quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Carta ao pai 14: Sensibilidade

Joinville, 29 de dezembro de 2010.

Pai,
quando o final do ano chega (acho que com todo mundo é assim) fico mais sensível. Muito mais. Qualquer grão de areia nos olhos faz de mim cachoeira, ou pior, uma pocinha. Quanto a tudo, pai. Quanto a saudade que tenho de você, quanto às amizades de que sinto falta ou que duvido possuir, quanto aos caos familiares, e até quanto a meus sentimentos. Por sorte ou firmeza, não tenho problemas com os planos a longo prazo. Não me pergunte dos a curto prazo, estou tentando não me preocupar.
   No dia de Natal, estive com nossa (sua) família. Foi prazeroso, é claro, sempre é. Especialmente pelo meu irmãozinho que embora esteja cada vez maior, ainda é uma criança, e crianças transbordam aquela alegria, inocência, aquela sede de vida. Senti sua falta, e confesso que meu Natal teve essa sensação de falta por outros motivos também. No entanto, tive alegrias surpreendentes. Ah, pai... A felicidade barata, a felicidade de amar e crer ser amada.
   Muita coisa tem acontecido, no mundo, na minha vida. Parece que 2011 vem cheio de mudanças. Sempre valorizei as mudanças, ainda que algumas vezes elas nos assustem, é através delas que as coisas boas chegam. Nesses dias sensíveis, e um pouco tristes, essas mudanças parecem ainda mais importantes. Fico com a sensação que só ser diferente dos últimos dois dias já seria muito bom. Contudo, estaria mentindo se dissesse que foi assim 2010. Foi um ano bom, pai. Aprendi muito, descobri coisas incríveis, conheci pessoas geniais, e vivi intensamente. Talvez por isso mesmo esses últimos dias tenham sido tão difíceis, falta intensidade. Prometo correr atrás. Hoje sei que o necessário é buscar nossa felicidade.

Escrevo-lhe mais, logo mais.
De todo coração,
sua primogênita, Ana.

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