sexta-feira, 23 de abril de 2010

Sobre cheiros e paixões...

Oh, pobres seres suscetíveis!
Leitor amigo, fecha a página! Não perca mais do seu precioso tempo, lendo as barbaridades de uma mente juvenil. É o perigo da paixão que lhe cerca, a garota que lhe escreve não é muito mais do que um humano dominado por seus sentimentos. Se a juventude é cheia de hormônios, se o apaixonado é fantoche de sentimentos hormonais, quem lhe escreve não é mais do que um amontoado duvidoso de hormônios. Por que continua a ler? Amigo leitor, é também um apaixonado? Se for assim então nos entreguemos a eles. E viva a paixão!

Oh, adorável sensação voluptuosa!
A paixão é velha conhecida da literatura, é a amiga mais presente entre os jovens, é o assunto mais habitual entre as garotas que compartilham intimidades, é o sentimento mais buscado pelos solteiros que anseiam por relacionamentos. Tema dos poemas, tema dos romances, tema dos embriagados, tema dos enfermos, tema das novelas, tema dos filmes, tema das músicas... Tema dos casais de uma dança, de uma noite, de uma semana, de um mês, de uma temporada, de dois anos.
Muitos afirmam que a paixão tem prazo de validade, que não ultrapassa dois anos. Dois anos! Dois anos é tempo demais para pensar numa pessoa, é tempo demais desejando uma pessoa, é tempo demais se compartilhado com uma pessoa. É certo que ao fim de dois anos de paixão a pessoa entrou para sua história sem que a possa tirar. O relacionamento há de acabar, embora as lembranças se perpetuem.

Oh, fugaz sentimento afetuoso!
Não poderia eu desmerecer a paixão. Justamente eu, tão sensível e admirada quanto a capacidade dela em trazer ora alegria, ora angústia. Efêmera é. Prazerosa é. Erótica pode ser. Prevê-se que seja mais corporal que mental, estuda-se que esteja relacionada aos sentidos e aos hormônios. Compreendo que a paixão seja mais uma das avassaladoras sensações que temos, embora de suas razões sejamos meros espectadores.

O cheiro do outro - seja o perfume, o suor, os feromônios que libera -, o contorno do corpo, o brilho do olhar, o toque das mãos, o jeito que anda, o timbre da voz, as gírias do seu vocabulário, as covinhas do sorriso, o gosto do beijo, o calor da pele, a intensidade das carícias, os pontos sensíveis ao prazer, as piadas internas, os lugares em que estiveram, as histórias que compartilharam, os apelidos que criaram, as pessoas que conheceram, as músicas que ouviram ou cantaram, os filmes aos quais assistiram, os assuntos que discutiram, as ideias que concordaram... A paixão pode ser o começo de uma história de amor, uma passagem bem vivida da história de duas pessoas, ou uma teoria envolvente. É certo que só quem sente pode descrevê-la.

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