segunda-feira, 29 de março de 2010

Poema: Isto - Fernando Pessoa

ISTO
Fernando Pessoa

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que eu terraço,
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!

sexta-feira, 26 de março de 2010

Ritmo amável - Ana Kita

Felipe dedilha no violão qualquer coisa como um dó. Para. “Por que ela me disse aquilo?” Pergunta. Toma o violão e pensa nos acordes de “All Star”. Desiste. “Éramos tão amigos, não?” Sofre. Larga o violão, abre a janela e senta sobre a mesa. Ignora. O inconsciente de Felipe já está além do significado das palavras de Mia. Questiona. “Estranho como?”
O garoto procura a letra de uma música que escreveu à amiga. Encontra. “Seus olhos sorriem saudades” Rasga. Felipe guarda os quatro fragmentos do papel numa caixa. Chora. “Estranho é gostar tanto dela.” Confessa. Um papel sob a caixa ganha sua atenção. Lê. “Fê, gosto muito de você. Mia” Lembra. Mia havia lhe dado o bilhete dobrado na noite anterior. Prometeu. “Abrirei em casa.” Percebe. Mia não tivera chance de se explicar, só poderia terminar aquela conversa hoje. Sorri. “Posso ser um estranho amável!?” Duvida.
Felipe pega a caixa e o bilhete e os guarda na mochila. Leva. Em uma hora poderá falar com Mia e compreender tudo. Anseia. Seu coração bate acelerado, suas mãos suam e olha o relógio. Espera. “Deus, permita que ela chegue logo.” Implora. Cantarola “All Star” sozinho e nervoso. “Ei, está fora de ritmo...” Ouve. Ele alegra-se com a observação petulante da amiga. Abraça. Os corações compassados explicam todas as palavras. Adora.

Feito no Clube de Redação do Persona – Cultura e Formação Integral.
Joinville, 26 de março de 2010.

Observação: Mesma proposta que o texto "Desejos no escuro", após um ano. Em breve, posto as semelhanças e diferenças que encontro neles.

Canção: All Star

Composição: Nando Reis

Estranho seria se eu não me apaixonasse por você
O sal viria doce para os novos lábios
Colombo procurou as índias
Mas a terra avistou em você
O som que eu ouço são as gírias do seu vocabulário

Estranho é gostar tanto do seu all star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra hoje

Estranho mas já me sinto como um velho amigo seu
O seu all star azul combina com meu preto de cano alto
Se o homem já pisou na lua
Como ainda não tenho seu endereço?
O tom que eu canto as minhas músicas pra tua voz
Parece exato

Estranho é gostar tanto do seu all star azul
Estranho é pensar que o bairro das laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali
E entro no elevador
Aperto 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra ...Laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra hoje

quinta-feira, 25 de março de 2010

Desejos no escuro - Ana Kita

Cinco passos faltavam para que Sofia chegasse ao mar, temerosa parou. Por que se molhar? Fazia frio, a casa estava longe e a praia estava deserta. Poderia ser arriscado? Quatro passos para que uma onda a acertasse, Sofia olhou para os lados. Alguém a observava? A temporada e o verão já haviam passado, quarta-feira não é dia de visitar casas de praia. E se alguém a surpreendesse?
Três passos para a sensação fria da água tocar-lhe os pés. Quais as vantagens de um banho de mar solitário? Dois passos para satisfazer-se com a água salgada. Por que estava ali? Depois de brigar com o namorado ligou para uma amiga, não conseguindo apoio de ninguém foi a rodoviária e agora olhava o mar. Havia conquistado o que desejava?
Um único passo separava Sofia da água fria. O que procurava? No dia anterior, o namorado lhe disse que não sabia o que queria, por isso ele não a entendia. A amiga insinuou que o namorado tinha razão, e Sofia, temendo concordar, veio à praia. E agora? Olhou uma última vez para ambos os lados e recuou.
Sofia voltou para casa sem entender o motivo de sua ida à praia, agora tinha certeza de que não queria se molhar. Inconscientemente sabia que desconhecia o que realmente desejava.

