quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Carta ao pai 16: Melancolia e situações

Joinville, 20 de janeiro de 2011.

Pai,
esta semana fiz algo que sempre achei difícil, mesmo em ideia, e fiquei até orgulhosa da minha força num primeiro momento. Mas, agora, começou a doer. Como sempre imaginei. Engraçado isso, né? Fazemos as coisas que depois nos doem. Não estou arrependida, e espero não ficar. Contudo, a dor existe, e é forte. Não sei porque lhe escrevo isso, mesmo que você estivesse aqui e eu decidisse falar, não adiantaria muito (e tenho certeza que eu não falaria). Às vezes é assim mesmo, escrevemos só para verbalizar, sair do mundo dos pensamentos e quem sabe deixamos no papel (num blog). Eu raramente deixo, posso escrever, mas continua comigo.
Acho estranho como os "desastres naturais", pai, parecem refletir o que passa aqui, dentro. Não que meus olhos tenham chorado mais que o normal para as situações, ou que tenha alagado algo por aqui (além das ruas). Mas, a sensação é um tanto parecida. Mudanças climáticas, ou de situação (financeira, "relacional"). Enchentes, ou enxurrada de sentimentos, novos, antigos, duvidosos. Desaparecidos, ou amigos que se distanciam. Posso estar sendo exagerada, tratando de sentimentos não é algo pouco comum pra mim.
Estou um tanto melancólica, né? Devem ser as férias e a chuva, uma dupla perigosa. Fazem com que eu fique muito em casa, tenha preguiça e não faça nada muito produtivo. Bons aliados para uma crise de carência, não? Vai passar, eu lhe (e me) asseguro! Amo você, pai.

Escrevo-lhe mais, logo mais.
De toda coração,
sua primogênita, Ana.

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