terça-feira, 16 de novembro de 2010

De um primeiro encontro - Ana Kita

   Hoje eu lavava umas roupas quando encontrei a blusa que comprei para nosso primeiro encontro. Não havia mais o cheiro, mas eu o senti. Fechei meus olhos e tive o toque dele em minha pele, por cima e por baixo da roupa. Tentei rever os mínimos detalhes daquele encantador encontro, o vento, o riso, o mar, a discussão, o arrepio, o medo, a euforia, o primeiro toque das mãos, a intimidade, a união, a música, e o beijo. O problema não foi a saudade ou a vontade de tê-lo, o maior problema pertence a memória mesmo. Os fatos já não são tão nítidos, as palavras parecem ter mais força, os momentos não seguem uma ordem, ficam ora paralelos, ora distantes. E as imagens... Ah, as imagens se perdem, tento lembrar seus olhos e mal recordo de um pouco de luz, quero lembrar do pôr-do-sol ou do céu unido ao mar e só imagino um azul. Maldita memória que se perde, que me perde, que me faz perdê-lo.
  
Ana Kita

8 comentários:

  1. "O problema é a memória mesmo!" Concordo com você, prefiro confiar nos sentidos a memória as vezes é traiçoeira. Fantástica a sua escrita! Abraço!

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  2. Obrigada, Vanessa! Seja sempre bem vinda! ;)

    Abraços!
    Ana

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  3. Nossa memória é feito fotografia... Guardada no álbum, com um tempo, se esquece, amarela...

    Mas está lá. E até uma roupa pra lavar pode reacender alguns flashes...

    Beijos, Ana!

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  4. Exatamente isso, Moni!
    Obrigada pela presença maciça e as palavras carinhosas! ;)

    Beijos!
    Ana

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  5. Só pra te dizer que adorei suas palavras e a forma que você faz elas fazerem sentido (:

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  6. Muito obrigada, Livia!
    Seja sempre bem vinda! ;)

    Abraços!
    Ana

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  7. Penso que nossa memória e nossos sentidos andam bem próximos.Na verdade depende muito do momento e da pessoa que estamos envolvendo.Depende do quão esta pessoa significa para você. Sendo assim por mais que o tempo passe e os detalhes se apaguem, sempre estará aquela pequenina lembrança, pois esta sim, foi especial."Não havia mais o cheiro, mas eu o senti. Fechei meus olhos e tive o toque dele em minha pele, por cima e por baixo da roupa." Acredito que o momento mais marcante tenha sido o toque e o cheiro, pois estas sim foram as lembranças que fizeram a diferença nesse momento(encontro). Alias a mistura dos sentidos normalmente acarreta em uma sensação gostosa, não é mesmo? Rs.
    Beijos, Helenna M.

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  8. É sim, Helenna! Sinestesia (mais de um sentido) marca mesmo, marca profundo.
    Muito obrigada por mergulhar no conto! ;)

    Beijos, beijos.
    Ana.

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