sexta-feira, 30 de abril de 2010

Explicação do meu projeto:"Textofonia"

O nome é provisório, mas a ideia me parece que seguirá em frente. O projeto é uma ideia antiga não só em meus textos, como nos textos contemporâneos de escritores apaixonados por música. Quem nunca escreveu um texto ouvindo ou pensando numa música? Esta agora é a proposta. Farei ao menos um texto por semana baseado em alguma canção nacional. Ouvirei a música ao escrever e tentarei retratar alguma ideia da letra em meu texto. Não necessariamente uma releitura da música, pode ser uma citação de algum trecho, o uso de um personagem, o mesmo sentimento, quem sabe até o uso de algumas expressões mesmo fora de contexto... Quem ler, verá!

Estou pensando em começar com Belchior, quem sabe hoje à noite ou talvez amanhã. Fica o gostinho na boca... "Tenho ouvido muitos discos, conversado com pessoas, caminhado meu caminho, papo, som, dentro da noite" Apenas Um Rapaz Latino Americano - Belchior

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Ensaio de uma "resposta"...

"Escrevo-lhe nessa tarde nublada. Melhor se já tivesse lhe escrito, melhor se houvesse sol. Não digo que outrora as nuvens me trariam essa solidão, pobres nuvens que culpa teriam? Nuvens que tantas vezes desvendamos seus desenhos, nuvens que tantas vezes observei mudarem. Eu, defensora incondicional da busca por sorrisos, deixei os sorrisos sinceros a pouco mais de duas luas, e não tardo a procurá-los, prometo-lhe. Ouço agora só o som da minha voz, os poucos toques do teclado e o mundo tão distante de mim. Não pense que quero dar-lhe alguma tristeza, acalme seu coração, que o meu logo se alegrará. Minha alma, se lhe escreve, é porque busca em você alegria de outra parte. Adoro minha cidade, como você sabe, e desde ontem não consigo ver pelas ruas uma só árvore. Já tive dias pior e melhores hão de vir. Toque minhas letras e só por hoje prefira não sentir meu coração. Transmita-me o seu. Um abraço carinhoso, sua Ana."

-> Essa postagem é uma espécie de resposta, para compreender leia a ideia que me fez escrever.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Livre(-me), amor


O amor acontece quando duas almas desejam, simultaneamente, prender e estarem presas, sem que consigam praticar. Querem-se juntas, querem-se bem, querem-se (quase que) unicamente. O verdadeiro amor não está na ideia de posse, mas no conceito de liberdade. Amar é permitir ao outro voar e querer voar junto.
"Pintam o amor cego e com asas: cego para não ver os obstáculos e com asas para voar por cima deles."


->Dedico essa curta postagem a dois grandes amigos meus que, separadamente, fazem uma diferença enorme na minha vida e em meus instáveis estados de humor, Rodrigo e Bueno. Especialmente ontem ambos me ajudaram muito, embora talvez sintam que eu não os permiti me ajudar ao máximo.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Utilidade pública: Ônibus!

Estou há algum tempo planejando escrever sobre esse tema, sempre prorrogo, hoje chegou a hora!
Quero deixar claro que esta foi apenas uma forma diferente de abordar o tema, e que deixarei de lado qualquer discussão quanto as atitudes governamentais ou os preços abusivos. É uma crítica de cidadã para cidadãos usuários do transporte público (visando especialmente aos ônibus, já que são a única opção da minha cidade).

REGRAS DE BOA CONVIVÊNCIA: EM ÔNIBUS

1- Como numa casquinha de sorvete ou num churros, ao entrar dirija-se para o mais longe da entrada, ou seja, encaminhe-se para o fundo do ônibus, afinal muita gente pode ainda entrar.

2- As saídas devem estar sempre acessíveis. Em caso de muita gente, mantenha-se próximo às portas apenas quando estiver para descer.

3- Nem todo mundo alcança nas barras do teto do ônibus, muito menos na cordinha para solicitar paradas, por tanto, dê espaço para as pessoas mais baixas (ou que possam ter dificuldade de erguer os braços, como idosos, pessoas com crianças no colo ou sacolas nos braços) segurarem nas barras que ficam presas às cadeiras e permita fácil acesso aos botões.

4- Cada pessoa tem uma vivência diferente e pode estar com um diferente estado de humor, respeite! Ou seja, ouça música só para você, converse num volume que não perturbe que não participa da conversa, evite demonstrações exageradas (como carinhos "calientes", ou discussões acentuadas)...

5- Cuidar da sua higiene pessoal é muito louvável, assim como não exceder no uso de perfume. Contenha os cheiros (bons ou ruins) que seu corpo passa liberar, ninguém é obrigado a senti-los.

6- Seja educado: prestativo, se possível, e respeitoso! Além de ceder lugar àqueles que precisam mais que você (seguindo a Lei, inclusive), não lhe mataria oferecer para segurar a mochila, os livros ou as sacolas de alguém que esteja em pé. Não custa tanto esboçar um sorriso educado ao motorista (até mesmo cumprimentar com "bom dia", por exemplo) ou a algum passageiro menos retraído. E evite bater ou encostar mais do que o necessário nos outros.

7- Tenha bom senso a abertura ou fechamento das janelas! Ninguém quer ser molhado dentro de um ônibus, mas não podem todos sofrer com calor, falta de circulação de ar, e ambiente extremamente propício a transmissão de vírus, porque quem está próximo a janela sente um pouco de frio ou teme alguns pingos.

8- O trânsito é instável, ninguém quer cair ou esbarrar, mas todos estão sujeitos a estes males. Tenha paciência e não ridicularize uma pessoa que por ventura caia, segure-se para não cair ou esbarre em alguém por algum movimento brusco do ônibus.

