segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Mineiros no Chile, lição em todo lar

Esta é uma postagem dedicada a quem gosta (além da literariedade) de ler bastante, e, ouso dizer, uma certa "caída" na vida real.

Todo mundo sabe ou deveria saber sobre os mineiros (leia-se "trabalhadores de minas") no Chile, não venho aqui ser sensacionalista, tampouco tenho a pretenção do jornalismo de deixar leitores a par da situação. Quero falar de uma coisa incrível que esta situação me faz visualizar. É algo quase indescritível, mas eu faço um esforço. (risos) Quem ontem assistiu às reportagens, seja na Globo ou na Record (ambas deram um bom pedaço da noite para as informações de lá), pôde perceber a força dessas pessoas. Dessas inclui não só os 33 mineiros, mas suas famílias, os profissionais envolvidos, até o governo. Fico admirada com a fé, a garra. É claro que quando passamos por momentos difíceis passamos a conhecer nossa verdadeira força. Mas, este é um momento mais que difícil.
Quando aviões caem e as famílias esperam os resgates das pessoas vemos força, fé, contudo, desespero. No entanto, essas família são geralmente estruturadas, classe no mínimo média. Agora, consideremos que mineiros correm riscos todos os dias. Qual a estrutura destas famílias? Não digo de amor, de fé, isso vemos claramente que eles têm e muito. Digo de situação financeira, de lar completo, de seguro de vida, plano de saúde, coisas assim que ajudam quando pode se perder o patriarca da família ou um filho.
As emissoras fizeram um bom trabalho, além de toda informação quanto ao resgate, trabalho e situação das minas, comunicação entre família e mineiros, conseguiram mostrar essa força, essa coragem e desejo de viver. Isso sim é importante para todo o mundo, a lição que se tira, o estímulo para cada família. O pedido de casamento, a carta do filho caçula dizendo da saudade da comida da mãe, o marido que diz amar a mulher para sempre reconhecendo que não falava isso há tempos, é isso o mais importante a se vislumbrar. Deixamos que a correria do dia-a-dia transforme nossos lares em simples casas, nossos amados em ilhas, e nossas palavras em simples "bom dia". Paremos, então, e reconheçamos o que verdadeiramente nos importa.

Eu precisava pontuar essas coisas. Como diria um amigo meu: pura alquimia. Todas essas pessoas estão fazendo da tragédia aprendizado, e passando a viver mais intensamente. Mesmo que presos na terra, mesmo tão perto e tão longe, não só se aproximaram de suas famílias como lembraram o que realmente vale.

Fica a lição. E meu desejo de que o resgate venha antes dos quatro meses.

Ana Kita

domingo, 29 de agosto de 2010

Poeminha sentimental: Conforto amigo

Aos bons amigos.
sento em seu colo
afaga meu cabelo
alisa meu braço
acolhe meu corpo
encanta meus ouvidos

não sabe ou disfarça
acalma minha alma
antes angustiada.

Ana Kita

Poeminha sentimental: Angústia

uma angústia
quase ânsia
muito aguda
sem companhia

Ana Kita

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ligação - Ana Kita

Na mão o telefone. No rosto um sorriso envolvente. E o corpo mexendo-se, indo à sala, voltando ao quarto. A casa toda ao som daquelas risadas sinceras e nervosas. Ela tão só e tão plena, aquela voz tão longe e tão perto. E o tempo correndo contra eles. Falam de amores, de mágoas, de lembranças, de manias. Falam de qualquer coisa, só falar já traz alegria.
A ligação que termina, não é vontade, é vida que corre. Deixam-na escorrer pelos dedos. A porta se abre e ela sai apressada, sorridente, saltitante. O ônibus não a espera, a lua cheia já tomou o céu há pouco azul. Quem era voz agora é olhos que espia na janela. A distância finalmente diminuiu ou aumenta. Eram as vozes, são as almas, tornam-se os corpos. Nenhum deles sabe ao certo, estão felizes e só, ou sós.

Ana Kita

Quanto às amizades e aos amores

Um menino caminha e caminhando chega no fundo, não há nada em frente se não há alguém com ele. 


