domingo, 21 de março de 2010

O modo mais difícil - Ana Kita

Nem tudo que sonhei consegui realizar. Aos dez anos desejei meu primeiro beijo, aos onze eu o tive. Aos quinze desejei meu primeiro namorado, aos dezessete fui pedida em namoro. Aos vinte e dois desejei ficar noiva, aos vinte e sete me casei. Aos trinta anos desejei ter um filho, meu marido não quis, aos trinta e seis me divorciei. Aos quarenta descobri que a vida era assim, sempre desejaria coisas, as realizaria ou não, no entanto o importante era sonhar.
Iniciei a faculdade de sociologia, querendo matemática. Formei-me cinco anos depois de meus colegas sociólogos, no entanto em matemática. Trabalhei com quintas e sextas séries, querendo o ensino médio. Tive o prazer de ver formar no terceiro ano minha primeira turma. Quando me aposentei descobri que as coisas certas sempre acontecem...
Um dia tive o desgosto de ficar presa no elevador, apesar de horas agonizantes conheci meu primeiro marido. Um mês aguardei para receber o resultado de desconto na universidade por minha primeira colocação no vestibular, mas tive a surpresa de receber bolsa completa. Um ano estive atrás de advogados para conseguir meu divórcio, por vezes achei que jamais seria considerada solteira novamente. Além de me divorciar, comecei a namorar meu advogado. Uma década se passou para que eu realizasse meu sonho de ser mãe, hoje é meu filho que tem uma década de vida. Antes da virada do novo século aprendi que tempo é uma questão física, e que no fundo as que mais me interessam e acrescentam são as humanas.
Determine prioridades, nunca deixei de sonhar, aproveite todos os momentos e não tenha pressa, são os conselhos da minha vida... Resta a você seguí-los ou aprendê-los.

Fevereiro de 2008.

Um comentário:

  1. Esse texto me arrepiou. Não sei se é porque estou bem nesse momento. Nessa eterna transição que a vida é e no que a transformamos a cada dia. Arrepiou muito mesmo. Beijão ;*

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