quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Ser em/pra você



Queria ser pra você como poeira que não abandona os carros parados nesta rua. Gruda, insiste. Tatua. Queria ser tatuagem em seu coração. Permanece, enfeita. Naturaliza. Queria ser parte de sua floresta. Necessária, linda. Sombra. Queria ser peixe do seu mar. Mora, alimenta-se. É parte.
Não parte, não se deixa partir.

Ana Kita

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Clássico sobre união


Resenha da obra clássica brasileira: “Ubirajara”

“Ubirajara” é mais uma lenda alencariana, escrita 9 anos depois daquela que é julgada sua obra prima, “Iracema”. De beleza e temática indianista, trata-se de um adorável exemplar da primeira geração do romantismo brasileiro. Uma narrativa bastante descritiva, mas com uma suavidade que nos prende à leitura, além, é claro, do jeito poético típico do autor, que dispensa comentários. Enquanto Portugal exaltava heróis dos mares e das guerras, o Brasil tinha em José de Alencar, um escritor que não só defendia e admirava, mas também apresentava aos brancos a pura e significativa cultura indígena.
Então, o jovem leitor do século XXI pode se perguntar: “E do que adianta ler sobre o índio do século XIX? Eles já são tão poucos e foram tão transformados, aculturados, urbanizados.” Eu digo que nós, brasileiros (independente da cor, da etnia, da origem dos antepassados), mudamos, mas ainda precisamos aprender o que Alencar tentava ensinar a partir de suas lendas: união, respeito, amor. É através da leitura da guerra com honra, dos generosos chefes, do amor em sua face mais pura, da importância às origens, do respeito e da busca pela harmonia, que os jovens de hoje podem aprender na escola mais que macetes para vestibular. Ao se permitirem aventurar-se com Jaguarê, poderão, como Ubirajara, desenvolver-se, amadurecer e, quem sabe, comungar com mais de uma cultura.

Ana Kita

Título: Ubirajara
Autoria: José de Alencar
Editora: Ática
Ano: 2000