   Sem maiores pretensões chega, tira tudo do lugar, senta-se no melhor sofá e faz da sala de visitas sua morada. Não o julgo mal, sei o bem que me faz. Põe as pernas pra cima, vai desabotoando a camisa. Aos outros pode ser visto como incômodo ou oferecido, para mim uma benção, é muito bem vindo. Vai abrindo a bagagem, traz presentes e leva bibelôs. Compartilha seu diário de viagem e fotografa um pouco de nós.
   Aceita um copo d'água e logo já abre a geladeira, morde uma maçã. Não há maldade, não há proibições. Usa o banheiro, deita na cama. Despe-se de todas hipocrisias e tabus, banha-se, torna-se novo e de novo me abraça. Um abraço reconfortante, digno de irmão, aquele carinho único de pessoas que amam, a carícia que sela a confiança. Como a voz tão única, energizante, só o abraço para acalmar as almas.

Ana Kita

P.S.: PEÇO encarecidamente que ao visitarem o blog respondam a questão ali do lado sobre sexo (talvez faixa etária também) para uma breve pesquisa quanto aos leitores! Obrigada! ;)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Poeminha sentimental: Meu coração

o sol posto
teus olhos iluminando
tuas mãos aquecendo
teu corpo embalando
meu coração entregue

Ana Kita

Propaganda sobre o blog:

   Querido leitores,
   peço permissão para fazer um tanto de propaganda hoje. Não é do meu feitio, nem se tornará recorrente. Prometo. Mas, eu sempre fico pensando "será que eles sabem? será que ele vêem?", está mais que na hora de eu fazer minha parte e ficar com a ideia de que "pelo menos, eu avisei, se eles não olham é por falta de tempo ou interesse". Deixando de ser tão louquinha e finalmente falando do que se trata:
   Na barra lateral (a direita de quem olha para a tela) há além da mensagem de boas vindas, da minha simples descrição e de onde me encontrar em sites de relacionamento (odeio essa expressão, mas enfim), há coisas interessantes.

Top 8 (julgado por mim, é claro):

Indicação de blogs (vale a pena conferir, tem desde blogs literários como o meu, passando por blog de banda, até blogs de humor... não custa dar uma olhada, vai que você gosta!)
A caixinha "Pesquise neste blog"! Pra quem ainda não sabe do que se trata, você escreve uma frase, uma palavra ou qualquer expressão e o Google procura neste blog, assim se você gostou de um texto antigo e queira revê-lo ou procura um texto sobre determinado tema pode encontrá-lo rapidamente. Experimente! =D
  Falando em temas... Há duas separações de temas. Uma mais antiga (mais abaixo na coluna) que separa por projetos (Textofonia, Carta a, Quanto a) e tipos textuais (poema, música), coisas assim. E uma mais recente, que é por temática mesmo (-paixão-, -vida-, - ruptura-).
Tem algo divertido: Alimente meus peixinhos! :D Algumas pessoas já me disseram que volta e meia ficam se divertido. Em cima da rosa azul tem um peixinhos quase brancos nadando, quando você clica com o cursor em cima da rosa aparece comidinha para eles, assim eles nadam (correm! rs) para se alimentar.
Há ainda textos sobre mim, seja sobre minha fase atual ou a anterior, seja sobre como escrevo, ou como gosto de acreditar. 
Há a lista (com fotinhos)  dos seguidores, por sinal: fica o convite para mais pessoas seguirem! =D O legal é que você pode apertar em cima das fotos e encontrar outros blogs que a pessoa siga e o próprio blog do seguidor, isso facilita essa "rede de contatos" de blogs literários e/ou divertidos. Participe!
Há dois poemas, no mínimo interessantes, meus de que gosto muito.
E como não poderia deixar de faltar, há indicação de livros, músicas e filmes. É uma lista pequena e pouco atualizada, mas bastante interessante ao meu ver. E adoraria que comentassem se gostarem de alguma dessas indicações.


   Bom, como leitora de blogs sei o quanto pode ser chato ler postagens longas ou ver tudo que há no blog, mesmo que seja um blog de que se gosta. Por isso, essa "pequena" (tamanho é muito relativo, depende do seu referencial) descrição do que mais você pode encontrar além dos textos.
   Aproveito para agradecer os meus leitores frequentes, que por coincidência ou não são os blogueiros que mais leio, por toda paciência, carinho, atenção e elogios. Fica a dica de que também podem fazer críticas e/ou sugestões.

