terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Vovó sabida!

Resenha do livro infanto-juvenil: "Vó Nana"

        "Vó Nana" é mais uma rica obra sobre vida. Com verdadeiras pinturas, cada página traz uma lição de companheirismo, amizade, ternura, maturidade e celebração da vida. Na doce relação de uma avó e uma neta porcas, Margaret Wild narra a preparação para a morte, sabedoria essa que costuma faltar a muita gente, mas que pode transformar a vida daquele que parte e, principalmente, dos que ficam.
        Um livro simples, sutil, de narrativa bastante envolvente e ritmada, uma ótima escolha para crianças - de todas as idades. Excelente para ler e reler, ouvir e pedir "bis", aquele livro favorito das crianças e admirado pelos adultos, possível para muita reflexão, ou para o simples prazer da literatura.

Ana Kita

Título: Vó Nana
Autoria: Margaret Wild
Ilustração: Ron Brooks
Editora: Brinque-book
Ano: 2000

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Gente, estou aprendendo a viver!

Resenha do livro infanto-juvenil: "Vô, eu sei domar abelhas"

        Diego, o garotinho que protagoniza essa poética história, não apenas sabe domar abelhas, como também descobre sua própria maneira de encarar a morte, portanto de viver plenamente. Monika Feth e Isabel Pin com sensibilidade e delicadeza narram e ilustram a busca por compreensão e superação da morte do avô para uma criança. Sabemos que cada um tem seu caminho para seguir após essa etapa natural, mas difícil de nossas vidas, Diego, embora criança, também precisa buscar o seu. A mãe, o pai, a avó, a tia e a irmã de Diego revelam seus caminhos, pela metáfora, pela fé, pelo realismo, mas Diego aprendeu muito com o avô que lhe contava histórias e se revela capaz de por si só encontrar um jeitinho especial de lidar com essa ausência.
        Um encantador livro para as crianças, seus pais e professores. Uma narrativa simples, bem costurada, com ilustrações perspicazes e uma reflexão valiosa. Indico para contações de histórias e leituras com crianças a partir dos 6 anos.

Ana Kita

Título: Vô, eu sei domar abelhas
Autoria: Monika Feth
Ilustração: Isabel Pin
Tradução: Dieter Heidemann
Editora: Brinque-book
Ano: 2008

domingo, 29 de janeiro de 2012

A dançarina - Ana Kita

   Você não sabe, aliás, não sabia, mas você é dona de uma musicalidade que não cabe em si, transborda, irradia, exala... Chega em mim, invade, manda. Doma-me.

Ana Kita

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Procuro você - Ana Kita

   O que me dói não é não poder contar contigo, é não poder compartilhar. Apoio posso ter de qualquer um, inclusive de gente muito importante para mim. O que faz falta é não poder falar dos meus êxitos, das minhas aventuras, das minhas exceptativas. Posso falar a todos, mas faz falta não falar pra você. Ainda lembro a pessoa maravilhosa que você era, nossa amizade, parceria, nossas longas conversas. Era tão bom, ninguém me ouvia tão bem, adivinhava até o que eu calava, aconselhava e ria comigo.
   Hoje tudo é grande e silencioso, prefiro me afastar, manter-me calada. Já não ouço o que você diz e nunca mais tentou me ouvir, não é capaz de me sentir, adivinhar ou entender, perdeu a doçura, a paciência, o sorriso, a sensibilidade... Não tem mais a magia que fazia todos se aproximarem, ao invés de ímã, parece até que repulsa, inclusive a mim.
   Você sempre me julgou ingênua, eu achava que não, agora desejo muito ser. Quero crer que você possa de novo mudar, não voltar a ser quem era, porque assim como os rios a vida não tem mão dupla. Simplesmente torna-se uma pessoa melhor, mais viva, mais cheia de si, com planos, sonhos, sorrisos, amigos e abraços, alguém que acredita no poder da transformação e luta por isso, alguém de quem você se orgulharia. Eu estarei aqui, não sentada de braços cruzados como a pessoa despreparada que você me imagina, mas de abraços abertos, torcendo e esperando você.

Ana Kita

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Terceira leitura de férias 2011/2012: Esaú e Jacó

Período de leitura: 3 de dezembro de 2011 a 25 de janeiro de 2012.

   A leitura demorada não foi só culpa minha, a obra também é assim lenta, enrolada, com pouca ação... Facilita deixar pra depois ou não ter ânimo de ler muito por momento. Ainda assim me trouxe várias reflexões: sempre a morte, seja nos romances ou na vida, e como mexe comigo e com as histórias; romance sem ação não motiva a leitura; mesmo Machado pode falhar - ufa! (risos); talvez a grande "mensagem" ou discussão do livro seja algo como aquele ditado "pau que nasce torto nunca se direita", essa ideia de inato, ou destino, ou, simplesmente, que apesar das mudanças há coisas que não mudam.
   Não conheço a história bíblica a qual o título faz referência, a não ser pela breve ideia de irmãos gêmeos que não se davam bem, disputavam. Bom, só isso resume também esta obra de Machado. Paulo e Pedro, irmãos gêmeos que pensavam diferente, constantemente têm desentendimentos, apesar de por vezes seguirem um mesmo "destino".
   Sinto em dizer que não recomendo este livro, é cansativo de ler e por ora não encontrei tanto a tirar, prefiro (e sugiro) outras obras de Machado de Assis.

