domingo, 12 de dezembro de 2010

   Armou um circo, sem palhaços - claro, teme a eles -, nem domadores. Planejou os mínimos detalhes, queria a alegria infantil, a emoção de surpreender, a música, as luzes, os doces, o prazer e os desejos. Assim a magia e o amor superariam tudo, encheriam o recinto, seus corpos e, com sorte, os tempos que virão. Queria crer na perfeição de seu figurino, na certeza de seus passos, no espetáculo executado com maestria, no encantamento de seu público alvo... Contudo, uma insegurança, uma maldita pontinha de insegurança tomava seu ser, fazendo com que duvidasse de seu êxito.
   Revia seus projetos, conferia as listas... Rezava. (...) Temia tanto que algo saísse errado que quase desistia de realizar aquilo que com tanto carinho programou. Dizia a si mesmo que se dependesse só dela, tudo bem, faria, sem problemas, sem medos, mas e ele? O que ele pensará, sentirá? Capaz de tudo sair mais ou menos e ele não gostar. Tanto esforço, tanto cuidado, tanto trabalho, tanta espera... Ah, como desejava que as horas corressem, acelerassem tanto quanto seu coração. Ansiava por anoitecer antes que pudesse desistir, pelo circo já armado, pelas luzes acesas, a música tocando, os desejos sendo liberados, os sorrisos surpresos e os gritos eufóricos. Quando finalmente a hora chegasse tudo aconteceria como tem que ser, já não faria diferença temores ou planos dando errado, o espetáculo se daria com todos os esforços dela e ele... Ele sentiria o que tiver que sentir, o que se permitir.
  "Ah, por favor, dê tudo certo, dê tudo certo..." - adormeceu pedindo.

Ana Kita

2 comentários:

  1. Gostei!! Gostei do conteúdo e do jeitinho..rs

    Bom aqui, hein?!

    []s

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  2. Obrigada, Rafael! É essa doçura contida no diminutivo do jeito que tento definir como minha marca literária!

    Seja sempre bem vindo! ;)
    Abraços!
    Ana

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