Joinville, 23 de junho de 2010.
Pai,
O inverno chegou. Chegou frio, um frio fino, como escreveu Adélia Prado. Gosto tanto desta busca incansável por casacos e cachecóis, e a beleza das pessoas entre tantas roupas, e a união das pessoas tentando aquecerem-se, e o amor no ar. Ah, pai, o inverno é tão lindo. Mesmo cá, sem neve.
Eu fico sempre mais delicada, carente, sensível aos que me querem bem. Talvez sejam os dedos gelados no teclado, talvez a vontade de um abraço. Contudo, é certo que não há outra época no ano em que o afeto seja tão essencial. Filme embaixo da coberta, chocolate quente, viagem pela serra, conversa na lareira, dormir de conchinha...
Ah, a afetividade para aquecer-nos, hein, pai? Você foi um grande mestre para mim neste assunto... Lembro-me muito bem de nossos longos cochilos pós-almoço. Os filmes a que assistíamos juntos debaixo de cobertores de pêlo. Tempo tão bom, pai. Sentirei saudade, muita saudade. Espero um dia ter comigo alguém que possa ser tão especial e essencial nestes dias de inverno quanto você foi. Confesso, baixinho como Quintana, que hoje penso num amor "homem-mulher", já que este lindo amor paternal não está ao meu alcance carnal.
Escrevo-lhe mais e mais.
De todo coração,
sua primogênita, Ana.
-> A escritora se recusa a seguir a Nova Ortografia no vocábulo "pêlo", que perdeu o acento diferencial. Segundo a Nova Ortografia, ambos sem acento: pelo.: substantivo / pelo.: contração da antiga preposição "per" + artigo "o".
Que conversa linda com o pai, Aninha...
ResponderExcluirTenho certeza que essa proximidade te aquece o coração...
Beijo grande!
P.S.: Eu tenho resistência em acatar TODAS as mudanças impostas pelo Novo Acordo. Para ele, o meu Desacordo! =P
rs
Obrigada, Moni!
ResponderExcluirSempre aqueceu e agora eu tento! >.<
Beijo!
Ana
óióiói,
ResponderExcluirduas revoltadas aí,
haha.
beijóns daqui,
de frio de que não gosto, não,
mas que aceito ^^
hahaha
ResponderExcluirTambém aceitamos a reforma, embora eu própria não queira cumprir algumas coisas tão tristes.
\o/ Um viva aos acento diferenciais! haha
Beijo, Ítalo!
Ana