Resenha da obra clássica
brasileira: “Ubirajara”
“Ubirajara”
é mais uma lenda alencariana, escrita 9 anos depois daquela que é julgada sua
obra prima, “Iracema”. De beleza e temática indianista, trata-se de um adorável
exemplar da primeira geração do romantismo brasileiro. Uma narrativa bastante
descritiva, mas com uma suavidade que nos prende à leitura, além, é claro, do
jeito poético típico do autor, que dispensa comentários. Enquanto Portugal
exaltava heróis dos mares e das guerras, o Brasil tinha em José de Alencar, um
escritor que não só defendia e admirava, mas também apresentava aos brancos a
pura e significativa cultura indígena.
Então,
o jovem leitor do século XXI pode se perguntar: “E do que adianta ler sobre o
índio do século XIX? Eles já são tão poucos e foram tão transformados, aculturados,
urbanizados.” Eu digo que nós, brasileiros (independente da cor, da etnia, da origem dos
antepassados), mudamos, mas ainda precisamos aprender o que Alencar tentava ensinar a partir de suas lendas: união, respeito, amor. É
através da leitura da guerra com honra, dos generosos chefes, do amor em sua
face mais pura, da importância às origens, do respeito e da busca pela
harmonia, que os jovens de hoje podem aprender na escola mais que macetes para
vestibular. Ao se permitirem aventurar-se com Jaguarê, poderão, como Ubirajara,
desenvolver-se, amadurecer e, quem sabe, comungar com mais de uma cultura.
Ana Kita
Título: Ubirajara
Autoria: José de
Alencar
Editora: Ática
Ano: 2000
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