Beijos!
Ana

sábado, 21 de agosto de 2010

Fuga - Ana Kita

Fuga

Ela corria, corria. Não estava atrasada, não queria ir, nem tinha pressa. Tampouco sabia para onde ia. Corria porque temia não mais partir.

Ana Kita


-> Proposta do "Círculo de Leitura e Produção Escrita" de que faço parte, veja aqui.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Poeminha sentimental: Amizade literária

                                            Ao MIP, de outro - eterno - tempo.

Senti um vento 
já sentido
nem amor, nem paixão, 
uma literariedade salutar.

Ana Kita

Poeminha sensual: Sua

Lida.
Assim, nem linda, nem compreendida.
Sou lida e me basta.
Ah, como quero que me leia.
Devore-me inteira.
Volte e releia.
Só preciso ser lida.

Ana Kita

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Poeminha irônico: Fobia

Ao Daniel, que me trouxe a reflexão.

hipopotomonstrosesquipedaliofobia
e me calava.
tremia, temia
e na hora de explicar
minha fobia,
passou.

Ana Kita

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Quanto aos toques e aos ventos


   O vento tocou meu rosto. Assim, eu andando e ele vindo, como se contra mim, mas na verdade ao meu favor. A sensação gelada na minha face pálida, o sol suavemente amenizando o frio, meus cabelos ao vento e os olhos se fechando para entender. O toque macio e gelado era tudo que eu queria, não mais queria voltar para casa nem abrir os olhos. Queria me permitir voar, aquela sensação de liberdade e conforto para sempre.
   Enquanto sentia aquele adorável toque entendi do que meus sonhos e amores são feitos. Ainda que todos me considerem louca, ainda que seja insanidade. Se amo, se sonho, se acredito é porque mesmo o vento na direção oposta ao meu caminhar me dá mais vontade de andar. É assim que vivo, sentindo a resistência do vento (física pura!), mas sendo forte, persistente. Vez em quando corpos estranhos me causam lágrimas, é normal, é necessário. Na maior parte do tempo torno-me mais forte, mais resistente, encontro mais motivos para sorrir e continuar. É disso que sou feita, é para isso que vivo.
Eu senti o toque do vento e, então, entendi.

Ana Kita

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Poeminha sentimental: Suas mãos

lá vem elas
quentes, pálidas
descobrem meu corpo

minha alma se revela
como verso declamado

aqui estão elas
carinhosas, fortes
tocam meu corpo

minha alma se entrega
com o coração apaixonado

Ana Kita

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Carta ao pai 10: Idade e sonho

Joinville, 16 de agosto de 2010.

Pai,
passei um tempo sem lhe escrever, não foi falta de pensamento a você, pelo contrário. É que às vezes a saudade bate tão forte que fico em dúvida se lhe escrever é salutar ou não.
Neste tempo sem lhe escrever, completei mais um ano de vida, este foi diferente, foi esperado, almejado e quase conquistado. Foi diferente também porque fiz uma festinha e estive entre aqueles que sei que posso contar. Tive uma companhia especial pela primeira vez e fiquei muito feliz. Vi minhas amigas de longa data já tão mulheres, com bons homens. Foi muito bom. Se tenho algo a lamentar seria apenas sua falta, mas não quero assim pensar. Acabei não vendo meus irmãos, nem minha madrasta, mas isso logo vem e... Você está comigo o tempo todo.
   Eu lhe sinto tão perto. Em todos meus sorrisos, em todos os abraços sinceros, nas músicas que me bailam, nos raios de sol. Eu sinto sua falta, claro que sinto. Mas, quando eu paro para pensar me sinto tão plena, tão feliz, que não tenho a menor dúvida de que lhe tenho. Ainda que quando eu compartilho com pessoas especiais sobre você lágrimas me percorram a face, ainda assim sei o quanto está comigo, o que me protege e me ilumina, o quanto me quer bem e o quanto faz por isso. Pai, se você vê minhas lágrimas não fiquei triste, não são lágrimas de tristeza, são de emoção. Não digo que não me doem à noite, aos domingos, quando ouço tanto sobre "o dia dos pais", mas me enchem de boas lembranças e fé naquilo tudo que me ensinou, na felicidade que se conquista, no amor verdadeiro que nasce e floresce. Minhas lágrimas nada mais são que o regar da minha alma.

