quarta-feira, 18 de maio de 2011

Folhas cheias - Ana Kita

   Não somos folhas em branco. Jamais acredite que encontrará uma. Somos folhas, aparentemente, sempre cheias. Escritas à caneta, antes de haver corretivo. Então alguém chega, tenta nos conhecer, admira e critica alguns escritos, e, logo, vai escrevendo-se por cima. Algumas vezes parte deixando apenas discretos rabiscos. Contudo, na maior parte do tempo, permanece tempo suficiente para nos transformar - repaginar-nos. Parece que também somos rasgados, mas penso que não. Quero acreditar que sempre podemos voltar a ser quem fomos, acessar, transformar, decidir. Como aqueles papiros antigos que historiadores desvendam diversos textos, somos o que consideramos ser o melhor escrito.

Ana Kita

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