quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A palavra escrita - Ana Kita

   Sempre gostei das palavras escritas, mais que das faladas. No infantil sonho de cursar jornalismo dizia eu que seria profissional de jornal impresso (não sei porque razão o meio virtual não participava de meus sonhos), porque as palavras lidas influenciam e tocam mais profundamente as pessoas que as ouvidas. Ainda acredito que o que é lido é levado mais a sério, além de ficar gravado mais facilmente pela grande maioria. Especialmente para quem, como eu, é extremamente visual. Essa ideia influenciou todos os âmbitos da minha vida, fosse na escola uma chamada de atenção escrita, uma cartinha de amiga, fosse em casa com um bilhete deixado para cobrar alguma atitude minha, ou fosse, mais tarde, um guardanapo enviado num bar. O pior dessa ideia é minha exigência multiplicada, as palavras uma vez escritas deveriam ser mais pensadas, serem planejadas e não conter erros.
   Quando passei a escrever muito, notei que muitas palavras não tinham qualquer efeito. Descobri aquela coceira de que falo repetidamente e que o poder das palavras exige alguns esforços. É preciso adequar, é preciso sentimento e verdade, é preciso ter cuidado, muitas vezes é preciso até ilustrar com imagem. Mais tarde encontrei um poder oculto que não exige nada mais do que escrever honestamente, isto é, a ação "terapêutica" de escrever. O mais interessante é que quanto mais despretensiosa a escrita, com a única pretensão de se externar o que se sente, maior a chance de atingir as pessoas, delas sentirem, refletirem e até admirarem. Gosto disso! É uma ideia que já ouvi Humberto Gessinger falando, não escrever para agradar alguém, mas escrever porque é a sua verdade. Seu "fã" (sem exageros, no meu caso) não quer que você escreva ou cante o que ele gostaria, é preferível que ele goste do que você cantou ou escreveu. Uma simples inversão de ordem e a poesia se faz verdadeira.

Ana Kita

4 comentários:

  1. A palavra "escrita" difere e muito da "falada".
    Pois ao falar, geralmente falamos tudo, e muito rapidamente, sem contornos nem avaliações.
    Ao escrevermos, temos um certo tempo para pensar, repensar, reeditar e reescrever nossas palavras. É como se a escrita nos desse uma segunda chance.
    Beijos!

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  2. Legal, Philipe. Obrigada! Concordo, e gosto dessa ideia de "segunda chance", é preciso sabê-la usar a nosso favor.

    Beijos, beijos!
    Ana

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  3. A palavra é sentida, vivida e intocável...
    Depois de escrita, já não se pode apagar!
    Cicatriz profunda no sulco do papel...
    Em tempos mais recentes de pura tecnologia e abstração, na alma do hardware!!

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  4. hehe Ótimo, mami! É isso mesmo!

    Beijos, beijos.
    Ana

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