sábado, 11 de setembro de 2010

Quanto a uma noite e aos amigos

(Foto da banda Os Impublicáveis, em 10 de abril, no Bovary Snooker Pub)

  Noite durante a semana, numa outra semana: nada a se fazer. Ver TV e dormir, normal nacional. Por ironia - ou hipocrisia - do destino tinha feriado no outro dia, e naquele podia, devia, divertir-se. Fomos, não só eu, muitas pessoas, não só desconhecidos, amigos também. Dito e feito. Divertimo-nos, muito. Cada um no seu próprio mundo, com suas próprias expectativas, observações, diversões... Incrivelmente, ou não, harmônicos.
   Uma garota curtindo, pensando em danças, beijos, amigos. Um rapaz vendo uma onça, admirando um entusiasmo, um sorriso, fazendo poema, entrando na poesia das imagens. Um menino conhecendo, lembrando, reconhecendo, reencontrando amigos, encantando-se, envolvendo-se. Um garoto com saudade, querendo reviver, sabendo não poder, aproveitando o que podia e esquecendo o próximo dia. E eu. Sim, eu ali. No meio, no meio de uma multidão, de um cruzamento, uma bifurcação (ou tripla, talvez). Não digo que não estava feliz, estava sim, radiante, como quem mata uma saudade antiga, que na verdade mais parece aquela história indígena: "saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi". E o coração nem se preocupava com o depois, fosse feriado, chovesse ou acabasse o mundo. Era ali, aquele momento era essencial, era tudo de que eu gostava, tudo que eu precisava. Falava, falava com as mãos, com os toques, com os olhares. Calava-me, por discrição, educação, consciência que clama. E por fim dancei, só pra viver, só pra lembrar e esquecer.
   É mais fácil ver de fora, determinar, descrever ou até julgar o que eles sentiam, o que eu via eles sentirem. Agora olhar pra dentro, dizer de mim, do que eu sentia é perigoso, posso cair nas armadilhas da negação, da memória. Prefiro ser subjetiva ou enigmática, dizer que ansiei e nem acreditava ser possível tal noite. Dizer que os convites foram sinceros, mas a crença da presença era fraca. Que a surpresa foi imensa e a alegria plena. Que os sentimentos foram novos, foram bons, foram recíprocos. Que os abraços acalentaram e marcaram. Mais uma primeira grande noite.

Ana Kita

P.S.: O show? Ótimo, maravilhoso. A descrição não recaiu sobre ele por razões emocionais, mas foi digno de ser chamado de inesquecível.

4 comentários:

  1. Muito bom mesmo!
    Realmente, também percebo isso. Cada um vive seu próprio "mundo", reserva suas próprias expectativas, e não há lugar melhor pra perceber isso que em uma festa, não?
    Beijos

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  2. Obrigada!
    É isso mesmo, festas e show deixam isso evidente. Talvez por isso eu goste tanto, é bom apreciar essas diferenças. :)

    Beijos!
    Ana

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  3. Ah, múltiplos, olhares... que delícia poder passear por todas as janelas que são os olhos de cada um, a visão individual... Ana, obrigado por compartilhar também da sua visão :-)

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  4. Concordo plenamente, Kawen! Comentei isso com o Léo, foi muito gostoso ver esses diferentes olhares da mesma maravilhosa noite! *-*
    Eu que agradeço! :D

    Beijos!
    Ana

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