segunda-feira, 12 de março de 2012

Carta a ti: que é preciso registrar

Joinville, 12 de março de 2012.

        O que se diz no silêncio de um olhar queria dizer agora. Sempre quis na verdade, mas foi ao conhecê-lo - e me envolver - que vislumbrei a imensidão deste desejo. Utopia, foi isso que pensei. Enfim, há quem viva atrás de uma, eu apenas me valeria de uns minutos mensais (trimestrais, ou ocasionais) para buscá-la. Inutlimente talvez? Creio que não, ou assim quero crer. Pois ainda penso que essas cartas podem ser inspiradoras, quem sabe um dia até publicadas num bonito livro de páginas amareladas com destaque nas prateleiras de uma livraria!? Muitos sonhos, não é mesmo? Ainda que essas cartas sejam lidas por um número restrito de conhecidos, têm sido lidas por você e isso me basta. Algumas vezes consegui sua emoção, penso que também o riso e aquela vontade de correr a me abraçar - assim espero! Hoje não tenho tantas pretenções, queria mesmo registrar. Talvez não todas as palavras do meu olhar, tampouco do seu, mas ainda assim registrar. Não só palavras, como dias.
        Passou-se um ano do dia - noite - que lhe sorri pela primeira vez, dia marcante até porque não conseguimos lembrar o dia que nos "conhecemos" (o primeiro olhar), isso já beira os dois anos. Foi aquele dia inesquecível em que "os sinos bateram", "os corações dispararam" e "os anjos sussuraram um destino a dois"... Ou algo perto disso. Passou-se um ano de nossas primeiras conversas, as primeiras descobertas de afinidades, os primeiros flertes. Agora é véspera de completar um ano do primeiro beijo, o primeiro filme. E tanta coisa aconteceu. 
        Entre elas, chama-me ainda mais atenção termos nos tornado um casal. Era certo pra mim que aconteceria, há muito tempo eu "sabia" que um dia aconteceria, e desde o ano passado eu "sabia" que viria logo e seria conosco, juntos. É estranho constatar isso, mas foi isso que meu olhar falou e repetiu durante o último final de semana, a cada sorriso dizendo "te amo". Só hoje pela manhã me dei conta deste sentimento, um amadurecimento, que embora seja individual, a dois. Talvez poucos - ou até ninguém - possa ver, talvez não seja mesmo visível, mas eu senti, eu sinto. E por isso me torno ainda mais boba, eu sei, confesso. É que parece a consolidação de um sonho antigo, até infantil, de me tornar mulher e sentir-me pronta a ser "esposa", acima disso um desejo incalculável de saber "somos um casal, com futuro".
        As cartas acabam por se tornar redundantes. (Talvez seja também o amor assim, quando se refere ao mesmo ser amado pode crescer, amadurecer, sofrer transformações, mas se tornará cíclico e envolverá os dois.) O certo é que nem por isso se tornam iguais ou mornas - assim como nossa relação, nosso amor e nossos momentos -, têm sempre novidade, renovação e chama. Por isso escrevo, para dizer ou deixar escrito, como me sinto feliz, realizada, cheia de sonhos e projetos, renovada como pessoa e mulher, confiante em mais e mais. Quero ser breve, mas já sabe que sofro desta dificuldade. Ouso, então, fazer uma metáfora e com ela concluir a carta, mas estender esses pensamentos.
        Nesses dias de Sol, compreendo tão bem nosso amor, pois vejo na natureza um belo reflexo. Nasce o Sol todo o dia, algumas vezes mais evidente, querendo toda a atenção, outras vezes encoberto, até escondido de vez por nuvens escuras e chuva, mas sempre em seu ciclo vital. Nasce aqui e também na China, nasce no verão e em toda estação, esquenta ou deixa a temperatura agradável. Acima de qualquer picuinha, a todos anima, alimenta, aquece, ilumina.

Com todo meu amor,
sua pequena, Ana. 

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