domingo, 10 de abril de 2011

Carta a ti: que quero revelar

Joinville, 10 de abril de 2011.

   Sempre fui de me revelar, como um livro aberto, jorrando meus sentimentos a todos, mesmo que alguns preferissem nem me ler. Um dia acreditei ter aprendido que isso não era o certo, que era preciso esconder, revelar-se aos poucos, deixar sub-entendido, guardar para si. Ainda não sei. O que vejo hoje e todos os momentos em que olho em seus olhos é que mesmo sem palavras já me revelo. Pode me ler ou não, mas estou aqui, como que completamente tatuada por três palavras. São puras, verdadeiras e hoje ditas sem medo. Uma delas se sobressai, e as outras se unem por ela.
   Sujeito simples, verbo transitivo direto e objeto direto. Mesmo eu que adoro tanto a sintaxe acho que nesta frase ela é pouco relevante, tem razão sobre haver transitividade nessa ação e ser bastante direta, no entanto, não é simples, nem tudo isso parece dizer o suficiente. Pronome pessoal do caso reto, verbo conjugado na primeira pessoa do singular no presente do modo indicativo e pronome de tratamento. A morfologia parece falhar ainda mais, é sim presente e indica muita coisa, mas não é um caso tão reto nem só de tratamento, tampouco singular. Eu diria ser um círculo, com toda perfeição e infinidade da forma. Prefiro não dizer nada, é um período verbal, serve para ser vivido. E vivo (vivemos).
   Desculpe se me empolguei na gramática, saiba que nada disso importa quando a frase é real. E é. Vejo minha frase como uma avenida de mão dupla, com ela vou a você e nela você chega. Se passamos a usá-la com frequência ou começarmos a usá-la sempre, não se preocupe. Dizer demais não significa perder a importância, só pensa assim quem não conhece seu verdadeiro sentido. Ela precisa ser sentida antes de dita, a facilidade de pronunciá-la não está na simplicidade das sílabas, mas na verdade do sentimento. Ontem, mais do nunca, entendi a complexidade de dizê-la, de senti-la e permitir que ela transborde. Eu focava na palavra do meio, achava ela a mais complexa e agora entendo que não. Sem a complexidade das demais ela fica nula.
   A primeira eu conheço de longa data, nunca acreditei que fosse simples. A última estou conhecendo, dei um passo gigante ontem, e sei que todos os dias caminharei para tentar revelar sua complexidade. Quase que inutilmente, considerando que cada palavra e elas juntas nunca serão reveladas por inteiro (até porque estão sempre crescendo e mudando), o encantamento está justamente em senti-las e conhecê-las plenamente, embora nunca por completo. Contudo, não é inútil, essa é caminhada que faz a vida valer a pena, a razão de acordar e dormir todos os dias. Agradeço muito que esteja comigo. Eu amo você!

Com amor, sua Ana.

2 comentários:

  1. Lindo...espero q ele leia...
    Como já disse, adoro teus textos, mas esse foi encantador, me tocou pq essa semana fazemos 12 anos de união, eu e meu amor, amar é sempre bom, amar muito tempo, melhor ainda, mesmo q diferente, mais maduro, mais seguro, mas, tu vais descobrir isso...
    Bjs

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  2. Obrigada, tia! Creio que vá ler... ><
    Nossa, 12 anos, já? Que legal! Parabéns! Aproveitem! Adoro vocês!

    Beijos, beijos!
    Ana

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