9- Cuide de seus pertences e proteja os outros de inconvenientes causados por suas coisas. Se não pode guardar seu guarda-chuva molhado, ao menos não molhe ninguém. Se carrega consigo algo que não pode não ser bem visto por uma parte da sociedade (como material erótico/pornográfico ou drogas) mantenha fora da vista dos demais. Essa regra também pode ser aplicada ao cuidado com as crianças, não permita que importunem desconhecidos ou lambuzem o ônibus.

10- Não estrague e não deixe que estraguem qualquer coisa de um ônibus.Cuidado com os assentos, as lixeiras, as janelas, não jogue lixo no chão ou prenda por aí, nem permita que alguém faça algum tipo de vandalismo dentro dos ônibus.

11- Dê o exemplo! Procure não criar confusão ou discutir com desconhecidos, apenas faça o correto e oriente educadamente quando for realmente necessário. Lembre que as pessoas são diferentes, que para alguns a forma com que você se expressa pode parecer mais rude do que era sua intenção, que há muita gente violenta, e principalmente, que as pessoas não precisam presenciar cenas desagradáveis.

Talvez precise de muito mais para melhorar o transporte coletivo, no entanto, parece evidente que essas regras tão lógicas ao bom senso trazem benefícios!

Cidadã joinvilense: Ana Kita.

Amar sempre foge a regulamentos - Ana Kita

Não conheço seus olhos, embora eu saiba o que vê, o que chama sua atenção, a intensidade do seu olhar, os motivos que o levam a chorar, e sinta minha alma nua a eles. Não ouço sua voz, ainda que eu conheça o que diz, as gírias que usa, a necessidade de seguir sua verdade, discorde de algumas ideias e admire muitas outras. Tão pouco sinto o calor do seu corpo, embora tenha me apaixonado pela energia que me passa; ou o toque de suas mãos, ainda que constantemente me sinta acolhida por você.
O amor é cheio de contradições. Ciúmes, distância e tempo, quando acontecem em grande quantidade acabam com uma relação, quando estão em pequenas porções aumentam o que une o casal. Talvez haja tantos amores não compreendidos por essa falta de conhecimento, as pessoas preferem não ceder às pequenas discordâncias, não aceitar os pequenos defeitos, nem aprender com as diferenças. Por isso, perdem seus relacionamentos ou nem se permitem vivê-los. Obviamente isso não faz com que não amem ou nem desejem serem amadas. Quando aprendem as necessidade da convivência, descobrem que o amor não pode ser o único sentimento para que um relacionamento perdure. Outros sentimentos - como o respeito, a paciência, a compreensão, a honestidade, a empatia, o carinho - são tão essenciais quanto a paixão ou o amor.
Por favor, permitam-se serem amados e amem.


"Eu não posso prometer que nenhuma vez serei inseguro ou cauteloso, mas eu digo que estou disposto a fazer dar certo" CSI: Nova Iorque (3ª temporada)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Dias chuvosos...

As coisas não são piores ou melhores do que a forma como você as vê.

Podia ficar lamentando a chuva que cai, chorar, reclamar com os céus... Faça-o se lhe trouxer algo bom. No entanto, você sabe que não trará. Não sou hipócrita de dizer que a chuva é sempre uma dádiva, sei que pode causar muitos estragos. Mesmo no meu dia-a-dia muitas vezes ela não é um auxílio para sorrir, perco o ânimo ao enfrentá-la até a faculdade, por exemplo.
Eu só gostaria de compartilhar com quem puder abrir as janelas do coração que a chuva tem beleza. Ouça o som, parece uma sinfonia de amor. Veja as plantas, são regadas e alimentadas, crescem perante a chuva, florescem, ganham mais vida. Aguarde o sol depois da chuva, e deslumbre-se com o arco-íris. Tome banho de chuva, quando ela não estiver forte, e sinta a deliciosa sensação do seu toque molhado.
Só você pode fazer das coisas mais difíceis motivos para o seu sorriso. Eu peço que se esforce, vale a pena visualizar o arco-íris da felicidade.


->Dedico esta postagens aos joinvilenses, que muito conhecem a chuva.

Peço aos leitores que procurem o entendimento em seus corações e não em minhas palavras.

domingo, 25 de abril de 2010

Só mais um vez. ;x

Em dias como hoje penso que gostaria de mudar algumas coisas da minha história. Não me arrependo realmente. Não cometi erros grosseiros ou pecados imperdoáveis. Mas, em dias como hoje, sofro por ações passadas que embora eu tente consertar não consigo apagar a dor no presente.
Sempre tenho a sensação de que não devo me culpar pelas coisas que dão errado quando elas envolvem outras pessoas. Sempre me responsabilizo por essas coisas (ainda que não totalmente).
Sentir-me mal não ajuda em nada, o melhor que faço é refletir sobre, pedir ajuda se necessário e fazer com que os demais envolvidos também reflitam. Por algum tempo hoje pude acreditar numa mudança, agora só me resta esperar.

"O tempo é para o amor como o vento para a chama. Se forte apaga, se suave aumenta."

Não busque entender um desabafo!

Eu não pedi a alguém que entendesse. Nem a um leitor desavisado, nem ao destinatário. Ao fim desse desabafo é provável que eu ainda esteja tentando compreender.

