Andei. Andei por horas, como o mar que não desiste da areia, eu queria encontrar uma resposta. Ainda agora, com a respiração ofegante e a testa molhada, não sei que pergunta quero desvendar. Fecho os olhos e com os cabelos ao vento procuro tirar esse peso de meus ombros. Poder voltar para casa leve, sem o estômago se corroendo de dúvida. Queria ter a mente suave como o sorriso da garotinha que acaba de ganhar colo do pai. A paisagem é tão encantadora, também minhas memórias são assim, infinitamente prazerosas. Contudo, como um ecologista que curte a praia pensando que seus netos talvez não desfrutem de tanta pureza, fico agonizando ao pensar como se dará meu futuro.
Tenho guardado tantos dias ensolarados, tantas noites enluaradas, e tempos juntos que congelaram as horas... Em vão se amanhã não existir!? O pior é que cada hora que o relógio marca sinto nosso tempo acabando, como o sol que vai se pondo e nada pode impedir. Em nossos encontros ganhamos bônus de esperança e de tempo. Já no meio da outra noite, ou na manhã seguinte, quando me vejo novamente só, não tenho a que(m) recorrer. E chove.
Chego em casa cansada, vontade de dormir e esquecer. Mas, há uma família, o almoço na mesa e todas aquelas cerimônias de casa cheia. É no fim da tarde, com o sol se pondo que volto a pensar. Na tranquilidade do anoitecer volto à praia e o murmúrio das ondas me pede calma. A vida é agora, eu sei, a imensidão do mar também. Mas, as memórias servem não só para nos cobrar a vida, mas para nos ensinar a prosseguir, a acreditar, a sonhar. A brisa noturna me confessa que ainda tenho muito a viver e a sorrir.
Ana Kita
(Itajuba, janeiro de 2011)
É. Por maior que seja nossa vontade de ficar num mundinho só pra gente, temos que conviver com os outros, haha.
ResponderExcluirAbraço!
hehe Ainda bem, não!? Acho que é graças a parte dessas pessoas que temos ânimo de continuar, muitas vezes. Embora nem sempre entendamos, eles têm papeis importantes.
ResponderExcluirObrigada, Philipe.
Abraço!
Ana