segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Quanto a ter seu lugar ao sol - Parte 1

        Homens e mulheres desde seus primeiros minutos de vida parecem buscar seu lugar ao sol, aliás, pareciam. Hoje esta busca me parece transformada: estamos na era da competição. Não basta ter seu lugar ao sol, precisa ser o melhor lugar, ser visto e bajulado por isso. As crianças não são educadas para seguirem seus sonhos e conquistarem seus objetivos, mas para serem os melhores naquilo que seus pais julgam ser mais adequado (isto é, de mais valor). Falando nisso, os valores não são respeito, responsabilidade, igualdade, fraternidade, liberdade, ou qualquer dessas coisas que já soam arcaicas. Hoje o valor é monetário. Mesmo ser o melhor, ou ter mais sucesso, também é qualificado pela quantidade financeira. Não se é bom professor se não se ganha muito. Aliás, como "professor ganha uma miséria", ser professor não é bom. As profissões de sucesso são: jogador de futebol, cantor, médico, engenheiro e arquiteto. As primeiras é melhor não tentar, a não ser que cai do céu devido ao seu dom. As três últimas devem ser almejadas, sempre. Senão como escolha na faculdade, como escolha de casamento! Também o casamento já não é fórmula de felicidade, a não ser que seja num castelo europeu com um empresário milionário e não gere mais que um filho. Ah, fique bem claro: filhos são despesas.
        Nessa sociedade tão preocupada com chegar ao topo - se é que ele existe! -, as despesas são um atestado de sucesso ou fracasso. É preciso consumir muito, contratar muitas pessoas - aliás, muito pouco se faz, tudo se compra pronto ou solicita que o outro faça - e obviamente a conta é grande. Quanto maior melhor! Quem não consegue pagar, mas consegue driblar ainda está bem - não é por acaso os altos índices de inadimplência -, agora quem não consome porque não pode pagar, ah, fracassado! Prega-se isso o tempo todo, das igrejas às escolas. Acha que exagero? Pensa bem, quem não paga o dízimo ou não faz "contribuição voluntária" é bem visto? Tem os direitos na comunidade como os demais? E quem não traz o que o professor solicita? Não tem lápis, caneta ou não vem todos os dias uniformizado? Quem estuda na escola pública é o melhor? Ou vir de uma família de sucesso é ter tênis caro, material novo e estudar na escola mais cara da cidade? Chegando é claro, de motorista numa BMW.
        Tudo isso pode ser forte e muitas pessoas ainda não pensam desse jeito, embora "comunguem" sem nem perceber. Mas, há ações simples para estar e inserir outros nesta era competitiva. A madrinha ou a mãe não acha a criança linda ou inteligente, diz: "Você é a coisa mais linda desse mundo!", "Meu filho é o mais esperto da classe.". O professor não elogia ou critica a turma, compara: "Vocês terminaram bem mais rápido que a outra turma, parabéns!", "Na outra sala consegui explicar todos os exercícios, agora com vocês...". Pra quê? Pra que eu me pergunto! Qual a necessidade de tanta competição? Na minha época de escola a preferência na Ed. Física eram os esportes coletivos, como treinos para as "olimpíadas" - semana de competição entre classes -, hoje - ao menos na faculdade - valoriza-se outras abordagens: os jogos cooperativos (aqueles tão cobrados em entrevistas de emprego), as atividades recreativas, a dança, a ginástica, as lutas. Não precisamos incentivar a competividade, que já é natural ao ser humano, é preciso estimular a vencer nossos próprios obstáculos, ter ética, princípios, amigos!

Ana Kita

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