Escrevo-lhe mais, sempre mais.
De todo coração,
sua primogênita,
Ana.

sábado, 14 de agosto de 2010

Poeminha doce: Soltinho

um, dois, papapá
um, dois, papapá
eu olhando
ele lá
eu pedindo
ele "tá"
eu sorrindo
veio cá.

Ana Kita

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Bons dias - Ana Kita

Um bom dia! Tudo que eu pedia era um bom dia, eu queria um bom dia para vivermos, para construirmos nosso lar, nossa família, para que eu pudesse admirar seu sorriso. Um bom dia não é pedir demais. Eu desejava muito, mas pedia o fundamental. Nada mais que o necessário. Você não me ouvia, não me via, não me desejava como eu a você. De poucas palavras românticas passou ao simples: "Bom dia.". Eu queria matar seus diários "bom dia" enquanto você matava nossos sonhos. Você matava nossos filhos, nossa lua de mel, aos poucos passou a matar as viagens pro sul, depois matou nossa casa própria e até a troca de carro você matou. Você teria me matado. Eu sei, todos viam. Teria matado como quem dá "bom dia". Entre sair do banho e tomar um gole de café. Iria pro trabalho normalmente e quando voltasse teria esquecido que eu ainda estaria em casa. Talvez ficasse brabo, fosse estúpido por não saber o que fazer. Mas, não foi assim. Você acordou em mais uma manhã ensolarada, fiz seu café, enquanto eu lavava a louça, você punha a gravata e me dizia todas aquelas coisas. Eu me contive a um simples: "Bom dia, meu bem"; o último que lhe daria.

Ana Kita

-> Inspiração vinda de "bom dia" de Aluisio Martins e da canção "Grand' Hotel" do Kid Abelha.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Andar - Ana Kita

   Eu tinha a mania, ou o costume, o hobby, como preferir chamar, não mais me pertence o nome tanto faz. Enfim, eu tinha essa coisa frequente de imitar as pessoas na rua. Não, não é bem isso. Essa minha coisa era imitar o jeito de andar das pessoas. Nunca fui desses "Sombras", nem profissional, nem amador. Eu era só um sujeito observador, discreto na medida do possível - sabemos bem que homens sofrem para observarem discretamente -, que depois de identificar um andar interessante passava a imitá-lo. Fosse um andar apressado, um andar feminino, um andar desleixado... Fosse o andar que fosse, eu só queria um andar diferente. Nunca fiz psicologia ou psiquiatria, contudo eu mesmo via nesta minha atitude uma falta de personalidade. As pessoas que me conheciam nunca identificariam o jeito que eu andava, até aquela época eu não tinha um jeito de andar. Mais vezes que trocar de roupa eu trocava a maneira de andar, e nunca fora criativo, queria seguir o passo do desconhecido ao pé da letra - ou ao pé dele mesmo.
   Era uma falta de personalidade tão grande que eu nem ficava mais tempo num passo ou revia depois de alguns dias. Era uma imitação imediata, eu via, admirava, aprendia olhando e logo que a pessoa saísse do meu campo de visão eu já passava a andar como ela. Podia ser uma espécie de equilíbrio com o meio ambiente, a pessoa saía do ambiente e eu tentando repor sua pressão "sob o universo". Isso é loucura, eu já sabia há muito tempo, mas era mais forte que eu. Às vezes, à noite, eu ia encontrar alguns amigos e perdia a hora imitando novos passos pelo caminho. Depois eu tinha sempre uma desculpa esfarrapada, ninguém acreditaria na história real.
   Alguém pode se perguntar como eu perdi tal mania, costume, hobby. E foi da pior maneira. Eu desde moleque fazia isso, se houve alguma vantagem foi a de trabalhar minha habilidade de observação, de uma forma ou de outra, eu podia olhar passos por segundos e aprendê-los. Eu devia ter feito dança, talvez me livrasse desta coisa e não me faria um sujeito ainda mais transtornado. O fato é que num domingo - sempre odiei domingos, e não era pela proximidade com a segunda-feira, era por haver menos pessoas nas ruas, mais difícil encontrar um bom jeito de andar - encontrei um sujeito estranho, a princípio achei que estivesse bêbado ou que precisasse de ajuda, depois ele pareceu fugir de mim, mas seu jeito de andar... Ah, seu jeito de andar era único, tão firme e ao mesmo tempo despretensioso. Ele conseguia andar rápido ou lento da mesma forma, encantadora. Eu precisei segui-lo, por mais que eu observasse não conseguia aprender seu jeito de andar. Onde estava toda aquela magia? Ele começou a ficar nervoso, apressava o passo e eu atrás querendo aprender. Eu só queria aprender. Pela primeira vez tentei imitar antes mesmo do sujeito sair da minha vista, e não consegui. Parecia complexo demais ou subjetivo, mas ao imitá-lo eu passei a ser um sujeito andando esquisito e não um sujeito andando tão incrivelmente quanto ele. Ele entrou numa rua estreita e escura, eu entrei também, ele olhou pra trás, tinha um olhar assustado, eu tinha um olhar preocupado e... Ele foi atropelado, assim que chegou na avenida, um carro numa velocidade absurda. Eu corri - de um jeito qualquer, transtornado -, pro lado oposto. Fiquei horrorizado.