Querido refletor,
hoje, 25 de abril de 2010, escrevo-lhe uma carta virtual, embora não eu lhe envie, quem sabe um dia eu lhe diga que está aqui postada. Meu objetivo está longe daquele comum intuito das cartas, contar as coisas da vida, relatar os últimos acontecimentos, pedir notícias, mandar lembranças. Talvez acabe eu passando por algum desses prosaicos itens, mas tenha como certo que meu propósito é compartilhar o que sinto.
Sei que está tão confuso quanto eu. Tenho a mais absoluta compreensão de que ao dividir contigo minhas dúvidas e desapontamentos, criei, sem a menor intenção, uma mágoa em você que nem é capaz de compreender. E lamento. Lamento tanto que não encontro palavras que possam expressar o quanto gostaria de me redimir. Se escrevo mesmo com a manhã nascendo é justamente para que nenhum dos meus sentimentos mais sinceros se percam com o sono, e eu possa fazer o que mais desejo. Anseio que meu desabafo mais honesto possa penetrar em seus sentimentos como alento, que veja em dúvidas tão semelhantes às suas uma alma que pode lhe dar conforto. Se depois de ler ainda não encontrar em minhas palavras nenhuma alegria, se em minhas confissões não enxergar seus sentimentos, perdoe-me e procure aceitar que minha intenção era positiva.
Recordo-me bem das primeiras vezes que meus olhos brilharam motivados por você. Você não supunha minha existência e eu já o admirava a distância, devorava suas palavras, identificava-me com suas insatisfações, deslumbrava-me com sua verdade. Apreciei anonimamente por algum tempo, até que a vontade de lhe conhecer fez com que eu criasse coragem para me aproximar. Confesso que eu pouco imaginei sua reação, mas temi demais qualquer palavra negativa que pudesse me dizer. Surpreendi-me com sua receptividade e meu constrangimento contando como "descobri" você. Confirmei em nosso primeiro contato sua admirável espontaneidade e meu desejo de conhecê-lo só aumentou. Cada dia, a cada palavra, eu só tinha mais curiosidade, sentia-me mais a vontade, e sempre mais interessada. Algumas vezes julguei-me inconveniente e demasiadamente subjetiva, porém, não posso me conter a receios tratando de você, pois sua verdade e liberdade estimulam e atraem a qualquer um (ainda mais a mim).
Junto aos primeiros indícios de que a admiração que me levava a você havia se estendido a você se manter próximo a mim, apareceu um sentimento maior que qualquer admiração ou encantamento, talvez se tratasse de uma cumplicidade, fosse o que fosse, ambos sentíamos e fazia-nos muito bem. Minha vontade aumentava em proporções inenarráveis e sua necessidade de compartilhar admiração a meu respeito também. Eu costumo dizer - com diversas motivações - que reciprocidade é o caminho, em nossa história também. Estávamos em tamanha sintonia que embora sentíssemos um imenso prazer em verbalizar as sensações compreendíamo-nos nas mais suaves metáforas. Eu não encontrava palavras suficientes para descrever o bem que me fazia, você usava todas as palavras para me dizer o quão feliz eu lhe fazia.
Não teria como uma troca tão pura de sentimentos tão bons não desenvolvesse uma linda história. Construímos a cada gentileza, a cada bondade, a cada carinho, uma poética história de honestidade e... Por que não dizer amor? Sim, em uma de nossas tantas palavras sinceras surgiu uma menção da sua parte sobre amar. Não digo que dentro de mim não houvera antes a ideia de ser amor, o certo é que ao receber a verbalização dessa possibilidade, amar dominou meus pensamentos. Amar... Amo? Ama? Amor! O amor predominou minha mente, minha ideias, minhas palavras, meus sentidos, meus sentimentos.
Você entrou na minha vida por acaso, e agora, totalmente consciente do que fazia aproximou nossas vidas. Podia eu ler sobre a Segunda Guerra ou assistir ao mais ridículo filme de ação que você continuava comigo. Um garoto qualquer que tivesse seu nome, ou mesmo a sombra de uma árvore levavam-me a você mais rápido do que eu podia controlar. Meus textos, meus amigos, minha mãe, todos notaram sua aparição no meu dia-a-dia, muitos desconheciam de quem se tratava, alguns buscavam entender, outros não achavam possível, no entanto, a conclusão era unânime: Eu estava amando! A poucos compartilhei de quem se tratava, a menos ainda dividi que havia recíproca. E só dei por mim quando vi que não era única na sua vida. Como eu poderia ser? Você não teria caído na Terra no dia que lhe conheci, sem memória, sem laços. Você não desapareceria quando não estivesse interagindo comigo. Você tinha passado, vivia um presente, e planejava um futuro. Devia eu me contentar em ser parte da sua vida e aceitar meu espaço? Não questionei-me e continue com minhas verdades.
Hoje vejo que só cabe a nós dois indagarmos sobre nossa história, refletirmos sobre os eventos já sucedidos e planejar os seguintes. Não podemos controlar o que sentimos, no entanto é a forma como lidaremos com nossos sentimentos e que importância daremos a eles que fará toda a diferença em nossa vida. Não façamos isso separadamente. Compartilhemos dúvidas, ansiedades, e temores. Exponhamos nossas insatisfações, nossas frustrações e objeções. Deixemos claros nossos sonhos, objetivos e expectativas. Sejamos honestos com nós mesmos e com o outro. Penso que somos muito parecidos, embora com nossas peculiaridades que tantos nos atraem, portanto não temos muitas estratégias para esconder nossas sensações e somos livres para expressar todas nossas emoções.
Estou certa que amo, com todas minhas dúvidas, você, com todas suas dúvidas. Se não pudermos sanar todas, podemos ao menos acalmar nossos corações angustiados.
Com todo meu carinho sincero, Ana.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Sobre cheiros e paixões...

Oh, pobres seres suscetíveis!
Leitor amigo, fecha a página! Não perca mais do seu precioso tempo, lendo as barbaridades de uma mente juvenil. É o perigo da paixão que lhe cerca, a garota que lhe escreve não é muito mais do que um humano dominado por seus sentimentos. Se a juventude é cheia de hormônios, se o apaixonado é fantoche de sentimentos hormonais, quem lhe escreve não é mais do que um amontoado duvidoso de hormônios. Por que continua a ler? Amigo leitor, é também um apaixonado? Se for assim então nos entreguemos a eles. E viva a paixão!

