quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pra quem sorrir? - Ana Kita

  Eu ando na rua, busco pessoas amáveis, sorrio e... E nada! Algo aconteceu comigo nestes quinze anos ou mais. E eu não percebi. Diariamente fui e voltei da escola com meu jeito simples e feliz de andar nas ruas, mas minha vida na escola teve fim e perdi o dom de obter sorrisos. Se a culpa foi minha peço perdão a quem for preciso. Se for pela maquiagem ou o salto alto posso voltar atrás. Se for a troca de uniforme ou os centímetros a mais não há nada que eu possa fazer.
  Eu só gostaria de ir e vir do trabalho com meu jeito simples e feliz de andar nas avenidas e receber sorrisos recíprocos. Custa tanto assim? São meus seios redondos? Minha roupa social? Meu cabelo displicente? Por que custa tanto a toda essa gente sorrir para mim? E se não sou eu? Se forem os quarentões e cinquentões que ao chegarem nos "enta" esqueceram o quanto é bom sorrir? Se o calor fez toda essa gente apressada desaprender a sorrir? Se for pura má vontade deles? Se todos eles estiverem tristes demais para eu influenciá-los alegremente?
   Oh, nem tudo está perdido! Uma garotinha, como um dia eu fui, acaba de me sorrir.

Ana Kita

2 comentários:

  1. Gosto de pensar que, independente do resultado, só posso me satisfazer com a minha parte do trato. Não posso ser responsável pelas atitudes alheias. Claro que de vez em quando, após dizer ou fazer tal coisa, obtenho uma resposta um pouco mais satisfatória.
    Agora, se eu riria ao encontrar alguém que me sorrisse? Não sei, eu teria que estar de bom humor. Talvez estejam todos com mau humor. Talvez estejam todos correndo, atrasados pra chegar a lugar nenhum, talvez seja até medo de sorrir, medo de se entregar numa afabilidade. Talvez eles não gostem dos próprios dentes...
    Vai que ficam intimidados ao ver esse sorriso, esse olhar...

    Já pensou?

    "Ana caminha por entre o centro, olhando ao redor e percebe que alguém vem em direção oposta. Reduz a velocidade um pouco, olha diretamente para a pessoa, mas esta finge que não vê, olha para o lado, vê as horas no relógio e por fim apressa o passo receoso de algum contato.
    Mas ela não desiste. Vê logo um alvo do outro lado da rua: um rapaz que parou para olhar a vitrine de uma loja de eletrodomésticos. Agora ela dá passos bem lentos, se aproxima, ficando a apenas alguns metros e fita outra vitrine da mesma loja. Após meio minuto se vira e sorri para ele, mas não recebe nenhuma resposta. Espera quinze segundos, com seu sorriso armado e olhos verdes brilhantes. Sentindo-se ofendida por ser ignorada, agora impaciente puxa a manga dele, que em resposta vira a cabeça em direção a ela e então no momento em que ela percebe, alguém pega em sua mão e diz: "Vamos meu filho, a moça não percebeu que você é cego"."

    Mas teorias a parte, o teu texto combina com a minha idéia de "comunicação é utopia"... *rs
    No sentido de que você envia uma mensagem "sorriso" e este não é respondido.
    Essa falta de comunicação satisfatória pode envolver muitas outras "mensagens"...

    Me prolonguei aqui, mas curti o texto, e sei o que sente, a frustração de não ter suas "mensagens" respondidas a altura.

    Mas não desista... as pessoas só não sorriem de volta pois passam muito rápido por você.

    ResponderExcluir
  2. Embora seja um comentário gigante, quase assustador (haha), só tenho a agradecer, Kawen!
    Ocorreu, como é normal, aquela crença na união de escritora e eu lírico, bom, eu não desistiria, mas penso que nem mesmo eu já sorrio tanto. Mas, quinze anos seria muito tempo de passado! :P

    Obrigada pelo carinho e olhar atento!
    Ana

    ResponderExcluir