sexta-feira, 30 de março de 2012

Infância, adolescência e adultez

       Hoje andando 15 minutos a algumas quadras da minha casa me senti como há muito tempo não me sentia: adolescente, isto é, não adulto! Sabe? Sem tanta responsabilidade, preocupação ou sempre com pressa. Foi só uma sensação, eu não tinha muito tempo e estava indo imprimir um trabalho da faculdade. Mas, foi tão bom. O vento do outono no fim da tarde me fez pensar naquele típico clichê "que saudade da minha infância, aquele sim que era um tempo bom". Não que eu acredite que seja a infância tão melhor assim, talvez nem seja a melhor fase das nossas vidas, é normalmente apenas no fim da adolescência que tomamos finalmente "as rédeas". Não é isso que desejamos afinal? Sermos livres, independentes, escolhermos a direção? Talvez não, dá saudade justamente por não ter que escolher tanto, pensar tanto, planejar tanto, criar prioridades, economizar, ser racional, fazer dieta, dormir pouco, trabalhar muito, organizar o tempo... Ah, realmente não é fácil chegar na tão sonhada "fase adulta"! Acontece que é preciso passar por tudo isso, viver na agilidade e ingenuidade da infância, na tensão e transformação da adolescência, na atividade e correria da adultez, e, não sei ao certo, mas me parece que também na sabedoria e tranquilidade da velhice. É sim, é preciso viver. Desenvolver-se, aprender e ensinar.

Ana Kita

sábado, 17 de março de 2012

Cópia de livros e livros...

