domingo, 30 de janeiro de 2011

Olhares - Ana Kita

   Adormeci chorando, pensando em olhos castanhos. Nos olhos dele, na distância que mantemos, na aproximação momentânea que o Sol apagou. Numa manhã passada, com o Sol em meu rosto, lembrei de olhos verdes, em mergulhos que os aproximavam de mim, que me guiavam perante a poesia da vida, olhos que se foram e não deixaram mais que conhecimento. Minha saudade sempre pertenceu aos olhos escuros, sempre foram eles que me encantaram, atraiam. O brilho ou reflexo inimaginável em outra escuridão. Quase um buraco negro que guarda sonhos e traumas, desejo e esperança.
   Eu queria mergulhar nessa escuridão, voltar a ver a luz, acreditar no futuro e flutuar. Ser leve outra vez, dançar com sorriso nos lábios e sentir o coração saltar. Eu queria dizer algo que o tocasse, que não abrisse outras alternativas, deixasse tudo às claras. Queria já ter dito e não disse nada. Passei toda a vida desejando mãos que me protegessem, aquela união natural de palmas que andam lado a lado - numa mesma direção. Hoje sei que ainda preciso das mãos, ainda desejo esse toque de confirmação, no entanto só elas não me bastam. Preciso que aqueles olhos escuros possam me abrigar, que reflitam não só meu sorriso, mas meus mais puros sentimentos.

Ana Kita

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