quinta-feira, 3 de junho de 2010

Quanto a mim.

Alguns despertadores programados e nem pensar um relógio analógico por perto. Levanto quando quero e não quando algo ou alguém chama. Paciência. Acordar ao meu lado não é fácil se não pode se calar, de manhã: meu silêncio. Gosto de comer logo que levanto, a qualquer custo. Café da manhã de verdade e gostoso para mim é Neston, sucrilhos, ou mingau. Sair de casa sem um estimulante banho é negar-me um bom dia. Roupa confortável! Se não estou num bom dia mereço mais produção, se me sinto bem qualquer coisa gostosa me serve. Sou rápida para me arrumar, mas não suporto que me apressem e/ou não respeitem meu tempo refletindo frente ao espelho.
Falo sozinha. Leio embalagens, não estou sempre atenta ao que possa me dizer. Tenho ainda o costume joinvilense de perguntar "o quê?" e antes mesmo que me repita já compreendi o que me disse. Não importa a hora ou o local, se sinto vontade de escrever vou me render. Aceite. Sou instável, reconheço. Muitos dias quero abraço, ser ouvida, companhia. Há dias em que tudo de que preciso é silêncio, espaço e solidão. Se estou chorando ou muito triste não questione insistentemente, se eu quero me abrir vou logo falando, há dias que incrivelmente quero me calar. Se estou braba não adianta se explicar, não vou ouvir, vou levar do jeito ruim e basicamente é impossível que eu volte atrás. Aguarde. Logo passa, não gosto de voltar no assunto, mas se precisar dê-me tempo para digerir.
Almoço não é recorrente. Quando acontece de eu almoçar adoro descansar "la siesta, larga". A tarde meu raciocínio não é dos melhores, e com frequência perco a paciência. Não gosto de pegar sol em horários inapropriados, seja pelo nobre motivo que for. Gosto de brisa, isso sim. Sombra de árvore, som do mar, vento no rosto... Ah, melhor mesmo só com uma companhia amável e um bom abraço. Comer doce à tarde me faz um bem danado. Se tenho tempo e lugar tranquilo ler é uma boa pedida para o fim da tarde. Se está frio uma caminhada, um filme com cobertor. Se faz calor um banho de mar, lugares arborizados. É difícil que eu perca realmente o horário, mas geralmente acho que estou atrasada. Não se assuste. Em ônibus quero sempre algo diferente, admirar a paisagem, ter os cabelos balançados pelo vento, conversar, ouvir música, ler, fechar-me como um ostra.
Anoitece e me preencho, como uma lua. Adoro a noite! Aproveito para estudar, para conversar, trocar ideias, jantar bem (bem mesmo, caprichado, gostoso, quantitativo) - embora não possa ser diário - me alegra, ouvir música, criar. Sair com os amigos é sempre valioso, no entanto, precioso mesmo é um momento íntimo. Adoro cinema, teatro, show... Encontros programados são admiráveis, mas, o inesperado é o mais encantador. Um banho de chuva, uma piada sem sentido, conversar na calçada, errar o caminho... O importante é viver intensamente.
Dormir cedo parece deixar de brincar com(o) uma criança. Madrugada é contagiante, libera-se, diverte-se. Poesia. "O sono dos justos." Costumo dormir de edredom esteja realmente frio ou nem tanto, adoraria uma conchinha. Antes de deitar as palavras têm o maior poder possível, não diga coisas pesadas ou duras fariam-me muito mal. Reconcilio-me sempre que possível antes de dormir, deitar parece trazer a certeza de que o futuro é uma incógnita. Se tenho hora para acordar mil relógios à uma pessoa pra me chamar. Não gosto de rotina, mudo um minuto ao menos, mas a hora de ontem não pode ser a mesma de hoje, sei que eu já não sou a mesma. Uma vez dormindo só acordo por algo importante (é sério, o choro do meu irmão quando bebê, mas de jeito nenhum os trens que passavam debaixo de minha janela), uma vez que acordei voltar a dormir não é fácil.
Levantar cedo já foi muito fácil, melhor garantir com vários despertadores, só não me chame, vou levantar quando eu quiser. Melhor não puxar assunto, manhãs silenciosas ao sabor do vento e das aves me apetecem.

Ana Kita
(outono 2010)

4 comentários:

  1. a tua última frase me lembrou cazuza (quase o que tá ali no link do teu formspring) "mentiras sinceras me interessam" :)

    uma ana do começo do dia ao fim. mas não a mesma ana. cada dia uma ana diferente. mutante. gosto dessa ideia de mutação nossa :)

    ah, e essa do entender e mesmo assim perguntar "o quê" não é só joinvilense, não. lá em casa me irrito horrores com o povo por isto! haha

    adorei, adorei.
    beijo!

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  2. Olá, andando pelo blog do Ítalo encontrei o seu. Belas palavras e lindas inspirações. Virei de vez em quando dar uma olhadinha nos seus escritos, parabéns!

    Abração, Rodrigo

    PS. Ah, sou seu colega de sala, aquele que quase não vai à aula.

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  3. Muuito obrigada, garotos!

    E, Rodrigo, volte sempre! ;)

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  4. haha,
    que massa,

    rodrigo por aqui!

    figuraaaaaaça, meu queriiiido!

    beijos aos dois!

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