      Você, leitor, como eu já ouviu/leu sobre a análise política de as cópias de obras integrais serem liberdas para uso não comercial (ou seja, apenas particular)? Se não, faça como eu e leia um pouquinho no Blog do Galeano (eu li este e esse artigos).
       Tendo lido/ouvido ou não, pode ler agora um pouco da minha reflexão a respeito... Eu não sou nenhum nome de destaque da política (nem gostaria) ou da literatura (quem sabe um dia), mas é certo que faço parte dessa sociedade leitora que nem sempre tem condições de comprar os livros que gostaria. Estudante universitária do curso de Letras de uma instituição particular, pibiqueira (PIBIC, pra quem não sabe, quer dizer Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, portanto sou bolsista através da elaboração de uma pesquisa científica), aspirante e amante da leitura sou a típica pessoa que poderia adquirir um livro por dia. Não que eu seja uma rata de livros ou que os leia em tempo recorde, mas há sempre indicações que eu gostaria de conferir, clássicos que desejo possuir, teóricos que preciso conhecer e livros para meu prazer que me autorizo ler (risos, mas adorei a coleção "O diário da Princesa" e as obras que li de Paulo Coelho também me facinaram).
        Acontece que, para dar um exemplo prático, numa única disciplina do meu curso este ano o professor sugeriu três livros que seria bom possuirmos para embasar os conteúdos de sala de aula, consultar para pesquisas e ter em nosso acervo profissional, simplesmente cada um deles custa cerca de R$100! Bom, daí, você pensa: "ah, ela reclama de mais, vai fazer direito ou medicina pra ver!". Pode até ser, acontece que indiferente do quanto poderia ser mais caro ou serem mais livros, isso é apenas uma das 9 disciplinas que tenho este ano, e desculpa, trezentos reais não têm caído do céu para mim, não! Outro argumento seria "ah, nem todo professor sugere livros", sim, é verdade, alguns só fazem uso de artigos ou pequenos capítulos, sendo assim facilmente acessível na biblioteca ou na própria internet. Mas, sejamos francos, que aluno interessado em realmente aprender e ser um profissional de ponta pode se prender apenas às indicações e sugestões dos professores? Além de todos os livros exigidos ou sugeridos, têm os literários que se precisa conhecer para entender as teorias, aqueles que se gostaria de ler e os livros que serão usados em pesquisas a parte do currículo obrigatório. Afinal, tem pesquisa, extensão, ESTÁGIO, TCC! E vida, não é mesmo? Poderia, ainda, citar todos os index de textos de nossos próprios professores que nem sempre se resumem a umas poucas páginas, as pastas e portifólios exigidas para organização desse material, todos os trabalhos impressos... Tudo isso é dinheiro usado em pról direto da educação, há ainda transporte, alimentação, moradia, vestuário e lazer, né? Enfim, não estou reclamando, é muito gasto e, sem dúvida, muita dedicação, contudo o retorno é diário e contínuo, aprendemos, descobrimos, produzimos e teremos frutos por toda nossa vida.
        Tudo isso foi só um panorama da minha vida universitária, como exemplo de muitas outras, o ponto não é esse, mas já vou chegar lá. Os livros, especialmente teóricos, necessários para o ensino superior são caros, sim, isso é uma verdade e ponto. Mas, esse não é o único problema, em cidades-não-capitais as livrarias não costumam ter em estoque (pelo menos na minha área essa é uma verdade quase que absoluta, dos livros mais caros aos mais em conta, simplesmente não se encontra, a não ser encomendando e aguardaaando), os mais antigos - geralmente os mais conceituados e elogiados pelos professores - muitas vezes estão em falta ou mesmo esgotados - ou seja, sem previsão de retorno às livrarias. Assim, nos resta recorrer aos sebos, bibliotecas e acervos particulares. Sebos! Na minha cidade (novamente aquela questão de não-capital, principalmente não capital-cultural) não há tanta oferta de sebos, tampouco encontra-se uma grande variedade de livros clássicos ou teóricos, menos ainda os raros e esgotados. Pode observar, incrivelmente os sebos estão cada vez mais lotados de best-sellers, auto-ajuda, revistas e gibis. Acho até interessante que os mais fáceis de achar e mais lidos sejam também os mais revendidos após serem "usados", é uma outra cultura (não me interprete mal, digo isso apenas porque eu sou o tipo de pessoa que se compra um livro de que gosta ou tem interesse jamais se desfará dele), por sinal uma outra questão que aqui não cabe. Bibliotecas! Ai, essa é uma antiga e complicada questão, sabe-se que grande parte da população brasileira se quer tem acesso a bibliotecas, havendo pessoas de classes socias menos favorecidas que nem sabem onde ficam a biblioteca pública de sua cidade, é uma questão cultural e politica, que novamente vou me abster de discutir. Enfim, as bibliotecas acessíveis aos universários, a própria da universidade e a pública muitas, mais muitas mesmo, vezes não possuem os livros raros e essenciais que só se conseguiria por acervo antigo. Quando essas têm os livros são poucos volumes e muito procurados; quando podem ser emprestados demoram a ser devolvidos (mesmo que para esse uso se pague multas altíssimas) e quando não, é complicado usar - que universitário tem tempo para ficar horas na biblioteca pesquisando e copiando à mão trechos importantes de grandes obras? Ah, xerox? Só de 10%, escolha bem! Há, então, os acervos particulares! Colegas sortudos ou professores bacanas que emprestam essas obras tão quistas. Novamente entra a questão de poucos livros para muitos necessitados, além do tempo reduzido para colher muita informação. Ah, quase me esqueci, nesses dois últimos casos há ainda a impossibilidade de sublinhar, anotar, marcar! Como retirar (tantas) informações essenciais de textos - geralmente difíceis - sem qualquer chance de anotação imediata nos trechos? Vale nesse caso o habitual "fichamento", mas este demanda ainda mais tempo e trabalho. 
        Tudo isso, outra vez, não foi o ponto que queria mesmo tocar, não que não sejam importantes, pelo contrário são critérios relevantes para se abrir questionamentos, sem dúvida. Acontece que o que realmente me intriga é o fato da análise ficar em torno do xerox e não dos livros! Quando há acesso limitado aos livros o xerox caseiro é feito, não há lei que controle o que acontece entre "quatro paredes", que nos digam as indústrias musical e cinematográfica. Ou seja, essa é a discussão mais inútil que já li! Posso estar sendo um pouco revoltada, normal, mas pense comigo: discutir a liberação "perante a lei" de algo que normalmente acontece e de que não se consegue ter o menor controle!? Cadê a lógica? A única vantagem desse assunto na mídia é abrir para uma parte maior da população as questões que aflingem os leitores, especialmente do mundo acadêmico. Agora sinto-me na obrigação de deixar minha "sugestão": Está mais do que na hora de haver discussão, olhar e reformulação sobre o universo editorial! Esse sim precisava de lei, incentivo e projetos para mudanças que beneficiassem não só os leitores, mas também os produtores (escritores, ilustradores, revisores, editores). Não há dúvida de que a redução de preços possibilitaria mais leitores, mais leituras (variadas, inclusive), mais escritores publicados (e outros profissinais da área), mais acesso à cultura... Enfim, uma evolução educacional, cultural, e, até, econômica.
        Passe essa ideia a diante!

