sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Carta ao pai 23: Saudade e realização

Joinville, 07 de dezembro de 2012.

        Pai, esta semana levei meu noivo/marido ao cabeleleiro (pra mim mais barbeiro) em que você ia. Ele me olhou com jeito de quem quer reconhecer, mas acho difícil, faz bastante tempo e longe de você seria complicado fazer essa associação, mas só de estar lá me deu uma saudade apertada. Meus olhos se encheram de lágrimas. Ai, pai, que falta você me faz.
        O penúltimo ano da faculdade acabou, vou para o quarto mês "casada" e pra tudo isso me falta você. Como eu queria comemorar contigo, compartilhar contigo, ver sua alegria e também preocupação. Queria fazer uma grande festa e dançar nossa segunda valsa juntos. Queria lhe dar netos, vê-lo bobo como quando eu era pequena. Queria a certeza de seu sorriso por perto. Não tenho tido mais tempo do que tinha quando você estava aqui, continuo falhando em visitar meus irmãos com frequência e já não ouso prometer nada. Mas, ainda desejo que eles saibam que podem contar comigo, ainda queria poder contar com teu abraço, teu olhar, uma palavra.
        Os domingos passam cada vez mais rápido e mesmo assim por um instante me pego saudosista. Ah, que domingos contigo, pai! Estou cada vez melhor na panqueca, mas não chegam aos pés das suas. Aprendi a fazer o bolo com gelatina de limão, mas sinto falta do seu. Até o gosto por filmes do meu noivo/marido é tão bom quanto o seu, mas só ser bom não substitui, queria contigo também. Por sorte estou numa fase que esses queres difíceis ou impossíveis não mais me magoam, estimulam-me, alegram-me interna e silenciosamente. Obrigada por tudo que você plantou em mim, pai!

Escrevo-lhe mais, logo mais.
De todo coração,
sua primogênita, Ana.

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