terça-feira, 26 de julho de 2011

Quanto aos sonhos e à escrita

   Esta noite sonhei - na verdade, não foi sonho, eu ainda estava acordada, mas o verbo "pensei" tiraria boa parte da força do meu devaneio e principalmente o caráter mágico de poder se realizar, pensei eu - que um dia meus escritos, sejam neste blog ou num guardanapo, eram lidos por alguém influente que me levou a uma grande editora. Eis que começaria minha carreira. Os tempos verbais ficaram confusos, numa hibridez de imaginação e desejo.
   Talvez seja meu lado racional me alertando que minha carreira não cairá no céu, e embora não saiba como, preciso em breve agilizar esse processo de iniciação. Mas, ainda creio ter sido um desejo ingênuo, como quem vê na televisão modelos contando como começaram suas carreiras ao serem encontradas por agentes. Será que há editores agentes ou que pedem a subalternos para procurarem blogs de bons escritores? Acho pouco provável, a internet é arriscada, ainda que eu seja muito sincera. Deveria ser um trabalho muito interessante. Encontrar talentos, dar-lhes oportunidades. Queria eu uma oportunidade gigante, confiável e paciente. Sei que temeria. E sobre pressão é mais difícil escrever bons textos, não? É o que dizem. Não sei. Há texto feitos, isto é, orientados, de que muito me admiro, mesmo que poucos tenham gostado, e outros que jogaria fora se não fossem os elogios. Há textos que floresceram na minha mente sem quase regar que nunca foram elogiados, bem como alguns aplaudidos.
   Pelas aulas de literatura chego a conclusão que é normal ser assim, há quem sempre escreveu, há quem só na velhice, há quem teve fases excelentes e outras de péssima crítica. Adoro Iracema e a professora que me "indicou" ler, disse que era um livro difícil e chato. Gosto dos dois livros de Paulo Coelho que li e meus professores da faculdade adoram criticá-lo como lixo repetitivo. Trata-se de sentir. Tenho dois livros favoritos, um é mundialmente famoso, super elogiado, muito lido e extremamente traduzido. O outro foi alugado por alguém (da biblioteca pública da minha cidade), abandonado na rua e ainda não conheci ninguém, além da minha tia, que foi quem o achou, que o tenha lido. Já os li duas vezes, em fases diferentes da minha vida e continuo me encantando e considerando os melhores para mim. Gosto quando meus textos são assim também. Há alguns que meses ou anos depois fazem com que eu própria me admire. E por vezes tenho vontade de mudar, tirar do blog ou mesmo jogar fora textos antigos. Pra usar de um clichê maravilhoso: nem Cristo agradou a todos. Muitos nem acreditam que ele existiu.
   Mas, eu sou até tranquila com a crítica alheia ao que gosto. Sem dúvida, sou mais atingida pela minha própria auto-crítica. Sou do tipo que fica perplexa por esquecer o nome de um filme de que gostou tanto, e só sente as bochechas quentes quando tira uma nota mediana numa redação. Não vou dizer que não me atinge, claro que sim. Muitas vezes tenho o sonho de que meu leitor sinta tão forte quanto eu. Logo em seguida lembro que é assim mesmo, cada um tem sua vivência, sua verdade e sua fase. Poucas as chances de coincidirem pra muita gente. E continuo escrevendo. Porque é meu enquanto escrevo, e será de alguém quando tocar, caso ocorra. Ainda creio que acontecerá aos milhares.

Ana Kita

3 comentários:

  1. Adorei!!! Fiz planos por ti...acho até q tu já deve ter pensado no q pensei, mas, eu vi teu futuro, o sucesso!!!
    Bjs
    Tia Nani

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  2. Legal isso. Eu também nutro esse "sonho", mas me contento em escrever anonimamente mesmo.

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  3. hehe Obrigada, tia e Philipe!

    Beijos, beijos!
    Ana*

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