Também os passos são contínuos, provavelmente alguém acostumado a subi-los. Mas o porquê daquela parada? Uma hesitação talvez? Quem subiria até o quarto andar e desistiria? Tolice. Já não os ouço, teria parado ou a distância será grande demais? Penso em ir ao corredor, por que não descobrir? Todas minhas dúvidas poderiam ser esclarecidas, seriam alguns passos, esses meus.
Caio em mim, e talvez por isso mesmo tenha finalmente aberto meus olhos.

Joinville, 26 de julho de 2008.