quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Meu menino...

        "Você é o amor 
que a vida me deu 
de presente, 
sou homem maduro, 
mas na sua frente 
pareço um menino" (Fábio Jr.)

        "Meu menino" é expressão tão sonora quanto a voz dele, aquele que amo, aquele que escolhi como meu companheiro para a vida toda. Meu menino lembra bolinha de gude, pelada em campinho, risada tímida, video-game e TV, lembra literatura infantil, pequenas artes (no sentido safadinho da coisa), até um pouco de timidez com esperteza. Meu menino me faz lembrar suas covinhas, seu sorriso discreto, seus olhos brilhantes, seu jeito tão menino do mundo e tão homem meu.
        Hoje, meu menino faz anos, já deixou de ser um menino há tempos dizem os números, para mim agora é menino, com alegria, com liberdade, com inocência e ousadia. Hoje pode amar e demonstrar, aprender e ensinar, pode usar toda sua energia e fazer tudo ou optar por relaxar. 
        Meu menino há pouco passou a ser meu, e parece que nunca deixará de ser menino. Tomara! 
        Amo esse menino e sinto que em seu enorme coração de menino tem um espaço que é só meu. 

Ana Kita

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Constatação da vida

            A verdade é que formigas e cigarras morrem. De que adianta um inverno a mais? Antes um poético verão.

Ana Kita

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Eu merecia

Ao conterrâneo Cunha.

         Eu merecia não conhecer certas pessoas, coisas. Sim, me desculpe os irmãos perante os deuses e os politicamente corretos, mas eu merecia. Merecia não ter marcas sombrias em meu passado, nem ter que dar de cara com aquele... Ah, melhor nem falar. Eu merecia não ter me dado ao trabalho de conhecer Esaú e Jacó (do Machado), pra não precisar pensar que nem nosso escritor maior acertou sempre. 
        Nem de relance queria ter visto os rostos assassinos de "Linha Direta" ou do "Jornal da Globo", aliás, nem mesmo os de ficção. Merecia ter dormido tranquila todas as noites. Queria nunca ter visto rostos desfigurados; ainda me lembro de um dia - ainda menina - passou por mim e minha mãe um homem que tinha o rosto como que corroído. Aquela imagem não saiu da minha mente por muito tempo. 
        Queria nunca ter conhecido a primeira versão de "Chapeuzinho Amarelo", não existe mais pra comprar e me encantou bem mais que as ilustrações de Ziraldo. Queria não ter visto um filme muito legal que perdi o começo e cujo nome nunca descobri. Penso que eu merecia mesmo não ter conhecido o câncer linfático da maneira que foi, nem dúvidas que nunca me responderão.
        Todos os bilhões de pessoas são muita gente. Deveria haver uma seleção mais apurada, tanta gente passou por mim e deixou simplesmente NADA! Não me entenda mal, longe de genocídio. Só queria conhecer melhor aqueles que me fizeram bem e deixar de me envolver com um ou outro que só passou sendo um rastro fulgás de destruição. Há quem tenha problemas e tudo bem, no entanto há quem seja problema, queira compartilhar problema, só fale em. Não nasci pra tanta benevolência. Não queria nem ter criado Lígias, Felipes e outros que das primeiras páginas não passaram.
       

Ana Kita

Obs.: Texto produzido a partir da proposta (dada numa apresentação de plano de aula de Jordane Graudin, no Curso de Letras) de criar uma crônica a partir de "O merecimento", de Rubens da Cunha.