Ana Kita

sexta-feira, 16 de março de 2012

Uma sábia herança

Resenha do livro infanto-juvenil: “Vovô virou árvore”




        Não são poucas as pessoas que em conversas informais dizem algo como “pai e mãe não deviam morrer” ou “certas pessoas deviam ser eternas”, não se trata de falta de entendimento de finitude ou senso de realidade, apenas aquele medo da ausência e a certeza de que sentirá muita saudade. Mesmo quando se trata de idosos, se são bastante próximos a nós, não queremos “perder”, não é? Imagine, então, uma caçula de uma família de tartarugas que todos os dias passeia com o avô e ouve suas adoráveis histórias. A saudade seria imensa se não fosse um legado... Como repete o livro “E, devagar, devagarinho, lá foram as tartarugas pelo seu caminho.” Ficou curioso? Renda-se ao livro de Regina Chamlian e Helena Alexandrino, “Vovô virou árvore”, uma excelente história para crianças e adultos lerem, relerem e contarem. Pois há coisas que precisam se perpetuar.


Ana Kita


Título: Vovô virou árvore
Autoria: Regina Chamlian 
Ilustração: Helena Alexandrino
Editora: SM
Ano: 2009

quinta-feira, 15 de março de 2012

Pouco tempo

Resenha do livro juvenil: “A vida na porta da geladeira”


Bilhetes podem revelar muita coisa: amores, segredos, distância, saudade, sonhos, sucessos, infortúnios... Um câncer? Sim, também uma grave doença como o câncer. Aliás, também o medo, o pedido de ajuda, a esperança!
Nessa perspectiva surge o livro “A vida na porta da geladeira”, o qual traz muitas revelações em bilhetes deixados presos à geladeira por uma mãe e sua filha. A vida corrida desta médica e sua filha adolescente faz desses bilhetes a maior parte da comunicação entre elas, mesmo num momento tão delicado. Junto a avisos de horários e listas de supermercado, encontramos neste livro muitas lições de cumplicidade, amor, força e vida. Uma proposta inovadora de narrativa juvenil e encantadora mesmo para os adultos.

Ana Kita

Título: A vida na porta da geladeira
Autoria: Alice Kuipers
Tradução: Rodrigo Neves
Editora: WMF Martins Fontes
Ano: 2009

quarta-feira, 14 de março de 2012

Um verdadeiro herói

Resenha do livro infantojuvenil: “O herói imóvel”

Muitos heróis já foram criados, mas nenhuma armadura teve tanta verdade quanto o herói deste livro, nenhuma arma tinha a força deste herói, nenhuma batalha levantou tanta reflexão quanto as descritas em “O herói imóvel”, tampouco algum outro narrador teve tanta sensibilidade para descrever seu herói, isso porque nenhum outro via o esforço diário de seu pai-herói contra uma doença terminal. Não ouso negar de que se trata de uma narrativa emocionante, para muitos realmente triste, mas cheia de coragem indico este livro como uma excelente pedida de otimismo.
Com metafóricas imagens que remontam a época medieval o já consagrado, Rui de Oliveira, abrilhanta o trabalho textual de Rosa Amanda Strausz, uma relevante composição para crianças e adultos no geral, particularmente pertinente àqueles que convivem ou conviveram com um caso de doença terminal. O pai-herói do narrador ensina o filho, e a todos nós, leitores, aquela antiga mensagem que na teoria já sabemos, mas que muitas vezes esquecemos: é preciso deixar marcas na vida. Saber viver também é ter filhos, sonhos, realizações, lembrança... Tornar-se, assim, eterno.

Ana Kita

Título: O herói imóvel
Autoria: Rosa Amanda Strausz
Ilustração: Rui de Oliveira
Editora: Rovelle
Ano: 2011

segunda-feira, 12 de março de 2012

Carta a ti: que é preciso registrar

Joinville, 12 de março de 2012.

