sábado, 10 de maio de 2014

Seguir, fugir

     Tenho adiado escrever, tanto quanto seguir na quinta marcha e fugir pra não sei onde. Sei que parece frase de efeito pra atrair leitor logo nos primeiros 30 segundos. A verdade é que tenho todos os dias estes mesmos segundos para decidir entre uma rodovia sem destino programado ou minha necessária rotina. Obviamente como procrastinei a escrita, também a ousadia me faltou - bendito juízo, diriam os céticos. 
     Juízo ou não, sonho quando será levado de mim, e poderei enfim seguir a linha branca. Só o horizonte na mente, nem me importaria em ler as placas, quando uma se destacasse quem sabe entrasse na cidade. Seria legal me perder, pra achar um pouco do que se sonha e até o que falta - se há algo. Provavelmente eu não me questionaria, a mente voaria mais que meus cabelos com as janelas abertas. 
     É covardia. No fim, trata-se apenas de covardia. Pra não ir e pra fugir. Medo de arriscar, de suportar as consequências, dar explicações. E um cansaço, fraqueza. Engraçado como em palavras escritas fica tudo tão claro e pesado, denso e  assustador. Na hora parece apenas empolgação, preguiça de dar sinal e virar na marginal, atravessar o viaduto e voltar à cidade. Talvez só precisasse morar longe das entradas de BR. 

Ana Kita