Joinville, 25 de março de 2009.
Feito no curso Redação Criativa do Persona - Língua Portuguesa em Pessoa (atual Persona - Cultura e Formação Integral)

terça-feira, 23 de março de 2010

Apenas batimentos - Ana Kita

"Se o medo pudesse paralisar também os sentimentos eu não estaria aqui, você não estaria aqui. Não haveria nada que nos mantivesse aqui. Você pode me perguntar se isso me dá coragem. Sinto em decepcioná-lo. Continuo temendo. Meu sorriso finge espontaneidade, minhas mãos buscam seguir firmes... Até meus olhos fogem dos seus, fogem de seus lábios, de suas mãos. Abraçam todo seu ser, desejam-no agora e sempre. E lá vem o medo. O medo paralisa meus sentidos. Afasto-me. Ainda perto me nota longe, não sabe você que aquilo que sinto continua a lhe ver, a lhe ter, a lhe amar."
22 de março de 2010

Entre teorias literárias, frio de ar condicionado e a presença de um amigo, veio para mim esta inspiração.

domingo, 21 de março de 2010

O modo mais difícil - Ana Kita

Nem tudo que sonhei consegui realizar. Aos dez anos desejei meu primeiro beijo, aos onze eu o tive. Aos quinze desejei meu primeiro namorado, aos dezessete fui pedida em namoro. Aos vinte e dois desejei ficar noiva, aos vinte e sete me casei. Aos trinta anos desejei ter um filho, meu marido não quis, aos trinta e seis me divorciei. Aos quarenta descobri que a vida era assim, sempre desejaria coisas, as realizaria ou não, no entanto o importante era sonhar.
Iniciei a faculdade de sociologia, querendo matemática. Formei-me cinco anos depois de meus colegas sociólogos, no entanto em matemática. Trabalhei com quintas e sextas séries, querendo o ensino médio. Tive o prazer de ver formar no terceiro ano minha primeira turma. Quando me aposentei descobri que as coisas certas sempre acontecem...
Um dia tive o desgosto de ficar presa no elevador, apesar de horas agonizantes conheci meu primeiro marido. Um mês aguardei para receber o resultado de desconto na universidade por minha primeira colocação no vestibular, mas tive a surpresa de receber bolsa completa. Um ano estive atrás de advogados para conseguir meu divórcio, por vezes achei que jamais seria considerada solteira novamente. Além de me divorciar, comecei a namorar meu advogado. Uma década se passou para que eu realizasse meu sonho de ser mãe, hoje é meu filho que tem uma década de vida. Antes da virada do novo século aprendi que tempo é uma questão física, e que no fundo as que mais me interessam e acrescentam são as humanas.
Determine prioridades, nunca deixei de sonhar, aproveite todos os momentos e não tenha pressa, são os conselhos da minha vida... Resta a você seguí-los ou aprendê-los.

Fevereiro de 2008.

domingo, 14 de março de 2010

O amanhã colorido - Cidadão Quem

Composição: Duca Leindecker

Olha a luz que brilha de manhã
Saiba quanto tempo estive aqui
Esperando pra te ver sorrir
Pra poder seguir

Lembre que hoje vai ter pôr-do-Sol
Esqueça o que falei sobre sair
Corra muito além da escuridão
E corra, corra!

Não desista de quem desistiu
Do amor que move tudo aqui
Jogue bola, cante uma canção
Aperte a minha mão

Quebre o pé, descubra um ideal
Saiba que é preciso amar você
Não esqueça que estarei aqui
E corra, corra!

Azul, vermelho
Pelo espelho
A vida vai passar
E o tempo está no pensamento (2x)

Olha a luz que brilha de manhã
Saiba quanto tempo estive aqui
Esperando pra te ver sorrir
Pra poder seguir

Lembre que hoje vai ter pôr-do-Sol
Esqueça o que falei sobre sair
Corra muito além da escuridão
E corra, corra!

Azul, vermelho
Pelo espelho
A vida vai passar
E o tempo está no pensamento (2x)

Canção Católica

Vem, Espírito Santo!
Transforma minha vida, quero renascer. (4x)

Quero abandonar-me em seu amor,
Encharcar-me em seus rios,
Senhor,
Derrubar as barreiras em meu coração.

->Dedicado ao garotinho (haha, homem) que me proporcionou uma maravilhosa e abençoada tarde, Rodrigo Geremias.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Canção: 3x4 - Engenheiros do Hawaii

Composição: Humberto Gessinger

Diga a verdade
Ao menos uma vez na vida
Você se apaixonou
Pelos meus erros

Não fique pela metade
Vá em frente, minha amiga
Destrua a razão
Desse beco sem saída

Diga a verdade
Ponha o dedo na ferida
Você se apaixonou
Pelos meus erros

E eu perdi as chaves
- Mas que cabeça a minha -
Agora vai ter que ser
Para toda a vida

Somos o que há de melhor
Somos o que dá pra fazer
O que não dá pra evitar
E não se pode escolher

Se eu tivesse a força
Que você pensa que eu tenho
Eu gravaria no metal da minha pele
O teu desenho