        O que se diz no silêncio de um olhar queria dizer agora. Sempre quis na verdade, mas foi ao conhecê-lo - e me envolver - que vislumbrei a imensidão deste desejo. Utopia, foi isso que pensei. Enfim, há quem viva atrás de uma, eu apenas me valeria de uns minutos mensais (trimestrais, ou ocasionais) para buscá-la. Inutlimente talvez? Creio que não, ou assim quero crer. Pois ainda penso que essas cartas podem ser inspiradoras, quem sabe um dia até publicadas num bonito livro de páginas amareladas com destaque nas prateleiras de uma livraria!? Muitos sonhos, não é mesmo? Ainda que essas cartas sejam lidas por um número restrito de conhecidos, têm sido lidas por você e isso me basta. Algumas vezes consegui sua emoção, penso que também o riso e aquela vontade de correr a me abraçar - assim espero! Hoje não tenho tantas pretenções, queria mesmo registrar. Talvez não todas as palavras do meu olhar, tampouco do seu, mas ainda assim registrar. Não só palavras, como dias.
        Passou-se um ano do dia - noite - que lhe sorri pela primeira vez, dia marcante até porque não conseguimos lembrar o dia que nos "conhecemos" (o primeiro olhar), isso já beira os dois anos. Foi aquele dia inesquecível em que "os sinos bateram", "os corações dispararam" e "os anjos sussuraram um destino a dois"... Ou algo perto disso. Passou-se um ano de nossas primeiras conversas, as primeiras descobertas de afinidades, os primeiros flertes. Agora é véspera de completar um ano do primeiro beijo, o primeiro filme. E tanta coisa aconteceu. 
        Entre elas, chama-me ainda mais atenção termos nos tornado um casal. Era certo pra mim que aconteceria, há muito tempo eu "sabia" que um dia aconteceria, e desde o ano passado eu "sabia" que viria logo e seria conosco, juntos. É estranho constatar isso, mas foi isso que meu olhar falou e repetiu durante o último final de semana, a cada sorriso dizendo "te amo". Só hoje pela manhã me dei conta deste sentimento, um amadurecimento, que embora seja individual, a dois. Talvez poucos - ou até ninguém - possa ver, talvez não seja mesmo visível, mas eu senti, eu sinto. E por isso me torno ainda mais boba, eu sei, confesso. É que parece a consolidação de um sonho antigo, até infantil, de me tornar mulher e sentir-me pronta a ser "esposa", acima disso um desejo incalculável de saber "somos um casal, com futuro".
        As cartas acabam por se tornar redundantes. (Talvez seja também o amor assim, quando se refere ao mesmo ser amado pode crescer, amadurecer, sofrer transformações, mas se tornará cíclico e envolverá os dois.) O certo é que nem por isso se tornam iguais ou mornas - assim como nossa relação, nosso amor e nossos momentos -, têm sempre novidade, renovação e chama. Por isso escrevo, para dizer ou deixar escrito, como me sinto feliz, realizada, cheia de sonhos e projetos, renovada como pessoa e mulher, confiante em mais e mais. Quero ser breve, mas já sabe que sofro desta dificuldade. Ouso, então, fazer uma metáfora e com ela concluir a carta, mas estender esses pensamentos.
        Nesses dias de Sol, compreendo tão bem nosso amor, pois vejo na natureza um belo reflexo. Nasce o Sol todo o dia, algumas vezes mais evidente, querendo toda a atenção, outras vezes encoberto, até escondido de vez por nuvens escuras e chuva, mas sempre em seu ciclo vital. Nasce aqui e também na China, nasce no verão e em toda estação, esquenta ou deixa a temperatura agradável. Acima de qualquer picuinha, a todos anima, alimenta, aquece, ilumina.

Com todo meu amor,
sua pequena, Ana. 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Abril Mundo 2012...

        Gente, é com muito prazer que convido a todos para prestigiarem o grande evento de discussão de literatura "Abril Mundo 2012 - A literatura africana e afro-brasileira", promovido pelo PROLIJ (Programa Institucional de Literatura Infantil Juvenil da Univille), que acontecerá na Univille nos dias 18, 19 e 20 de abril. Mais informações no site da Univille ou no blog do Prolij.