sábado, 3 de julho de 2010

Vida que rompe - Ana Kita

Uma ruptura, em algum lugar, perto ou dentro. Sem poesia, sem olhar. Um silêncio e só. Um sentimento solitário na quietude de tantos pensamentos. Mas, já não há ninguém. Olha ao redor, só o breu. Um buraco, uma passagem. Nenhum lugar pra ir, pra ficar. Ninguém que possa acompanhar. Solidão que não é salutar. Falta força, falta coragem. Uma atitude, palavra que fosse. Se tivesse uma canção, um livro que lhe dissesse que viver é preciso. Não é mais necessário. Pra quem seria? É simples, será razão. Esquecerá da vida, do que não é material, das discussões e dos sentimentos imantados. Destino não existirá e por egoísmo seguirá seu caminho, só. Fé em si, e nada mais. Construirá o que for seu e ninguém dirá nada. Não haverá nada a dizer, ninguém que possa. No vício da solidão, viverá o silêncio. Formal. Profissional. Bom. Talvez esqueça de rir, sorrirá cada vez menos. E na metade da vida, desistirá de viver. Alguém escreverá do corte em sua perna. Leitor ou historiador algum poderá compreender. Não foi dito, é segredo. Não existiu, sonhei.

Ana Kita

4 comentários:

  1. vida que rompe. acho tão bonito isso. ao mesmo tempo que não, que não é bonito, e sim doloroso. mas é possível ver lindeza no que dói, eu acho. é possível.

    teus escritos são lindos. ora doem, ora não. mas doer no leitor eu acho salutar pra caramba.

    beijo beijo!

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  2. Também penso assim, Ítalo! A tristeza seja numa música ou num texto, poema, é muito linda!
    Salutar tenho cá minhas dúvidas, mas bonita de ler é sim!

    Obrigada!

    Beijo!
    Ana

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  3. bonito, ana!
    (e de esquisitice isso não tem nada ^^)

    Eu tava lendo há pouco também o recado da clotilde z. numa postagem anterior. que bonito tbém! bjo

    :)

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  4. hahahaha (ri muito lendo teu parenteses, Eduardo!)
    Muito obrigada!
    "esquisitices" é um marcador bem esquisito mesmo, eu coloco toda vez que poderia colocar muitos outros, mas acho que nenhum expressaria o que realmente é. Enfim, é um texto próprio, talvez até pessoal, é uma reflexão... Podia até ser "Quanto a cortes e à vida". hehe

    Lindo mesmo o recado dela! Também achei e muuito!

    Beijo!
    Ana

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