Feitos um pro outro
Feitos pra durar
Uma luz que não produz
Sombra

Somos o que há de melhor
Somos o que dá prá fazer
O que não dá pra evitar
E não se pode esconder

Viver Despenteada - recebido por e-mail (citado no post anterior)


Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida te despenteie,
por isso decidi aproveitar a vida com mais intensidade...
O mundo é louco, definitivamente louco...
O que é gostoso, engorda. O que é lindo, custa caro.
O sol que ilumina o teu rosto, enruga.
E o que é realmente bom dessa vida, despenteia...
Fazer amor, despenteia.
Rir às gargalhadas, despenteia.
Viajar, voar, correr, entrar no mar, despenteia.
Tirar a roupa, despenteia.
Beijar à pessoa amada, despenteia.
Brincar, despenteia.
Cantar até ficar sem ar, despenteia.
Dançar até duvidar se foi boa idéia colocar aqueles saltos gigantes essa noite, deixa seu cabelo irreconhecível...
Então, como sempre, cada vez que nos vejamos eu vou estar com o cabelo bagunçado... Mas pode ter certeza que estarei passando pelo momento mais feliz da minha vida.
É a lei da vida: sempre vai estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa, que aquela que decide não subir.
Pode ser que me sinta tentada a ser uma mulher impecável, toda arrumada por dentro e por fora.
O aviso de páginas amarelas deste mundo exige boa presença: Arrume o cabelo, coloque, tire, compre, corra, emagreça, coma coisas saudáveis, caminhe direito, fique séria...
E talvez deveria seguir as instruções, mas quando vão me dar a ordem de ser feliz?
Por acaso não se dão conta que para ficar bonita eu tenha que me sentir bonita... A pessoa mais bonita que posso ser!
O único, o que realmente importa é que ao me olhar no espelho, veja a mulher que devo ser.
Por isso, minha recomendação a todas as mulheres:
Entregue-se, coma coisas gostosas, beije, abrace, dance, apaixone-se, relaxe, viaje, pule, durma tarde, acorde cedo, corra, voe, cante, arrume-se para ficar linda, arrume-se para ficar confortável!
Admire a paisagem, aproveite, e acima de tudo, deixa a vida te despentear!

O pior que pode acontecer é que, rindo frente ao espelho, você precise se pentear de novo...

(Autor desconhecido)

terça-feira, 9 de março de 2010

Para mulheres de verdade - Ana Kita

Para as mulheres de verdade, sejam as que acreditam e gostam do Dia da Mulher, ou aquelas que o ignoram.


Recebi uma linda mensagem de felicitação pelo Dia da Mulher muito inusitada (quem me enviou merece ser citada, uma dessas mulheres que só de olhar e estar em sua presença por algum tempo já sentimos todo seu poder feminino, de nome Gabriela), ao invés de apenas enaltecer as comuns características femininas, a mensagem se tratava de dicas para as mulheres. Entre dicas úteis e algumas triviais, o título da mensagem e sua grande dica me fazem hoje escrever: Viva despenteada!

As mulheres são admiradas por sua beleza, dedicação, paciência, capacidades de sentir, de dar carinho... Entre tantas características de guerreiras e de frágeis seres que amam, somos geralmente aquelas impecavelmente arrumadas, aquelas que sorriem mesmo com dor, que dizem as palavras mais auxiliadoras quando têm vontade de bater ou chorar, que sentem uma dor terrível e permanecem sobre seus saltos, que mensalmente possuem nervos à flor da pele e endométrio escorrendo de seus lábios atraentes aos homens, que sonham em gerar uma nova vida mesmo conhecendo todas as dores e preocupações que isso trará. Pode parecer feminismo da minha parte, mas mulheres me soam tão fortes, cheias de vida, são elas que levam e marcam a história da humanidade. Algumas vezes se esconderam atrás de ombros masculinos, outras vezes apontaram o dedo a esse ser tão oposto e tão atrativo.