Ana Kita

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Poeminha sentimental: 1 mês

1 mês

tempo que passa
não me dou conta
tempo contigo
já sou outra

Ana Kita

Quanto à perda maior e às pequenas

Nunca imaginei o dia em que o perderia. Eu imaginava as noites de amor, as tardes de briga, até com a distância eu sonhei... Mas, nunca, nunca podia supor o dia em que o perderia. Perder sempre me foi cruel, desde entregar a chupeta ao Papai Noel ou esquecer um guarda-chuva e não mais achar. Ele sabia muito bem o quanto eu odiava perder no baralho, ou não mais saber onde estava minha caneta. Não vou dizer que ele é o culpado de tudo ou que foi por pura maldade. Contudo, fiquei surpresa, quase aterrorizada por vir dele, aquele que tanto sabia de mim, minha maior perda.
Ele e ela, encontraram-se.

Ana Kita

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Quanto aos agrados e aos presentes

Mais uma vez escrevo de forma bem pessoal, mas o assunto exige - penso eu. 

Eu adoro fazer aniversário. Também adoro ganhar, abrir, descobrir, usar, e dar presentes. Adoro fazer comemoração com os amigos. Adoro esta sensação de que muita gente muito especial para mim tem um carinho imenso por mim. E assim aconteceu sábado. Antecipadamente peço desculpa aos amigos que não pude convidar, fora do coração e da mente muita coisa é limitada. A seguir agradeço muitíssimo as presenças. E só pra não deixar os que faltaram de fora, lamento a ausência de convidados.
É delicioso demais receber os amigos, ver todo mundo arrumado, feliz, aquele jeito tímido ao ver desconhecidos no começo e logo mais uma prazerosa interação entre pessoas de que gosto muito, mas que são de "núcleos" diferentes da minha vida.  Também é gostoso abrir presentes, ver os olhinhos ansiosos do "presenteador" e alegrar-me com pulseira, brinco, chocolate, blusa, creme, caneca, dvd, xale... ou até mesmo, brinquedinhos bizarros. (Estes forem os maravilhosos presentes recebidos por mim neste aniversário.) Ainda que o melhor presente sejam os presentes, isto é, a presença, os presentes materiais foram de um bom gosto indiscutível e todos vieram com aquele jeitinho especial que adoro, um jeitinho que mostra que a pessoa ficou pensando em como me agradar, em como não "errar", no que uso ou do que gosto.
Uma quase novidade deste meu aniversário, além da maturidade de meus amigos, foi a prestatividade (especialmente dos homens). Ninguém queria que eu fizesse nada, e todo mundo ia ajudando, servindo, conhecendo uns aos outros... Foi algo que me surpreendeu e alegrou-me muito. Como algumas meninas brincaram "eu devia fazer aniversário mais de uma vez por ano", concordo. Reuniria os amigos mais vezes, divertiria-me demais, talvez aprendesse as quantias certas e preferências (tipo: palmito e Sprite!).
Piadinhas a parte, deixo a dica de Elmer G.Letterman aos leitores: Só existe um coisa melhor do fazer novos amigos: Conserva os velhos. No meu caso dá até para brincar com a ambiguidade de "velhos", já que eu sou a mais nova entre meus amigos. haha

Ana Kita

-> Aproveito esta postagem também para parabenizar duas pessoas muito especiais para mim que aniversariam perto de mim, a Mariana (04/08) e o William (07/08).

