As palavras podem chorar por mim?
Pergunto-me. Respondo escrevendo minha dor. Olhos ardidos sem que o grafite na folha tenha causado. Talvez o cigarro que a pouco era queimado. Talvez não. Uma lembrança cruel, uma canção cortante, o frio... A ausência egoísta, o luar amarelo-cintilante, uma gripe invernal.
Se as estrelas me falassem qualquer poesia bonita que tirasse minha melancolia. Se a brisa noturna trouxesse qualquer abraço reconfortante. Se a canção acordasse a tal esperança de ser para sempre feliz.
Ah, maldito condicional, na vida é o que é. Sinto e vivo, ou não. E não mais o sinto em minha vida, em meus dias, quase foge dos meus sonhos. Sem amor sou uma folha em branco, um tronco apreendido pela polícia, uma semente sobre o asfalto. Uma gota de mar num pote vedado, uma fotografia do céu escuro, um aroma de flor morta.
"Volte a ser o meu ar..." peço-lhe com a música que toca num rádio de outro apartamento.
Ana Kita
"Sem amor sou uma folha em branco".
ResponderExcluirisso me fez pensar no amor como um leitor. ou no leitor como um amor. o leitor é aquele que dá vida à folha em branco, se a pensarmos em branco mesmo quando escrita por um autor, uma vez que o texto só existe quando lido, não?
Lindo isso!
ResponderExcluirÉ por estar e outras que publico textos que nem mesmo eu acho tão bons, sempre corro o risco de um poeta enchergar minha "nota em ló" na escrita. hehe
Obrigada, Ítalo!