Oh, adorável sensação voluptuosa!
A paixão é velha conhecida da literatura, é a amiga mais presente entre os jovens, é o assunto mais habitual entre as garotas que compartilham intimidades, é o sentimento mais buscado pelos solteiros que anseiam por relacionamentos. Tema dos poemas, tema dos romances, tema dos embriagados, tema dos enfermos, tema das novelas, tema dos filmes, tema das músicas... Tema dos casais de uma dança, de uma noite, de uma semana, de um mês, de uma temporada, de dois anos.
Muitos afirmam que a paixão tem prazo de validade, que não ultrapassa dois anos. Dois anos! Dois anos é tempo demais para pensar numa pessoa, é tempo demais desejando uma pessoa, é tempo demais se compartilhado com uma pessoa. É certo que ao fim de dois anos de paixão a pessoa entrou para sua história sem que a possa tirar. O relacionamento há de acabar, embora as lembranças se perpetuem.

Oh, fugaz sentimento afetuoso!
Não poderia eu desmerecer a paixão. Justamente eu, tão sensível e admirada quanto a capacidade dela em trazer ora alegria, ora angústia. Efêmera é. Prazerosa é. Erótica pode ser. Prevê-se que seja mais corporal que mental, estuda-se que esteja relacionada aos sentidos e aos hormônios. Compreendo que a paixão seja mais uma das avassaladoras sensações que temos, embora de suas razões sejamos meros espectadores.

O cheiro do outro - seja o perfume, o suor, os feromônios que libera -, o contorno do corpo, o brilho do olhar, o toque das mãos, o jeito que anda, o timbre da voz, as gírias do seu vocabulário, as covinhas do sorriso, o gosto do beijo, o calor da pele, a intensidade das carícias, os pontos sensíveis ao prazer, as piadas internas, os lugares em que estiveram, as histórias que compartilharam, os apelidos que criaram, as pessoas que conheceram, as músicas que ouviram ou cantaram, os filmes aos quais assistiram, os assuntos que discutiram, as ideias que concordaram... A paixão pode ser o começo de uma história de amor, uma passagem bem vivida da história de duas pessoas, ou uma teoria envolvente. É certo que só quem sente pode descrevê-la.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Entre pensamentos solitários - Ana Kita

"Estava eu sozinha mais uma vez. No meu mundo só havia uma garrafa de água, barras de chocolate e meu teclado. Tudo que eu sabia era escrever, comer e beber. A água me permitia continuar chorando, o chocolate tentava acariciar minha tristeza, e tudo que eu escrevia eram minhas dores entre lágrimas. Gostaria de entender o motivo que me mantinha sofrendo, descrevendo tão intensamente toda minha dor, sabendo que não me fazia melhor, mas permanecendo ali.
O telefone tocou. Fiquei olhando o visor, onde estava escrito: "Gabriel chamando". O que significava aquilo? Assim como o anjo ele me traria alguma notícia? Seria ele quem me tiraria daquela rotina lacrimosa? Atendi. Conversamos por alguns minutos. Eu não fui mais do que simpática, mas ele, ele foi sedutor. Achei que nunca mais ouviria sua voz, mas não só a ouvi, como fui cantada por ela. Convidada para sair e até presenciei um pedido de desculpa com uma declaração. O que ele queria? Realmente me livraria da dor ou estaria brincando comigo?
Dois dias depois da ligação, como havíamos marcado, saímos. Ele estava muito bonito, foi muito gentil, até nos divertimos. Até que num determinado momento, olhei em seus olhos e não vi nada. Eu o amava, o amava como no começo, admirava suas qualidades, conhecia seus defeitos, sentia-me realizada ao seu lado. E ele? Ele parecia apático a todo sentimento. Eu era apenas a mais próxima, talvez a mais fácil. Ficaríamos dias ou meses sem nos ver, então ele voltaria a me procurar, iríamos nos encontrar, e assim ciclicamente.
Por quê? Por que eu o amo? Por que ele não retribui? Por que eu sempre volto a sofrer? Por que eu não aprendo a lição dessa história? Por que eu não sigo em frente? Por quê? Adoraria ter respostas, mas se eu possuísse tanto conhecimento sobre ele e sobre mim, desejaria loucamente saber como conquistá-lo. Ainda sou imatura, ainda o amo, e talvez por essas mesmas razões eu ainda sofra."
Joinville, 10 de maio de 2009.


Eu estava querendo postar algum texto de minha autoria que eu achasse bonito, foi quando encontrei este no meu computador. Eu tenho o costume de junto ao título deixar uma marca quando - por mais fictício que o texto possa ser - vejo algum traço da minha história (o que no blog marco como "pessoal"), e este tinha. Não acho que estive completamente equivocada com meus sentimentos quando escrevi esse pequeno texto, no entanto, confesso que hoje não consigo afirmar com certeza quem me inspirou a escrevê-lo.
É engraçado como o tempo pode transformar o que sentimos, transformar nossas lembranças e especialmente quem somos. Julgo engraçado também que este texto hoje me remete a outras histórias, histórias que em maio de 2009 eu ainda não tinha vivido. Parece que é assim mesmo a vida, surpreendente e mutável.
Ainda bem.

Canção: Às vezes nunca - Engenheiros do Hawaii

Composição: Humberto Gessinger

Tô sempre escrevendo cartas que nunca vou mandar
pra amores secretos, revistas semanais e deputados federais
às vezes nunca sei se "AS VEZES" leva crase
às vezes nunca sei em que ponto acaba a frase

Você sempre soube (eu não sabia)
toda frase acaba num riso de auto-ironia
você sempre soube (eu não sabia)
toda tarde acaba com melancolia

E, se eu escrevesse "SEM" com "S", ou escrevesse "CEM" com "C"?
Por acaso faria alguma diferença?
Que diferença faria?
O que você faria no meu lugar
se tivesse pra onde ir e não tivesse que esperar?
O que você faria se estivesse no meu lugar
se tivesse que fugir e não pudesse escapar?