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Quanto à dor e ao prazer

(No 18º inverno.)  

   Na primeira vez um certo desconforto, mas sem dor. Eu tremia e sorria, estava feliz, não tinha dúvidas, mas um arrepio subia pelo meu corpo. Na segunda vez já me sentia mais confiante, certa do que fazia e crente de que não sentiria dor. Doeu. No começo uma dor suave, a seguir intensa. Eu já não era uma menininha, sabia o que queria, olhava firme e sorria. Sangrei. Junto com o sangue minha força se esvaia de meu corpo, vontade de pedir pra parar, mas nem as lágrimas vieram. Antes que eu pudesse desistir ou gritar, a alegria veio e aguentei a dor com prazer. Não foi bem coragem, era um misto de vontade e medo de desistir, como se algo dentro de mim repetisse: “Começou? Agora termina!” Por fim terminou, e meu corpo todo dizia: valeu a pena! A dor permaneceu por algumas horas, contudo as marcas e lembranças serão para sempre.

Ana Kita


(Foto pessoal. Autoria: Adriana Cristina Kinas. Local: Hindu Studio.)

Poeminha sentimental: Menina-mulher 1

envelheci
assim de repente

era menina
agora mulher

podia correr
podia chorar

preciso correr
começo a chorar

Ana Kita

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Carta ao vizinho de maternidade: Crescer e saber/lembrar

Joinville, 05 de agosto de 2010.

Caro vizinho,
Você pode morar muito longe de mim agora, mas há 18 anos nossas mães se encontravam na Maternidade Darcy Vargas. É pouco provável que você um dia chegue a ler estas linhas, mas as escrevo cheia de empolgação, motivada por lembranças não minhas, embora digam de mim e de você.
Na manhã do dia 6, nasci. Recebi uma nota baixa, tive o cordão umbilical enrolado no pescoço e "amarelão". Quase não parei com a fitinha de identificação no braço, e por pouco não fomos trocados. Disseram a minha mãe que não fui entregue a nenhuma outra mulher, ao contrário de você que foi levado como filho da minha mãe e a ela entregue. Por sorte (ou pelo óbvio), minha mãe (desesperadamente) disse que tinha dado à luz a uma menina, de pouco mais de 3kg. Desculpe-me caso você seja acima do peso "ideal" e/ou complexado, mas segundo minha mãe você nasceu bem gordinho e muito maior que eu. A enfermeira primeiro quis acalmar minha mãe, crendo que fosse depressão pós-parto ou alguma dessas negações de mães de primeira viagem, depois com a enfermeira chefe tudo foi esclarecido. Enfim, cheguei ao colo da minha mãe, "sã e salva". Obviamente não posso lembrar se outra mulher (talvez sua mãe) tenha me pego no colo ou me amamentado.
Gosto dessa história, embora pudesse ter um fim "trágico", eu a vejo como a primeira aventura de nossas vidas. Compartilho pois fico a pensar que talvez você a desconheça, e se as enfermeiras não mentiram para minha mãe, é muito mais aventura sua que minha. Minha mãe diz que sua mãe já tinha alguns filhos, eu só tenho irmãos mais novos. Pode parecer besteira, mas às vezes eu fico pensando como seria minha vida se eu tivesse sido "trocada na maternidade", provavelmente bem diferente. Espero que goste muito de sua vida. Eu adoro a minha. Feliz aniversário amanhã!

Abraços,
daquela que já foi o bebê ao lado, Ana.

Poeminha(s) sentimental(is): Solitário inverno

óh, sol!
meus olhos já não o podem ver
lágrimas escorrem
é saudade
é lhe querer

óh, frio!
por que insistes comigo?
já te disse que de mim
não terás nada mais
que um arrepio

óh, menino!
não fique tão quieto
não se afaste neste inverno
venha pra perto, esteja comigo
dê-me um beijo
e serei seu abrigo

Ana Kita

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Coisas boas, demais

Costumo escrever crônicas e contos neste blog, algumas bem pessoais, outras bem fictícias, mas é difícil eu escrever assim, pessoalmente, no sentido de "falar com o leitor". Gosto de inovar!

