domingo, 1 de maio de 2011

Quanto a torcer e a sofrer

   A maioria de nós nem entende, simplesmente cria expectativa e no fim pode se alegrar ou frustrar. Fiquei triste. Simples assim. Como num jogo das olímpiadas internas do meu colégio, em 2005, onde no final do último jogo fui substituída. Perdemos. Eu perdi. Não pude fazer nada, só podia torcer, e chorei. Chorei tanto quanto se eu tivesse sacado pra fora no último ponto. Não foi culpa minha, nem de quem ficou no meu lugar. Não foi árbitro ladrão, falta de torcida, ou incapacidade de nosso time. Ganhar ou perder é um acumulado de técnica, sorte e preparação, de ambos os times. Contudo, a emoção esquece tudo, racional demais tentar se convencer ao fim do jogo, da competição. Discuti, queria ter dado meu sangue, momentos depois do jogo eu dizia preferir ter pedido por erro meu. Sofri, e sofreria de qualquer jeito.
   Hoje não foi diferente. Eu estava muito distante, em outro estado, apenas vendo na TV, um jogo de pessoas que "nem conheço". Mas, sofri igualmente. Como a garotinha que teria se jogado num peixinho pra pegar aquele último ponto, e só estava no banco assistindo. Sofri. Como todos os garotos ao meu redor que levavam a camisa do time vice no peito. Os olhos ficaram úmidos e pesados, e foi trabalhoso parar em três lágrimas silenciosas. Jogo a jogo conquistando, torcendo, e em minutos: tudo acabou. Parece, agora, ignorância, até maldade, foi um jogo disputado, foi uma boa atuação no campeonato... No entanto, quando os outros torcedores gritaram e a TV tocou o hino deles, tudo era dor. Toda vitória anterior parecia pouco, a história parecia se apagar, e a tristeza invadia.
   Um abraço, que me faltou, em 2005, quando precisei voltar pra casa sozinha e ainda ter o ônibus batido, hoje fez da dor suportável. Era um abraço quente - quente de felicidade, de vitória -, mas que se importava com meu sofrimento e fez dele harmonia. Lamento que meus olhos de lágrimas tenham tirado o brilho vitorioso dos olhos apaixonados que me olhavam, mas agradeço que tenham me acolhido. Fiquei dias imaginando como seria, tanto com vitória minha, quanto dele, e não cheguei a conclusão nenhuma, a não ser um certo estranhamento, um não saber como agir. E não houve. Tive amor, conforto, fui cuidada e amada. Então, vencemos. O time dele, e o nosso amor. Meu time, confesso, não estava tão bem preparado. Em 2006, com várias mudanças, levamos o ouro. Quem sabe numa próxima... O importante é o amor continuar invencível!

Ana Kita

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