domingo, 27 de novembro de 2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Carta a ti: que quero me perdoar

Joinville, 25 de novembro de 2011.

   Já faz dois meses que não lhe escrevo, mas se o vejo e o beijo, qual seria o desentendimento? São vários, aos montes. Ou vales. O ápice deles deve ser minhas perguntas clássicas. Já a baixa altitude deve ser as pequenas discordâncias. Dizem que é bom, eu também acho, fica tão lindo quando dá aquele sorrisinho contrariado, ou um beijo apertado pra eu parar de ser boba. Mas continuo, eu sou assim (já cantava Luiza Possi).
   Eu podia pedir que me perdõe, dizer que tentarei mudar, mas tudo isso todo mundo diz, tudo isso eu repito toda vez que fico triste antes de dormir (é meu momento de reflexão natural). Escrevo pra dizer que estou aprendendo a me perdoar, não dizem que só ama o outro quem sabe amar a si mesmo? Pois bem, amo-o muito, portanto devo me amar, mas ficar me culpando não é uma boa mostra de amor, certo? Por isso venho me perdoar. Venho me perdoar porque sou humana, apaixonada e inconstante, sou aprendiz da vida, cheia de defeitos e mais propícia a acertar errando. É, soa estranho, mas é assim mesmo. Não dizem que é errando que se aprende? Tenho errado bastante, podemos ficar felizes: logo saberei de tudo!
   Acho que mês passado vimos um filme que recém-casados falaram algo do tipo "nunca fomos casados, precisamos aprender juntos", assim também acontece com nós. Não estou falando do futuro casamento, tranquilize-se! (risos) Digo mesmo da relação namoro, da convivência diária, do amor gigante e do continuar a sermos nós mesmos. Isto é, numa curta relação pode-se tentar agradar ao outro o tempo todo, tipo criar - principalmente inconsciente - um personagem e viver num mar de rosas. Mas, ao se ver todos os dias durante oito meses, bom, daí a verdade grita. Não é possível acordar linda todo fim de semana, não sentir fome, não sentir dor, não estar irritada, não chorar, não sentir ciúmes, não rir, suar, zoar ou ser grossa. Não tem condições de não precisar desabafar, fazer número 2, tomar banho, falar palavrão, criticar ou reclamar. Bom, não é esse o sonho das pessoas que se amam? Poder serem elas mesmas!? Ter olhera, maquiagem borrada, feijão no dente, assoar o nariz na frente, revelar um pneuzinho? Não!! Talvez todos nós queiramos esconder nossos defeitos até de nós mesmos, mas não é possível. Penso, então, que o melhor é poder não se preocupar tanto, contar com a compreensão, confidência e reciprocidade do outro. Vejo isso na gente, estou certa?
    Então eu me perdoo, e já me vejo mais confiante. Quem sabe perguntando menos, discutindo menos, rindo mais. Quem sabe do mesmo jeito, mas mais feliz. Enfim, sempre vivendo nosso amor ao máximo.

Com todo meu amor,
sua pequena, Ana.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Confissão de quereres - Ana Kita

   eu queria escrever coisas lindas, profundas, felizes e emocionantes. eu queria falar de nós, da chuva na janela, do dia de ontem, do que ainda virá. eu queria desenhar flores azuis, lagos no céu e sóis verdes. queria que todos lessem as estrelas dos meus olhos e cheirassem as flores dos meus cabelos. queria sorrir um sorriso tamanho do mundo, aquecer os pólos e refrescar a dor na áfrica. eu queria voltar a ser criança, passar a tarde numa balança. não me preocupar com peso, espinhas, nem contas. eu queria voltar a me chatear com as equações do primeiro grau. queria passar a tarde na praia, ficar vemelha e passar óleo refrescante. queria subir o morro correndo, tomar caldo de cana. queria ter ajudado o joão quando ele caiu de bêbado, queria ter aprendido mais cedo as verdadeiras lições das aulas de biologia. queria contar logo os vinte dedinhos do meu filho. queria lembrar de eu dormindo no meio dos meus pais, se é que isso aconteceu. queria ter acontecido mais, falado menos, gastado menos. queria passar um ano guardando dinheiro. queria em um mês comprar tudo que desse vontade. queria ter mais empenho nos estudos, na limpeza, na organização, no planejamento do futuro. queria que já fosse amanhã para eu poder querer mais milhões de coisas novas e esquecer boa parte do que quero.

Ana Kita