sábado, 13 de novembro de 2010

Quanto às possibilidades e às faltas

   Sem ele aqui meu dinheiro sobra todos os meses, assim como meus créditos e as horas dos meus domingos. Voltei a usar mini saia e decotes, a sair com as amigas, e voltar tarde. Voltei a admirar os outros homens na rua, a sorrir ao receber elogios sem receio de ser motivo de briga. Posso usar mais a cor verde, encher-me de creme todas as noites e ouvir mais Roberto Carlos, parece que posso - e devo - fazer tudo que ele não gostava. Fico horas no telefone com minhas amigas ou minha mãe, vou ao shopping e fico dando voltas sem qualquer objetivo, vou à praia caminhar, depois volto pra ler, depois banho de mar, e pra terminar pego um pouco de sol, durmo quase todos os dias depois do almoço e não tenho hora pra jantar. O que eu queria era que qualquer ou todas essas coisas me satisfizessem.
   Sem ele aqui a cama está sempre fria e vazia, sobra comida, perco a hora de ir ao cinema, não recebo mensagem no meio do dia, nem tenho ânimo de sair pra dançar. Quase não me produzo mais e ninguém me elogia, nem com palavras, nem com o olhar, muito menos com o toque. Meu perfume acabou há quase um mês e não me preocupei em comprar outro. Tenho andado relaxada com minha alimentação, com meu cabelo, com a depilação, e com as roupas pra lavar. Já não tenho lido tanto, é chato não ter ninguém pra compartilhar ou interromper. Chego em casa desanimada, jogo-me no sofá e dali só saio por fome ou sono. "Desaprendi" a viver sozinha, sinto-me - embora clichê - metade.

Ana Kita

2 comentários:

  1. tá certa mesma, isso de metade é puro clichê verdadeiro. falando de amor, acho que não há como fugir do clichê. e nem tem por quê. bjo

    ResponderExcluir
  2. É verdade, "nem tem por quê"! *-*

    Beijos!
    Ana

    ResponderExcluir