Tudo que quero hoje dizer a todas as mulheres que possam compreender é: PERMITA-SE! Viva! Despenteie-se! Permita-se amar, sorrir, chorar, cair, voar, ajudar, pedir ajuda, sonhar, lutar, perder e vencer... A vida é feita de sonhos, de vôos e de quedas. Podemos tudo que nossa mente criar, no entanto só teremos aquilo que fizermos por onde. Faça! Sempre haverá aquelas que terão inveja, aqueles que não a merecerão, aquelas que vão lhe repreender, aqueles que não a notarão. Apesar de tudo seja você. Acredite em você. Orgulhe-se de você! Ame-se! Permita-se!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Crônica: Lixo, de Luis Fernando Veríssimo

Encontram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam.
H- Bom dia...
M- Bom dia.
H- A senhora é do 610.
M- E o senhor do 612
H- É.
M- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...
H- Pois é...
M- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo...
H- O meu quê?
M- O seu lixo.
H- Ah...
M- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena...
H- Na verdade sou só eu.
M- Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.
H- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...
M- Entendo.
H- A senhora também...
M- Me chame de você.
H- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim...
M- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas, como moro sozinha, às vezes sobra...
H- A senhora... Você não tem família?
M- Tenho, mas não aqui.
H- No Espírito Santo.
M- Como é que você sabe?
H- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.
M- É. Mamãe escreve todas as semanas.
H- Ela é professora?
M- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?
H- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.
M- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.
H- Pois é...
M- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.
H- É.
M- Más notícias?
H- Meu pai. Morreu.
M- Sinto muito.
H- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.
M- Foi por isso que você recomeçou a fumar?
H- Como é que você sabe?
M- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.
H- É verdade. Mas consegui parar outra vez.
M- Eu, graças a Deus, nunca fumei.
H- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo...
M- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou.
H- Você brigou com o namorado, certo?
M- Isso você também descobriu no lixo?
H- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.
M- É, chorei bastante, mas já passou.
H- Mas hoje ainda tem uns lencinhos...
M- É que eu estou com um pouco de coriza.
H- Ah.
M- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.
H- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.
M- Namorada?
H- Não.
M- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.
H- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.
M- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.
H- Você já está analisando o meu lixo!
M- Não posso negar que o seu lixo me interessou.
H- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia.
M- Não! Você viu meus poemas?
H- Vi e gostei muito.
M- Mas são muito ruins!
H- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.
M- Se eu soubesse que você ia ler...
H- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?
M- Acho que não. Lixo é domínio público.
H- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?
M- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...
H- Ontem, no seu lixo...
M- O quê?
H- Me enganei, ou eram cascas de camarão?
M- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.
H- Eu adoro camarão.
M- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...
H- Jantar juntos?
M- É.
H- Não quero dar trabalho.
M- Trabalho nenhum.
H- Vai sujar a sua cozinha?
M- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.
H- No seu lixo ou no meu?

domingo, 7 de março de 2010

Relatividade Temporal - Ana Kita

Há diversos tempos. O tempo em que sonhamos, o tempo em que analisamos nossos projetos, o tempo em que desistimos de algum sonhos, o tempo em que modificamos alguns projetos, o tempo em que trocamos sonhos ou projetos, o tempo em que buscamos as realizações de nossos sonhos e projetos. Os tempos existem em ciclos. Não há mal algum em viver mais determinado tempo, nem em pular outro tempo num dos ciclos. A vida é tão bela justamente por todas essas opções que nos dá e toda mutação que nos amadurece.
Não devemos perder tempo. Não devemos perder o tempo de aprender, nem o tempo de amar. Não devemos perder o tempo de ensinar, nem o tempo de dizer a quem amamos de nosso sentimento. Não devemos perder o tempo de ousar, nem o tempo de estar entre as pessoas que nos querem bem. Não devemos perder o tempo de pedir ajuda e nem o tempo de ajudar. Devemos compartilhar nossos tempos. Devemos compartilhar o tempo em que descobrimos, o em que o amor nos abraça e o em que ele nos ensina. Devemos compartilhar o tempo em que sonhamos, o em que buscamos e o em que alcançamos nossos sonhos.
Nenhum tempo é completamente irrelevante. Mesmo os tempos duvidosos, mesmo os tempos cruéis, mesmo os tempos doloridos, mesmo os tempos de repouso, em todos os tempos temos lições a tirar. Ganhamos companhias, adquirimos sabedoria, superamos frustrações e observamos o tempo dos demais. Não perca tempo, ganhe tempo! Não deixe para dizer amanhã, pode não pensar igual, pode não ter a quem, ou pode simplesmente ser mais útil hoje. Viva intensamente e permita aos outros viver contigo. Aproveite as vitórias alheias, auxilie nas quedas dos demais, traga-os para o seu lado sempre que valer a pena. Faça seu tempo valer a pena!
Não é velho aquele que diz “naquele tempo”, é vivido. Velho, e até antiquado, é quem sabe que em outro tempo tinha mais a viver e nesse tempo se esquece de viver, por lamentar. Aprenda com os tempos que já passaram, seja nos que viveu, seja nos que os outros viveram. Viva cada tempo ao máximo! Faça o SEU tempo!

Joinville, Março/2010.