sexta-feira, 26 de março de 2010

Ritmo amável - Ana Kita

Felipe dedilha no violão qualquer coisa como um dó. Para. “Por que ela me disse aquilo?” Pergunta. Toma o violão e pensa nos acordes de “All Star”. Desiste. “Éramos tão amigos, não?” Sofre. Larga o violão, abre a janela e senta sobre a mesa. Ignora. O inconsciente de Felipe já está além do significado das palavras de Mia. Questiona. “Estranho como?”
O garoto procura a letra de uma música que escreveu à amiga. Encontra. “Seus olhos sorriem saudades” Rasga. Felipe guarda os quatro fragmentos do papel numa caixa. Chora. “Estranho é gostar tanto dela.” Confessa. Um papel sob a caixa ganha sua atenção. Lê. “Fê, gosto muito de você. Mia” Lembra. Mia havia lhe dado o bilhete dobrado na noite anterior. Prometeu. “Abrirei em casa.” Percebe. Mia não tivera chance de se explicar, só poderia terminar aquela conversa hoje. Sorri. “Posso ser um estranho amável!?” Duvida.
Felipe pega a caixa e o bilhete e os guarda na mochila. Leva. Em uma hora poderá falar com Mia e compreender tudo. Anseia. Seu coração bate acelerado, suas mãos suam e olha o relógio. Espera. “Deus, permita que ela chegue logo.” Implora. Cantarola “All Star” sozinho e nervoso. “Ei, está fora de ritmo...” Ouve. Ele alegra-se com a observação petulante da amiga. Abraça. Os corações compassados explicam todas as palavras. Adora.

Feito no Clube de Redação do Persona – Cultura e Formação Integral.
Joinville, 26 de março de 2010.

Observação: Mesma proposta que o texto "Desejos no escuro", após um ano. Em breve, posto as semelhanças e diferenças que encontro neles.

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