domingo, 9 de janeiro de 2011

Carta ao pai 15: Aniversário e sonhos

 Joinville, 9 de janeiro de 2011.

   Pai, hoje você faria 41 anos, como era de se esperar meus pensamentos estão acima de tudo em nossas lembranças. Hoje também faria dois anos da cerimônia do seu segundo casamento, há alguns meses eu estive no salão onde foi realizada e lembrei muito. Gosto tanto de ter essas boas lembranças, ainda que elas incitem a saudade a apertar meu coração (algumas vezes também meus olhos), elas mantêm viva a chama da ideia daquela música “foi pouco tempo mais valeu, vivi cada segundo”.
   Ah, pai, quanta falta você me faz. Tenho dias de pura nostalgia, um pão lembra você, as crianças, vídeos-game, camisas de fio, sono à tarde, praia em horário inadequado, notebook... Algumas vezes me pego ouvindo uma mensagem sua de voz pelo meu aniversário de alguns anos atrás, aquelas coisas que as pessoas fazem quando temem esquecer quem lhes foi importante e já não está presente. Embora, eu não creia realmente que seja possível esquecer.
   Entre as coisas que não consigo ou não quero esquecer estão os sonhos que eu imaginava. Coisas (um tanto) bobas como dançar contigo minha “valsa de formanda”, ser conduzida por você até o altar, dançar uma valsa contigo em meu casamento, vê-lo brincar com meus filhos, emocioná-lo ao dedicar-lhe um livro meu, vê-lo envelhecer com orgulho da mulher que me tornei... Fico a pensar que o problema de sonhos a longo prazo são as voltas que o destino dá, foge das nossas mãos realizá-los, talvez por isso eu temo tanto fazer planos a longo prazo (embora meus sonhos muitas vezes tenham cara de projeto).
   Sei que é bobagem desejar “feliz aniversário”, quem aniversariaria seria ser corpo e este já não existe (não além das fotografias e lembranças), mas não custa deixar simbólica esta data para marcar a existência tão significativa (e, infelizmente, curta) que compartilhamos. Amo você, pai!

Escrevo-lhe mais, logo mais.
De todo coração,
sua primogênita, Ana.

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