Se hoje escrevo é porque a pouco recebi uma ligação que me deixou muitíssimo feliz e também muito preocupada, até desanimada. Sei, parece incoerente, ou pelo menos muito confuso. Assim estou.
Esta semana, como toda primeira semana de agosto, estou ansiosa e animada, contente e pedindo sorrisos a todos. Mas, há mais de um mês eu me inscrevi num curso de formação de escritores, enviei um texto (aqui publicado) e uma pequena biografia literária para que fossem julgados e minha inscrição aprovada. Confesso que não me agrada nada ter um texto literário julgado, acho que não há julgamento, não há certo ou errado, bom ou ruim. Por isso não gosto de participar de concursos ou mesmo ter textos avaliados por professores. Enfim, não acreditei muito e como enviei muito antes do prazo final deveria demorar. Quase esquecendo da possibilidade segui com novos planos. Ontem, por acaso ou não, tive o sexto encontro do Círculo de Leituras e o Ítalo Puccini (que participou desse curso de formação em Jaraguá no mês passado e sabia da minha inscrição) me questionou sobre. Eu acreditava que o resultado já devia ter "saído" e os aprovados informados, então respondi que havia sido reprovada e que nem poderia participar mesmo que fosse aprovada. Pois bem, hoje me ligaram dizendo de minha aprovação e que aguardam minha presença nesta sexta, quando começa o curso.
Assim como demonstrei no meu Twitter fiquei desesperada. Eu gostaria muito de participar, imagino o quanto aprenderia e até seria um "adicional no meu currículo", o  problema é que para isso eu faltaria 3 sextas-feiras de aula (universidade), não teria disponibilidade em três sábados e com isso prejudico minhas aulas de dança de salão. Como se fosse pouco, este final de semana aniversario e tenho tanto minha sexta quanto meu sábado extremamente corridos.
Resumindo, acabo de me encontrar numa bifurcação da vida em que sei que ambas as estradas me levam a bosques floridos, mas anulam os lindos bosques da outra estrada. E agora, José? Falei com duas pessoas até agora, que considero muito, e ambas ficaram argumentando para eu participar do curso, uma delas até encontrou "soluçõezinhas" momentâneas.
Odeio quando isso acontece. E acontece com frequência. É como ser baladeira e ficar dois finais de semana sem nenhuma festa, e de repente num só sábado ter três eventos ao mesmo tempo aos quais gostaria de ir. Todo mundo passa por isso, e depois de passar fica feliz, são raros os casos em que a pessoa fica se remoendo e/ou arrependida. Mas, até decidir fica esse frio no estômago, esta dificuldade em sorrir e uma baita dor de cabeça. Não sei se escrever tudo isso me ajudou ou ajudará algum leitor, mas queria compartilhar. Como num espirro. Desculpem.

Ana Kita

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Canção: Até mais - Engenheiros do Hawaii

Compositor: Humberto Gessinger

Não foi assim
Que eu sonhei
A nossa vida
A despedida
Seria até logo mais
Mas a vida
Não me permite ensaios
Não há raios
Antes do trovão

Não olhe para mim
Como se eu fosse invisível
Como se fosse possível
Enxergar nessa escuridão (não, não)
Não olhe pra trás
Odeio despedidas
Diga até mais
Mesmo se for adeus

Eu, você e mais ninguém
Só nós dois
Nada mais a nosso favor
Eu, você e mais ninguém
Um mundo estranho que queimava sonhos
Ao nosso redor
Eu e você

Não foi assim
Que eu sonhei
A nossa vida
A despedida
Seria até logo mais
Mas numa guerra
Ninguém mede conseqüências
A gente erra
Depois pede perdão

Eu, você e mais ninguém
Só nós dois,
Nada mais a nosso favor
Eu, você e mais ninguém
Só nós dois, ninguém mais ao nosso redor

Não podia durar para sempre
Não podia ser diferente
Não poderia ter sido melhor
Eu e você
Eu, você e mais ninguém
Só nós dois e nada mais
Eu, você e mais ninguém
Só nós dois e nada mais (nada mais, nada mais)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

domingo, 1 de agosto de 2010

Minhas íntimas previsões machucam, inevitavelmente, profundas memórias. Inquieta, penso, melhor, indago meus inóspitos pesadelos. Menti inocentemente para melhor iluminar pequenos motivos irreais. Possivelmente minha incoerência petulante me inferiu por muito iludida. Pedi muito, incansavelmente, por minhas incessantes perdas. Mesmo inutilmente previsível.

Ana Kita