sábado, 12 de junho de 2010

Textofonia 13: Tempo para viver

Sozinha penso. Lembro outro tempo. Peço pelo tempo que não volta. Avancemos nesta história, já é hora. O relógio não derreteu, ele finalmente nos pertence, senhor. Sonha a menina.
O senhor leva no rosto a marca da vida. Um sorriso bobo, reflexo de outro dia. O senhor carrega junto ao violão uma canção. Um novo som que penetra e ecoa, por horas. O senhor tende a fechar os olhos e voltar a ver. Uma imagem bonita, imaginada em algum mês.
Se alguém disser que meninas e senhores não devem conviver, não se encontraram e nem vivem juntos deixemos de ouvir. Continuará a falar, deve ser o que chamam de prova. Estes testes de que o telhado não é de vidro e que pode-se confiar no chão. Desconfio.
É outono e faz frio. Apague a luz, desligue o som, cubra-se. Proteja-se enquanto há tempo. Quando a luz acende, não importa quem somos ou o que pretendemos, o mundo nos suga e nos faz viver. Não há nada de errado em tentar resistir, mas é inútil.
Se senhor for terá sua menina. Sua tatuagem será ela. Seus sonhos a usarão. Suas canções a soarão. Suas leituras a pertencerão. Seus sorrisos a refletirão. Seus sentimentos a ela não perecerão. Acredite. Ela brilhará em seus olhos, aquecerá seu toque, perfumará seu ar, iluminará sua morada. Viva na menina se for senhor. 
Ana Kita


-> Auxílio sonoro de "Túnel do Tempo" de Humberto Gessinger.

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