segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Mineiros no Chile, lição em todo lar

Esta é uma postagem dedicada a quem gosta (além da literariedade) de ler bastante, e, ouso dizer, uma certa "caída" na vida real.

Todo mundo sabe ou deveria saber sobre os mineiros (leia-se "trabalhadores de minas") no Chile, não venho aqui ser sensacionalista, tampouco tenho a pretenção do jornalismo de deixar leitores a par da situação. Quero falar de uma coisa incrível que esta situação me faz visualizar. É algo quase indescritível, mas eu faço um esforço. (risos) Quem ontem assistiu às reportagens, seja na Globo ou na Record (ambas deram um bom pedaço da noite para as informações de lá), pôde perceber a força dessas pessoas. Dessas inclui não só os 33 mineiros, mas suas famílias, os profissionais envolvidos, até o governo. Fico admirada com a fé, a garra. É claro que quando passamos por momentos difíceis passamos a conhecer nossa verdadeira força. Mas, este é um momento mais que difícil.
Quando aviões caem e as famílias esperam os resgates das pessoas vemos força, fé, contudo, desespero. No entanto, essas família são geralmente estruturadas, classe no mínimo média. Agora, consideremos que mineiros correm riscos todos os dias. Qual a estrutura destas famílias? Não digo de amor, de fé, isso vemos claramente que eles têm e muito. Digo de situação financeira, de lar completo, de seguro de vida, plano de saúde, coisas assim que ajudam quando pode se perder o patriarca da família ou um filho.
As emissoras fizeram um bom trabalho, além de toda informação quanto ao resgate, trabalho e situação das minas, comunicação entre família e mineiros, conseguiram mostrar essa força, essa coragem e desejo de viver. Isso sim é importante para todo o mundo, a lição que se tira, o estímulo para cada família. O pedido de casamento, a carta do filho caçula dizendo da saudade da comida da mãe, o marido que diz amar a mulher para sempre reconhecendo que não falava isso há tempos, é isso o mais importante a se vislumbrar. Deixamos que a correria do dia-a-dia transforme nossos lares em simples casas, nossos amados em ilhas, e nossas palavras em simples "bom dia". Paremos, então, e reconheçamos o que verdadeiramente nos importa.

Eu precisava pontuar essas coisas. Como diria um amigo meu: pura alquimia. Todas essas pessoas estão fazendo da tragédia aprendizado, e passando a viver mais intensamente. Mesmo que presos na terra, mesmo tão perto e tão longe, não só se aproximaram de suas famílias como lembraram o que realmente vale.

Fica a lição. E meu desejo de que o resgate venha antes dos quatro meses.

Ana Kita

2 comentários:

  1. E viva a diversidade, apesar de no começo da leitura eu demonstrar um pouco de relutância, continuei lendo, observando... pensando "ah que delícia ler essa concatenação de palavras; gostei de como ela construiu as frases"...

    Enfim, curti teu olhar observador sobre os fatos. Tenho uma teoria de que ao passarmos anos e anos vivendo, temos essa ilusão de "eternidade", de que inexiste morte, inexiste fim dessa existência corpórea.
    Então, qualquer experiência que demonstre a verdadeira realidade da vida (que ela finda) traz a tona os questionamentos: "Estou feliz? Era assim que queria viver? Estou prestes a morrer, fiz tudo que realmente queria? Disse eu "te amo" a pessoa por quem nutria meus sentimentos mais afetuosos e/ou libidinosos?"

    Alquimia sim, pois a urgência do "fim" exige um "meio" mais rico, mais frondoso, mais petulante, mais ousado.

    (SE EU FOSSE CHATO, comentaria sobre o precisa ali me parece deveria ser precisava, mas dê graças por eu não ser assim implicante :)

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  2. Gosto dessa sinceridade, imaginei certa relutância, por isso até a "dedicatória". rs
    Obrigada pelo olhar e carinho, Kawen! ;)

    Beijos!
    Ana

    P.S.: Sobre ser ou não chato, não se preocupe. Estava certo e já corrigi.

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