domingo, 4 de julho de 2010

Quanto aos primeiros medos e às curvas

Uma garotinha. Uma garotinha acoada. Escondendo-se, querendo se manter calada. Difícil. Uma garotinha ao embalo das melhores canções. Sentindo os mais fortes batimentos. Uma garotinha descobrindo o amor, o amor não correspondido, incompreendido. Disfarça-se de mulher, vez ou outra consegue enganar. Sorri enquanto evita chorar. Grita sem conseguir quebrar o silêncio. Dorme dias e dias para não abrir as janelas, não quer se molhar. Liga a TV, assiste a qualquer coisa desinteressante. Liga o rádio, acende a luz. Está queimada, é sempre escuro.
Uma garotinha num quarto escuro. Uma avenida de mão dupla, uma garotinha na contra-mão. Corre, parece saber onde quer chegar. Uma garotinha que esquece as impossibilidades. Uma garotinha sozinha num barco à deriva. Não luta, não olha. Encolhe-se e tenta dormir mais uma vez. Sonha com seu futuro azul. Uma garotinha que acorda, olha ao redor e se perde na imensidão.

Ana Kita

2 comentários:

  1. Uma garotinha que mergulhou na vida adulta...
    E nem sentiu...

    Beijos, Aninha!

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  2. E quem sente a princípio, hein?

    Obrigada pelo carinho frequente, Moni! ;)

    Beijos!
    Ana

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