Você sempre soube que eu não conseguiria
quando a frase acaba tarde, tudo fica pra outro dia
você sempre soube (eu não sabia)
toda tarde acaba em melancolia

às vezes não entendo minha própria letra
minha própria caneta me trai
às vezes não entendo o que você quer dizer quando fica calada
você sempre soube (eu não sabia)
quando a frase acaba o mundo silencia
às vezes não entendo onde você quer chegar quando fica parada

é como ficar esperando cartas que nunca vão chegar
não vão chegar com "X", nem vão chegar com "CH"
é como ficar esperando horas que custam a passar
enquanto ficamos parados, andando pra lá e pra cá
é como ficar desesperado de tanto esperar
olhando pela janela até onde a vista alcançar
é como ficar esperando cartas que nunca vão chegar
é como ficar relendo velhas cartas até a vista cansar
você sempre soube, eu não sabia
você sempre soube, eu não sabia
você sempre soube, eu não sabia
você sempre soube, eu não sabia
você sempre, eu não
você sempre, eu não
você sempre, eu não sabia

-> Dedico esta postagem ao meu querido amigo Junior (já anteriormente mencionado), que me apresentou não só essa música, mas o incrível álbum em que ela aparece. *-*
Faixa 11 do álbum do Engenheiros do Hawaii: "Filmes de Guerra, Canções de amor" (1993)

sábado, 17 de abril de 2010

Falsa mãe - Ana Kita

Meus pais eram boas pessoas, não faziam mal a ninguém, pelo contrário, ajudavam nossos vizinhos na baixa temporada turística. Minha irmã era ainda um bebê, nem poderia ter causado algum problema. Então, por quê? Se alguém puder: me diga por que razão a natureza os matou? Não posso ver qualquer motivo que seja. Não pode haver motivo para a natureza deixar a mim órfão e fazer minha família pagar com a vida.
Meu pai era pescador, sim. Um pescador humilde, retirava do mar somente o necessário para sustentar a família e auxiliar a comunidade - não tinha grandes ambições, nem desrespeitava o defeso. Se meu pai que usava os frutos dessa tal "mãe" natureza protegia a procriação dela, teria ela o direito de levá-lo deixando a mim sozinho?
Um tempestade. Uma tempestade na maré cheia foi o suficiente para destruir as casas e matar muitas pessoas. O que eles fizeram? O que eu fiz? Todos nós - humanos - sabemos o quanto somos inferiores a grandiosidade da natureza. Mas, agora está certo que - ao menos - nossa comunidade é incrivelmente mais justa e respeitosa do que a natureza que nos cerca. Temos compaixão, respeito e senso de justiça, damos alento e ajuda aos que necessitam. Enquanto a natureza dificulta nossa vida, tira-nos quem amamos, destrói nossos lares, extingue nossas esperanças.
Maldita tu és, Natureza! Pensava que eras mãe, que - como a minha - protegias não só teus filhos, mas de todos os infortunados. Enganaste-me! Tu és grande, porém perversa. Levaste meus pais e minha irmã, destruíste todas as casas. Agora ainda nos negas teus frutos que nos alimentam. Podes também me matar! Lamento por ti que jamais poderá conhecer o amor de um filho, pois não sabes amá-los.

Feito no Persona - 16/04/2010

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Desembarcar é preciso - Ana Kita

Depois de alguns anos criando, sonhando, planejando, e até me relacionando descobri que estive errada. Eu acreditava plenamente que o pior num relacionamento era o término. Hoje vejo que não. Os relacionamentos que mais me magoaram não tiveram término, claro que não foram eternos, apenas os envolvidos foram se distanciando, perdendo contato e posteriormente entraram em novas relações. São esses finais - não declarados - os mais dolorosos.
Pode parecer muito duro ouvir aquelas palavras assustadoras como "podemos ser amigos" ou "quero que você seja feliz com alguém que lhe mereça", mas elas põem um ponto final. Você pode ter esperança por algum tempo, pode chorar alguns dias, comer muito chocolate ou sorvete, só querer dormir, até que um dia você acorda e percebe que não é tão ruim. Você aprendeu muita coisa, terá sempre boas lembranças a recordar, e já é hora de recomeçar.
Agora os finais abstratos, esses que só percebo pelos dias que passaram e não nos vimos, pela falta de telefonemas, por novos depoimentos no orkut que substituíram os meus. Estes sim, criam dores fortes e duradouras. Eu fico imaginando o dia em que nos falaremos, eu fico aguardando uma justificativa para sua ausência, eu faço de tudo para que a esperança não morra. Eu lhe procuro, eu volto ao lugares em que nos víamos, esporadicamente lhe envio uma mensagem. Eu tento me agarrar às lembranças, às promessas, eu pergunto aos amigos sobre você, eu visito seu orkut. Enquanto não encontro nenhuma afirmação inegável de que não há mais nada entre nós, eu lhe espero. Quando finalmente chego a conclusão de que acabou, noto que acabou a muito tempo, e dói.
Antes fosse esse sofrimento apenas por sua ausência, pelas promessas não cumpridas, pelos planos que não realizaremos. Eu sofro por perceber que estive muito tempo me enganando, que fui fraca, que fui ingênua. Poderia você ter culpa nisso, custava aparecer e dizer que havia acabado tudo entre nós? Não sou tão boba a ponto de não perceber que quem mais errou fui eu. Eu tinha todos os indícios de que precisava, meus amigos diriam que eu tinha provas contundentes. Pareceu por algum (muito) tempo mais fácil adiar a conclusão, havia tanto prazer em esperar, em imaginar que tudo não passaria de uma fase distante. Não foi fácil, e hoje é ainda mais difícil aceitar a dor que eu mesmo me proporcionei. Estive me enganando, perdi tempo. A vida ali fora continuou, passou ainda mais rápido, até você já encontrou alguém para compartilhar seus sonhos. Só eu continuei como se congelada no tempo. Esperando por algo que não voltaria.

