domingo, 5 de setembro de 2010

Carta ao pai 11: Aconchego e interesse

Joinville, 5 de setembro de 2010.

Pai, estou há bastante tempo sem lhe escrever, lamento. No entanto, quando eu olho para trás, seja para nossa vida juntos ou mesmo para as dez cartas antecedentes a esta, vejo tanta coisa boa, que só me resta sorrir. Foram anos lindos ao seu lado, domingos de uma plenitude indescritível, viagens que eu achava bizarras, mas são tão boas lembranças, passeios simples, mas tão bons para ficar em família, filmes que eu não fazia questão de assistir, mas excelentes pela companhia. Ah, pai, tenho tão boas lembranças. Não vou dizer que não sofro por não mais poder reviver estes momentos, estaria mentindo. Contudo, sou tão cheia de alegria, e tenho conhecido tanta gente especial que me quer bem, que ainda sinto sua mão quente, seu olhar sereno, seu sorriso tímido, sua companhia afetuosa. 
Posso ainda ser aquela garotinha boba com o nascimento do irmão, a menina envergonhada confessando estar "ficando", a menininha com brilho nos olhos ao falar dos planos universitários ou confessar o sonho de ser escritora. Só seu interesse interrogativo já me era o melhor apoio, tão aconchegante, tão pai-e-filha. Hoje essa vontade de lhe escrever possivelmente é consequência do conforto de outrora. Estou apaixonada, pai. Pode parecer que digo por não estar mais aqui para eu apresentar, mas dessa vez eu penso que eu apresentaria. Estou dançando e muito, e cada vez melhor, passei até para o segundo nível de aula. A faculdade não está tão interessante como eu sonhava, mas sei que é o que quero e não penso em desistir. Tenho conhecido, até graças ao blog, pessoas muito interessantes, gente que me acrescenta, que me instiga e estimula... Eu fico pensando que futuramente como escritora vou conhecer muitas pessoas assim, vai ser ainda mais um desenvolvimento literário e uma evolução pessoal, gosto tanto dessa ideia. 

Escrevo-lhe mais, logo mais.
De todo coração,
sua primogênita,
Ana.

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