segunda-feira, 14 de junho de 2010

Elo poético - Ana Kita

"- Quantas primaveras tens?
- Tenho 17 invernos, e chega mais um. Sentes o frio?
- Pois bem. Meus outonos também são gelados. Aquece-me?"

Dois iguais à deriva. Sem mar, sem ar... Sem saber. Um busca a mão no outro, o brilho nos olhos, a parábola nos lábios. Ouvem a respiração, a palpitação, sinfônica poesia.  O frio vai chegando, permitem-se ao ímã.
Dois semelhantes unidos. Sem dor, sem tristeza... Sem lembranças. Um procura nas palavras o outro, na paisagem a esperança, no arrepio a confiança. Sentem o calor, o enrubescimento, harmônica poesia. O frio vai passando, contraem-se no ímã. 
Dois análogos únicos. Sem passado, sem futuro... Sem certezas. Um encontra no outro carinho, aconchego, repertório, compreensão, liberdade. Vêem a identificação, o escancaramento, a reciprocidade, o desejo, a beleza, o salutar... Melódica poesia. As contradições coerentes se calam, alegram-se pelo ímã.

Ana Kita

-> A MIP, com todo merecimento outonal. 

4 comentários:

  1. Nossa, adorei, guria! Escreves com um estilo poético e definitivamente tocante. O que dizer de palavras que conversam desta maneira? Nada, talvez, a não ser sentir o vento e o sol, lembrar que as estações se sucedem e que o inverno sempre passa.
    Abraços!

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  2. hehe
    Lindos dizeres!
    Obrigada, Eduardo! ;)

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  3. Ah, os complementares...
    Ignoram as contradições, por mais coerentes que sejam.
    O ímã é mais importante.

    Melhor e melhor a cada texto, Aninha!

    Beijos

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  4. Ain, Moni!
    Seus comentários são leituras de minha alma! Sempre me emociono! *-*
    Muitíssimo obrigada!

    Beijos!

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