Está na hora de perceber que sou eu quem decide minha vida. Sou eu quem me permite embarcar, seja num navio bonito e seguro, seja em canoas furadas. Sou eu quem opta por abandonar o navio junto aos tubarões, ou quem percebe que um colete salva-vidas pode não ser desnecessário. Sou eu quem diz aos tripulantes que eles podem partir, ou quem os amarra fazendo com que sejam tão inúteis quanto se não estivessem navegando. Sou eu quem decide a que ventos posicionar as velas, ou navegar à deriva. Sou eu quem escolhe naufragar na tempestade ou pedir ajuda.

terça-feira, 13 de abril de 2010

13 de Abril - Dia do Beijo


A princípio eu optei por ignorar a referência que encontrei, acredito que no Twitter, ao "Dia do Beijo". Em seguida, vi mais algumas pessoas citando, e pesquisei no prosaico Google, nem cheguei abrir ou buscar a finco sites que pudessem me explicar o porque da escolha da data. Seria tão inútil quanto buscar historicamente os primeiros beijos e qual objetivo havia.
Sei que muitos historiadores afirmam ter provas de coisas que acho completamente inútil, e não só inútil de não haver serventia no saber como foi ou como era. Esse inútil me soa mais amplo, é uma inutilidade também no sentido de ser ignorância julgar-se apto a compreender as razões de pessoas que viveram em épocas tão diferentes a nossa.
Decidi, enfim, fazer mais uma postagem hoje, e nesta falar desse ato - como era de se imaginar farei pouco caso da anatomia - tão bem quisto à maioria de nós (humanos).



"O verdadeiro beijo não se trata do encontro de dois corpos, mas de duas almas"


Muita gente considera como melhor beijo aquele apaixonado, eu discordo. O melhor beijo é aquele que tem por motivo o amor. Sou eu também uma admiradora do apaixonado e envolvente beijo na boca, no entanto, prefiro ir além.
O beijo de um pai à sua filha, do filho à mãe, do irmão à irmã, da neta ao avô, da tia ao sobrinho, do padrinho à afilhada, da prima ao primo, do amigo à amiga... Não teria tamanha doçura? O beijo na bochecha, na testa, na mão, no pescoço, na orelha, no ombro, no seio, no ventre, na coxa, no sexo... Não teria tamanho prazer? O beijo de esquimó, de borboleta, o selinho, o roubado, o chupado, o escondido, o assoprado, o mordido... Não teria tamanha paixão? O beijo que digito, o beijo que digo, o beijo que escrevo, o beijo que envio, o beijo que imagino... Não teria tamanho sentimento?
O beijo é dos carinhos o mais recíproco. Você se dá e recebe o outro. No beijo você pode apenas transmitir carinho ou excitação, pode ser apenas aquela estranha troca de salivas, contato entre lábios e línguas. O gostoso mesmo é entregar-se, é transmitir amor, é receber amor, é trocar sentimentos e experiências, demonstrar ora afeto, ora atração, ora amor, ora tesão, é gerar prazer e desejo, é tentar seduzir, é permitir-se envolver, é fazer declaração.
Há tantos poetas que citam o beijo. A escultura de Rodin, a pintura de Klimt, o poema de Drummond, a cena de George Peppard e Audrey Hepburn (em "Bonequinha de Luxo"), o seu primeiro, o esperado "pode beijar a noiva", o meu próximo. Beijo é pura poesia do amor!


"A melhor definição de amor não vale um beijo de moça namorada." Machado de Assis
Ontem durante a aula de Teoria da Literatura veio a mim - tão forte quanto uma tempestade - a reflexão que me faz escrever nesse momento, e compartilhar aqui...


"Se escrevo o suicídio de alguém, talvez passe a se tratar de um homicídio. É a mão que cria quem mata. O ser que morre não passa de uma vítima da criatividade - por hora fúnebre.
Se escrevo um amor guardado por anos que por fim é vivido, influencio a mente leitora a sonhar com a possibilidade de aguardar e encontrar o pote de ouro ao final. E se for só o caso fictício? Escrever teria o poder de modificar as mentes leitoras a ponto de serem pacientes e ao fim se permitirem?
Se escrevo minha história com uma visão romantizada - em que a dor não é tão cruel, e o aprendizado é mais acessível - mudo um pouco também minha visão futuramente. Passo a ver meu passado como algo bonito e muito útil, as dores que tive se tornam pequenas, compreensíveis e aceitáveis, suaves lembranças educacionais. A escrita da história de outra pessoa com um novo final pode fazer a mente leitora (que nem se quer conhece o verdadeiro passado) também suavizar e compreender seu próprio passado?
Sou a mente criativa que comanda a mão. Sou a dominadora das palavras que podem tão facilmente influenciar as mentes abertas (ou cruelmente consideradas, fracas) que lerem. Começo a descobrir que sou tão vítima das palavras quanto quem apenas as lê. Não posso eu descrever tudo que sinto, não tenho esse poder por completo. Não posso eu determinar como será compreendido ao ser lido. Não posso eu fazer escolhas além do que vivo e sinto. Ainda quando não participo do texto, ainda quando só imagino ou pego a imaginação de outro, ainda assim sou eu o ser dominado. Sou eu quem se rende às palavras e minha mão torna-se apenas uma ponte em suas mãos.
Mente leitora, perdoe-me a repetição embora variação de significados.
Se for para escolher entre me julgar corajosa ou covarde. Opto por coragem. É coragem manter-me escritora, embora ao escrever me pareça covardia essa total rendição às palavras. Uma mente leitora afável poderia dizer-me: Talvez ao escrevermos não tenhamos opção. Poderia estar certa, no entanto, neste caso, permaneço na ignorância da causa. Apenas escrevo." Ana Kita

->Dedico esta postagem a vocalista de "Os Impublicáveis", Carol. Que ontem fez um afável comentário sobre minha capacidade de transcrever sentimentos em palavras.

domingo, 11 de abril de 2010

Estímulo coletivo

Para começo de conversa: peço perdão! Havia lançado o desafio de dois comentários ou apresentação da (até então) visitante diária anônima, como "prêmio" uma postagem estimulante no sábado. Infelizmente o estímulo a mim não surgiu tão forte em termos literários. No entanto, essa madrugada inspirações chegaram mais forte que qualquer coisa. Espero que essa postagem eu possa me redimir um pouquinho. ;)


