segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Tua mulher saudável - Ana Kita

   Eu te amei de um jeito saudável e benéfico, que até eu desconhecia. Chego a pensar que esse é o verdadeiro amor que sempre admirei, e talvez apenas contigo tenha aprendido a senti-lo. Não digo que seja mais intenso ou puro que os demais sentimentos que já vivi. O que me faz acreditar que ele seja diferente de qualquer outro é a guinada que minha vida deu. Pode ser apenas algo que eu sinta, uma vez que ainda esteja procurando um emprego, tenha pouco dinheiro, continue com os mesmos quilinhos a mais, no mesmo apartamento e sem carro. Contudo, sinto que logo depois de te conhecer minha vontade de conquistar tudo isso e muito mais se intensificou. Um trabalho temporário eu consegui, entrei na dieta, coloquei um dinheiro na poupança. Roupas novas eu comprei, passei a me maquiar, a sair mais, a sorrir sempre.
   Tudo de bom que havia em mim ficou tão forte que mesmo sem ti continuei minhas buscas. Entre elas sempre houve o amor, o verdadeiro sentimento recíproco, e confesso, ainda hoje, essa busca específica me traz a ti. Eu não queria. Queria deixar o passado bem guardado nos poemas que escrevi, nas fotos e lembranças de que não quero me desfazer. Queria que o sentimento se não morresse ao menos dormisse, um sono daqueles ininterruptos que nos permite sonhar profundamente. Esse sonho seria minha nova vida, uma bela e realizada vida além de ti e do que ainda sinto. 
   Sempre acreditei na amizade, mais do que nas relações românticas. Por isso não hei de me afastar ou pedir que o faça. Também não quero ser magoada ou ficar me iludindo com um retorno. Confesso querer que seus olhos me mostrem teu sentimento apenas adormecido. Aquele que fostes ainda vivo, embora escondido. No entanto, se não for possível quero sempre encontrar teus braços amigos, teus risos sinceros e seguirmos – não mais juntos – em frente. Julgo sim possível. Difícil, não nego. Mas te amar foi tão verdadeiro que não mais temo.

Ana Kita 

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