Ana Kita

Obra: Esaú e Jacó
Autor: Machado de Assis
Editora: Martin Claret
Ano: 2001 (primeira publicação em 1904)
Classificação: Romance brasileiro

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Passada? - Ana Kita

No almoço, o garçom me perguntou: - A senhora quer bem passada? E eu entendi: - A senhora já está passada... Por sorte perguntei apenas: - O quê? - A carne!

        O que é um casal? Não era essa a pergunta do outdoor, mas foi assim que li. E assim pensei: são duas pessoas, pela palavra: de sexos diferentes, pelo costume: que se relacionam de forma afetiva e íntima. Será? – me questionei com o vermelho do semáforo. Dizemos um casal de gêmeos quando nascem dois irmãos de sexos diferentes, mas se digo que saí com um casal logo me imaginam de vela. Ninguém ouve “encontrei um casal na loja” e pensa na possibilidade de um pai e uma filha. Mas tudo que eu queria mesmo saber é se eu um dia vou casar. Vem do mesmo radical, como não pensar? E por que agora essa ideia passou a me angustiar tanto? A ponto até de não ver que o outdoor era sobre pardais, mais uma disputa política envolvendo lei e trânsito. Minhas amigas nem precisaram de câmeras para sacar que agora casais com filhos me angustiam, fico olhando triste, pensativa e logo quero me afastar. Grávidas me assustam. E alianças... Ah, malditas alianças! Por que brilham tanto?
        Começo a achar que nunca fui um casal. Não por não casar ou não ter usado aliança, mas por não ter um companheiro. Não é isso que fazem as pessoas que se amam? Contam uma com a outra, compartilham, planejam, perpetuam-se. Eu amei e muito, talvez tenha sido amada um pouco. Mas, aquele amor recíproco que une de forma avassaladora, não só os corpos, mas as vidas em uma só... Ah, longe disso! Talvez tenha sido culpa minha, meu jeito muito sincera, independente, madura... Ou até minha camuflada insegurança. Talvez tenham sido minhas escolhas, homens muito novos ou muito galinhas, problemáticos ou desatentos.
        Queria crer de verdade que foi só porque não era pra ter sido. Sabe? Momento errado, pessoa errada. Coisa que passa, coisa que depois vem. Então o calendário amarela e vejo que o tempo passou contra mim. Minhas marcas de expressão já não desaparecem fazendo caras e bocas no espelho. Não usar sutiã está proibido e mostrar a barriga só na praia com muita coragem. As saias precisam de mais tecido e os jovenzinhos já não me olham. Todo atendente me chama de senhora e nunca mais me pediram documento na noite. Eu não passo por novinha nem produzida! Aonde eu fui parar? É isso! Exatamente assim que me sinto: parada! Parei lá pelos dezoito, quando não precisava me preocupar e o futuro viria com ou sem esperança. Não rezei pra Santo Antônio, nem dei trela para aquele cara que falou em casar. Eu era tão jovem, queria ver tanta coisa, “quem sabe um dia” eu dizia... Esse dia já passou? Não devia ter vindo há uns anos?
        Olho pra trás e é tudo muito lindo, obrigada! Mas, e pra frente? Todas minhas amigas casando, sendo mães... E eu? Fiquei pra titia? Não quero ser só a “amiga da mamãe”, nem pra madrinha me convidam porque “dá azar, você entende, né?”. No fundo, acho que é pra não ser um mau exemplo. Será que ninguém mais confia que vou formar uma família? Estudei, viajei, aprendi muito, trabalhei, comprei carro, apartamento, fui promovida, e? Cadê a prosperidade afetiva? Não quero casos de semanas. Não quero ouvir desculpas esfarrapadas para não sair de dia, de mãos dadas, assumindo ao mundo! Os mais novos querem mais novas. Os mais velhos são casados ou fogem de casamento! Cadê? Cadê a tampa da minha panela? Minha mãe tinha razão, eu devia ter saído menos e aprendido a cozinhar.

Ana Kita

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Esquecer x Lembrar

   Fico o tempo todo lutando pra esquecer. Esquecer aquele amigo que ficou magoado, o babaca que só me usou, o grande amigo que se afastou apaixonado, a amiga que me traiu, ele. Estou sempre me podando e controlando, evitando lugares ou olhares, focando no presente e num futuro sem eles. E num golpe de destino, um único segundo destrói meses de esforços. É uma piada, um encontro, um nome, uma palavra que seja e a lembrança vem. Vem com tudo, avassaladora. Toda lágrima segurada por tanto tempo transforma-se num sorriso feliz e envergonhado. Bentido tempo bom que passou e que vive em mim!

Ana Kita

sábado, 7 de janeiro de 2012

Poeminha doce: Conselho celestial

"corra, nade, brinque,
descubra a felicidade imediata, menina"
-gritou o Sol.

"ande, ame, festeje,
cubra-se da felicidade permanente, mulher"
-sussurou-me a Lua.

Ana Kita