sexta-feira, 9 de julho de 2010

Meu dia 7 de julho, com 1berto em Jaraguá do Sul

(Foto pessoal da Feira do Livro de Jaraguá do Sul.)

   Uma conversa. Bom, assim em "tom de conversa" tento fazer meu registro do meu dia 7 de julho de 2010 e da adorável conversa na Feira do Livro com o Humberto Gessinger, tendo como plano de fundo seu livro (que também é uma conversa informal) "Pra ser sincero - 123 variações sobre um mesmo tema".

   Mal consegui dormi de tanta ansiedade, além de rever o 1berto tinha toda a aventura de viajar sozinha para uma cidade de que nem me lembrava mais (fui na infância, talvez algumas vezes). Saí de casa apressada, embora adiantada. Tomei um ônibus antes do horário que planejava para a rodoviária, lotado, lá aguardei e aguardei e aguardei. Passagem comprada, li o presente que eu daria, ou não, ao Humberto. Muitos fumantes, muitos viajantes e outros tantos como eu, só a passeio. Olhares desligados, olhares atentos, olhares invasores, olhares doces. Peguei o ônibus, este, destino: Jaraguá do Sul. Saiu pontual, viajávamos bem, até tirei um cochilo. Eis que de repente, uma maldita combe, de entrega de galão de água parada em Guaramirim, dá a ré. Assim, sem mais nem menos, assim mesmo, ao som das buzinas, acerta a frente do ônibus. Por sorte ou agilidade do revoltado motorista, um micro-ônibus vem nos buscar, éramos 6 passageiras, uma ficou em Guaramirim, as outras 5 partiram para Jaraguá, com outro motorista e o cobrador.
   Rapidamente cada uma chegou ao seu destino. Eu fui a penúltima e, um tanto temerosa, desci no local orientado, procurei as demais orientações (bancos, lojas) e cheguei com êxito, sozinha à praça. Poucas pessoas circulando pela Feira do Livro, dei uma breve olhada, ouvi o anúncio que me trazia lá. E como uma boa turista fui a uma lanchonete beber água e usar o banheiro. Confesso que me pareceu surreal ter que pedir a chave do banheiro para usá-lo. Mesmo sem custo para quem consumia algo achei coisa de outro mundo, talvez eu que ande meio alienada. Mandei uma mensagem de celular para um amigo que reside em Jaraguá, ele me respondeu confirmando presença na Feira do Livro para ver, também seu ídolo, o Humberto Gessinger. Passei por uma barraquinhas de artesanato, também na praça, e, novamente como uma boa turista, comprei um charmoso cachecol de tricô. Voltei à Feira, olhei uns livros, comprei dois de contos. Assim aleatórios mesmo, valores que valiam a pena e capas que me chamaram atenção, é bom vez ou outra. Não me importa nesses momentos o autor ou a editora, não é preciso conhecer, no máximo folhear e me intrigar. Revelo-os assim que os ler.
   Sentei-me em frente a uma quadra esportiva (creio que pública). O dia tão lindo se pondo, um clima tão agradável. Surpreendentemente vejo meu amigo. Ele, sem óculos, não me vê, chamo sua atenção e ele se aproxima. Conversamos um pouco e decidimos por ver a Feira, ele ainda queria adquirir ao livro do Gessinger. Demos uma volta, fomos ao banheiro, que embora um organizador tenha dito que podia não ser aconselhável "às senhoritas", era muito limpo. Depois nos sentamos numa das primeira fileiras de cadeiras, frente ao palco que Humberto Gessinger se sentaria para um "bate-papo" com os fãs. Quase pontualmente ele chegou, de boina amarela, óculos e aquele sorriso suave. Sentou-se descontraído, ouviu o "apresentador" e agradeceu estar ali, embora ainda se assustasse com a posição de "escritor". Humilde ele até disse não ser um ótimo baixista por exemplo, quem dirá um escritor, acredita que precisaria escrever mais e ser bom na ficção, o que ainda não julga satisfatório para ir à público. Respondendo a minha pergunta disse que pretende lançar mais um livro, possivelmente ano que vem, uma espécie de continuação para o "Pra ser sincero", onde incluirá suas demais letras de música e continuaria a auto-biografia, já que escreve nesse jeito "barroco e cíclico". Muito receptível e educado respondeu a todas as perguntas, fossem pedidos para levar o projeto "Pouca Vogal" para Jaraguá ou perguntas quase filosóficas, por exemplo questionando termos de suas letras ou sua visão da música atual.
