"Quem matou a poesia", o CD ficava repetindo. E eu que só queria dormir mais uns minutos concordava: "Não fui eu, nem foi você". Desisti da cama. Nela também não havia mais poesia. O CD prosseguia naquela grosseira função "repeat" e eu já não ouvia. Desligava-me do mundo para feito caramujo voltar a minha concha. Concha que mais era colcha. Costurada e cheia de lembranças e aconchegante e tão quentinha. Eu ainda queria só dormir. Esquecer e fugir. O mundo ali chamava-me pela janela e a colcha macia pedia-me que ficasse. Uma última vez ainda ouvi aquela música e desliguei o aparelho. Eu faria um novo poema pelo outro lado da janela.
Ana Kita
Obs.: Citação da canção "Problemas sempre existiram" de Humberto Gessinger.
Às vezes tudo o que mais queremos é ficar na nossa concha-colcha, não é?
ResponderExcluirLindo!
Beijos!
vontade de pôr pijamas e pantufas, ao te ler.
ResponderExcluirparabéns!
Isso mesmo, Philipe, muitas vezes por sinal (especialmente em dias chuvosos e/ou domingos, hehe). Obrigada!
ResponderExcluirAlicia, seja bem vinda! Muito obrigada!
A vontade existe, até podemos ceder a ela algumas vezes, mas é preciso a coragem para tirar "pijamas e pantufas" e sair às ruas.
Beijos, beijos!
Ana