"Talvez a felicidade esteja em todos e em cada um. É o coletivo que espontaneamente libera pacotinhos dessa magia. A música, a paixão, o conhecimento, a imagem, a cena, o texto... São meros figurantes dessa peça que ninguém nos convidou, que se desconhece a duração, e que tanto suspeitamos (exigimos e especulamos sobre a existência) do diretor.
Temos autonomia (livre-arbítrio) para decidir o cenário, a trilha sonora, e como a iluminação nos afetará. Os demais atores aparecem e nem sempre terminam conosco, mas a importância de seus personagens cabe tanto a eles quanto a nós. Decida com atenção - orienta frequentemente o diretor.
Cuidado com o fechamento das cortinas - já dizia o grande personagem Chaplin. No entanto, eu sugiro que não perca a hora de atuar. Seja a sua primeira cena ou o ato final o importante é atual!" Ana Kita
Escrito de um guardanapo, com a caneta do garçom, sob olhos atentos de admiradores e curiosos, datado em 11/04/2010 - 02h10.
Joinville, Bovary Snooker Pub (Show da banda "Os Impublicáveis").



"Escrevo-lhe hoje esta carta porque gostaria que tivesse estado comigo esta noite.
Escrevo-lhe, na verdade, pela incoerência desse desejo. Como posso desejar a presença de alguém que está comigo o tempo todo? Desde nossa primeira troca de olhares (há mais de um mês) nada nem ninguém pode afastá-lo de mim. Você está comigo tanto quanto as unhas que crescem em meus dedos, tanto quanto meus cabelos (que agora os detenho presos), tanto quanto as lembranças de minha vida quase inteira. Você está sempre comigo, e ainda se surpreende quando lhe confesso algum pensamento a seu respeito no meio da semana.
Tolo desejo, diria um cético. Bobo desejo, digo eu.
Compreensível, ainda que bobo. Meus olhos só ganham alento quando encontram os seus (fosse alento durador eu ainda estaria sob seus efeitos). Minhas mãos só aquietam-se quando as suas tocam-nas.Minhas palavras só se tornam vagas e nada explicativas quando falam do que sou ao seu lado.
Embora não pareça fazer sentido, esta foi uma noite muito divertida. Estive com pessoas adoráveis, num ambiente agradabelíssimo (considero o melhor pub da cidade, que curiosamente é no lugar onde ficava o pub de que eu mais gostava), ouvindo músicas apaixonantes - executadas por uma banda incomparável (indicação de melhor banda de rock de Joinville: Os Impublicáveis)-, vestindo uma roupa admirável. E a falta que me fazia? Era incalculável. Já a sinto todo o tempo, mas inacreditavelmente a cada acorde do baixo a falta era intensificada.
Queria eu ter o poder supremo das palavras e poder transcrever a sensação de bem estar que a noite me trouxera. Queria eu que esse poder fosse capaz de descrever a energia daquele ambiente nessa noite. Queria eu que você estivesse comigo." Ana Kita

->Dedico esta postagem ao meu querido amigo e baixista da banda citada, Junior, e sua amável namorada, Daia.

sexta-feira, 9 de abril de 2010


Por hoje dormirei sem saber.
Só por hoje assumo sem mais delongas que não sei.
Nas aulas de Filosofia dissemos que o pensamento crítico (filosófico) inicia com a negação do que sabemos, só a partir da compreensão de que "nada sei", posso descobrir o mundo de forma racional e coerente.
Quem quer ser coerente!? O amor não é cheio de contradições e incoerências!?

Hoje tive uma palestra que era na verdade do "Mestrado em Patrimônio Cultura e Sociedade", mas meus professores de Filosofia e Metodologia da Pesquisa em Educação consideraram enriquecedor e relacionado com o que veremos.
Não consegui fazer tal conexão. Mas, gostei da palestra especialmente a parte do Professor e Doutor Rodrigo Bastos (arquiteto, nascido em Goiânia, estudou na UFMG), ainda que a temática tenha sido mais histórica e artística, alguns conceitos caíram a mim como luva.
Culto originalmente, acredito que no século XVIII, tinha o significado de correto, metódico, organizado.
Elegante originalmente, acredito que por volta do século XIX, tinha o significado relacionado a eleger, ou seja, escolhido, melhor escolha e com utilidade.





Desafio: Dois comentários nessa postagem de pessoas diferentes e/ou visitante diário anônimo se apresentar, eu faço uma postagem amanhã ou sábado bem estimulante...

quinta-feira, 8 de abril de 2010


Há tanto a se aprender. Há tanto (ou ainda mais) a se ensinar. As atuais e futuras gerações não devem perder o gosto pela leitura, não devem esquecer ou nem conhecer o toque de uma página repleta de poesia. O brilho das estrelas sem qualquer luz artificial, o som do mar sem ser atropelado pelo ruído dos carros, os líquens vermelhos das árvores, o arrulhar dos pombos, a inocência das crianças, a experiência das longas histórias dos idosos, os desenhos das nuvens, a chama das velas, as canções e histórias assustadoras ao redor da fogueira, a força das cachoeiras, o sabor da fruta roubada do pomar do vizinho, o projeto de uma casa na árvore... É disso que precisamos para fazermos da vida: poesia!
Deixemos um pouquinho de lado a poluição do ar e deixemos o vento bagunçar o cabelo. Deixemos de lado os vazamentos de petróleo e aprendamos a boiar no mar. Deixemos de lado os carrapichos da roupa e andemos nas matas. Deixemos de lado a vergonha do ridículo e cantemos com toda emoção num show ou na missa. Deixemos de lado a incerteza quanto ao outro e confessemos nosso amor. Deixemos de lado o lambuzo do rosto e tomemos sorvete na casquinha. Deixemos de lado os lava rápidos e brinquemos com a mangueira num domingo de sol. Deixemos de lado o congestionamento e aproveitemos o caminho para ouvir uma boa música. Deixemos de lado a lotação dos ônibus e observemos a paisagem. Deixemos de lado a ansiedade pelo final e aproveitemos cada palavra.