   Muito divertido e aberto, repetidamente falou de sua visão quanto na arte ser importante a identidade e verdade do artista. Deixou claro que não rejeita "cover", por exemplo, até porque não deixam de ser criativos, mas na visão dele é preciso colocar sua verdade mesmo tocando clássicos. Falou sobre considerar respeitoso do artista ignorar seu público, no sentido de não lançar um álbum ou tocar uma música pensando como o público gosta ou porque alguém pediu. Deu seu testemunho de que não vota num político porque ele faz enquetes e lança as propostas que as pessoas querem, ele gosta de votar em tal político ou ouvir tal banda por representarem suas verdades e ele acabar se agradando. Piadas, como a diferença entre "porto-alegrense" e "gaúcho", ou seu sotaque ser o mais feio do Brasil (coisa que não concordo de jeito nenhum!), também de que gosta muito do sotaque paranaense que diz "leite quente", divertiram os ouvintes. Elogios às bandas da década de 70 e outros tantos comentários musicais, como suas fases de gostar mais de tal instrumento, ou ouvir músicos e bandas pela importância da composição, animaram os músicos ou aspirantes da plateia. Ainda falou de ter adorado compor a canção "Pouca Vogal", uma das poucas que ele sentiu ter terminado (o que me lembrou o trabalho do escritor, eu, pelo menos, muitas vezes não sei que hora acabar um conto, por exemplo), e que "Infinita Highway" poderia ser uma música elegida para sintetizar sua carreira, por unir os dois públicos básicos: fãs de longa data que conhecem todas as canções e sua história a fundo, e fãs "superficiais", que só conhecem as músicas de maior sucesso.
   A conversa durou uma hora, mas abrangeu diversos assuntos. No final quem tinha livro, CD, DVD, vinil ou fita podia pedir autógrafo e tirar foto. Deu uma fila imensa e ansiosa de fãs de longa data e pessoas que não perdem autógrafo de alguém famoso. Tive meu momento (pedi autógrafo no encarte do CD "Filmes de Guerra, Canções de Amor", tenho este como o meu álbum preferido entre os que tenho) , como pode se ver na foto, e ainda lhe entreguei umas páginas com escritos meus (textos publicados neste blog, por sinal) que ele não só recebeu super simpático como disse que leria. Foi um prazer imenso! Meu amigo também recebeu seu autógrafo e tirou sua foto (por sinal, a câmera que me fotografou foi empréstimo dele, só tenho a agradecer pela companhia, carona, foto, etc.), demos uma volta e ele me levou a rodoviária. Na caminhada até o carro -já que estacionar perto era uma luta - falei sobre minhas sensações em Jaraguá, compartilho-as: Se eu levar como verdade absoluta as ideias de Piaget de que a aprendizagem se dá por relacionar um conhecimento ao anterior creria que não vou me lembrar de Jaraguá. Sim, pode parecer engraçado, mas achei Jaraguá diferente de qualquer cidade que minha memória pudesse lembrar. Eu sei que fui algumas vezes, minha tia-avó mora lá. Mas, o centro, as avenidas, as lojas e sua disposição... tudo muito diferente. Eu gostei do que vi, embora mesmo no ônibus tenha ouvido muito mal da cidade (por falta de entretenimento, pessoas fechadas, ônibus urbanos só de hora em hora, difícil de se localizar). Fiquei com vontade de voltar outras vezes, explorar e tentar conhecer realmente. Quem sabe quando Pouca Vogal fizer show. (risos)
   Na deserta rodoviária, o ônibus atrasado 20 minutos, comprei a passagem e me restava aguardar a partida para Joinville. Meu amigo, um verdadeiro cavalheiro, esperou comigo. Enquanto esperávamos umas aves barulhentas pousaram nas "plataformas" (sei lá se tem outro nome para onde os ônibus param), a viagem de volta foi tranquila e rápida, e ao sair da rodoviária joinvilense aves como as de Jaraguá levantavam voo fazendo o mesmo forte barulho. Poético, não? Em 50 minutos cheguei em Joinville, no horário que costumo sair da faculdade, então peguei dois ônibus e cheguei em casa no meu horário habitual. Conclusão: uma ótima quarta-feira e uma vontade imensa de viver mais "aventuras" assim.

Ana Kita
(Inverno 2010)

2 comentários:

  1. pra quem, como eu, chegou atrasadaço, já sei o que rolou de fala =D

    mó querido ele mesmo no atender as pessoinhas :)

    e aventuras assim só nos fazem bem mesmo, por mais que corporalmente possam cansar.

    beijo!

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  2. hahaha
    Acho que só você pra chegar tão tarde, mas pelo menos ficou sabendo um pouco! ;D

    Concordo plenamente, Ítalo! Mas, vale a pena cansar vez ou outra!

    Beijo!
    Ana

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