segunda-feira, 30 de julho de 2012

Ponto final.

Nasci ponto final. Já pode imaginar como foi: sem graça. Ninguém se empolgou. Olhavam e saiam. Cresci. Sempre acabando em mim. Ignorado quando seguido pelo egocêntrico parágrafo.
Na adolescência fiquei realmente chateado... Entre lágrimas virei reticências. Achei que sendo três seria realmente mais feliz, mas não... Viviam me colocando onde não devia, muitos sujeitos ficavam brabos comigo, fora quando me multiplicavam e......... Eu virava uma zona! Cansei! Decidi ser ponto de exclamação, era tão mais elegante e imponente. Eu queria mesmo chamar a atenção! Mas, ninguém queria ser meu amigo, achavam-me mandão e arrogante, só tinha companhia do tristonho ponto de interrogação... Pena que juntos confundíamos muita gente, ficava sempre aquela discussão: Sou eu antes? Não, sou eu! Será!? Desisti dessa vida, queria uma namorada! Então, eu a achei, numa dessas pausas da vida. Ah, minha querida vírgula. Tão linda, tão delicada. Juntos éramos uma dupla infalível, finalmente eu era visto em minha forma e, mesmo assim, notado. Eu vinha até antes dela, sem confusão. Acontece que era uma vida pacata demais, pausada, sempre à espera. Fui procurar uma namorada de infância, minha prima também ponto. Ser dois pontos sempre foi muito divertido, ora por cima, ora por baixo. Anunciávamos travessões, palavras e os antipáticos parágrafos. Volta e meia eu via minha ex, sempre acompanhada das amigas, me causavam arrepios, até que... Ela começou a namorar outro ponto! E fim: decidi dar um ponto final naquilo.

Ana Kita

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