quarta-feira, 7 de abril de 2010


Nesses dias de outono em que o frio surge como uma benção, fico a pensar nas pessoas, naquelas pessoas que passam, e que pouco deixam. Há tantas pessoas. Você pode se lembrar da voz de sua primeira professora? Lembra-se do nome do atendente do supermercado na última compra? É capaz de dizer a cor dos olhos do último estranho que ganhou sua atenção na rua? Eu não. Minha memória não é seletiva, mas muito se parece com cenas de cinema com efeitos para demonstrar ser um sonho. Esfumaçada, recortada e abstrata, minhas lembranças quanto a muitas pessoas não parece me fazer falta no dia-a-dia. Hoje se penso tanto nelas é pela necessidade humana de reconhecimento, de que sua existência marque se não for a história da humanidade, ao menos a história de alguém. Marcar a vida de alguém (positivamente) é uma dádiva, uma alegria, e uma experiência memorável.

“Se você não pode ser alguém no mundo,
lembre-se que você pode ser o mundo de alguém”

Só considero possível marcar positivamente a história de alguém com amor, ousadia, sensibilidade, coragem, e eu diria uma pitada de sorte. Acontece naturalmente ao nascer, ao cruzar com uma pessoa na rua, no entanto, sem a mão do destino e nossa capacidade de transformar as relações humanas e nossos sonhos em realidade nada disso faria sentido. O amor maternal, o amor de um casal, o afeto entre irmãos, a compreensão entre amigos... São marcas inesquecíveis, eu diria que indescritíveis em sua totalidade, e contam com tanto do destino quanto de nós.



->Dedico essa postagem ao visitante diário e por hora anônimo que comentou na última postagem. Dedicação não pelo assunto, mas por me inspirar a continuar e ampliar o blog.

segunda-feira, 5 de abril de 2010


Eu digo aos meus amigos que tenho escrito pouco, é claro que comparado a muitos deles eu sempre estarei escrevendo muito. No entanto, é certo que desde a morte de meu pai já não escrevo tanto. Nos últimos meses não posso nem dizer que seja falta de inspiração, algumas palavras poéticas aparecem na minha mente, até postagens para este blog sem visitantes ocorrem-me. O que falta é o empenho em digitar, é a organização de reservar alguns minutos sem conversas virtuais, sonecas vespertinas, trabalhos da faculdade ou respostas no formspring, e usar meu tempo na internet para uma composição reflexiva. Foi pensando nisto que abri uma nova postagem - ao contrário do que normalmente faço, que é primeiro criá-la no Word - e ponho-me a digitar o que minha mente projeta e minha boca articula.

Mania engraçada esta minha de mesmo sozinha em casa, falar e depois digitar o que venho pensando.

Numa quinta-feira destas de março na aula de Filosofia estudávamos o início do pensamento filosófico, e no livro "Convite à Filosofia" de Marilena Chauí (por sinal, uma boa indicação a quem gosta da área) encontrei uma definição de reflexão que fugia dos meus conceitos sobre refletir, estes vinham apenas do senso comum. Para a autora, reflexão é voltar do pensamento a si mesmo. Como se refletir fosse uma atividade apenas da mente para o dono dela ou sobre ela, não defino certo ou errado, considero intrigante tal conceito.
Tão intrigante conceito me fez usar ainda mais a palavra reflexão. Quem me conhece sabe o quanto analiso as atitudes alheias, assim como meus amigos e confidentes (que não só me conhecem, como também me aturam) sabem que muito mais que analisar os outros - numa busca insana por repertório e conhecimento -, eu costumo questionar-me, analizar-me, imaginar meu futuro, criticar meu presente, recordar meu passado. Tudo isso e as coisas que não digo, segundo a filósofa Chauí, pode ser considerado realmente reflexão. E eu gostei. Antes de conhecer este conceito eu poderia ter escrito "eu costumo refletir sobre minhas atitudes", e depois dele, vejo que analisar minhas atitudes é uma das formas de refletir.
Termino esta postagem que se tornou extensa, dizendo outro conceito que adquiri nessas aulas de Filosofia. O conceito filosófico, segundo meu professor (Antônio Piva), de verdade. Verdade é a coerência entre o que pensamos, o que sentimos, o que falamos e o que fazemos. Não é interessante? As pessoas não dizem "verdade de fulano"? Assim há realmente várias verdades, sem que uma desminta a outra. Fica a reflexão.







Perdoem-me a ambiguidade.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Canção: Esperando Na Janela - Cogumelo Plutão

Composição: Blanch

Quando me perdi
Você apareceu
Me fazendo rir
Do que aconteceu
E de medo olhei
Tudo ao meu redor
Só assim enxerguei
Que agora eu estou melhor

(Refrão)
Você é a escada da minha subida
Você é o amor da minha vida
É o meu abrir de olhos do amanhecer
Verdade que me leva a viver
Você é a espera na janela
A ave que vem de longe tão bela
A esperança que arde em calor
Você é a tradução do que é o amor

E a dor saiu
Foi você quem me curou
Quando o mal partiu
Vi que algo em mim mudou
No momento em que quis
Ficar junto de ti
E agora sou feliz
Pois lhe tenho bem aqui

(Refrão)
Você é a escada da minha subida
Você é o amor da minha vida
É o meu abrir de olhos do amanhecer
Verdade que me leva a viver
Você é a espera na janela
A ave que vem de longe tão bela
A esperança que arde em calor
Você é a tradução do que é o amor

Quando me perdi
Você apareceu
Me fazendo rir
Do que aconteceu
E de medo olhei
Tudo ao meu redor
Só assim enxerguei
Que agora eu estou melhor
Estou melhor!