
Qualquer um que me conhece sabe o quanto sou inconstante, extremamente "caxias" e, a seguir, tudo em desordem. Esta carta é assim, mais orgânica que estruturada, mais emoção que objetivada na razão. Pare de ler se me achar incoerente, melhor que o faça. Neste instante faço uma pausa e entendo. Entendo a magia de que minha mãe me dizia quanto às cartas. Adoro a digitação e esse vasto mundo virtual, mas algo me falta. Talvez seja meu conhecimento débil que me engana, porém agora, senti falta de lhe mostrar o que sinto com a expressão da grafia... Quem sabe um ponto no "i" com mais tinta, um coração ao errar o lugar de um acento, a palavra "coração" escrita trêmula.
Queria que nossas mãos distantes pudessem se encontrar numa folha de papel. Meu toque afetuoso, meu perfume doce, poderiam em fim aproximar-se de suas mãos quentes, de seu quarto iluminado... Até o dia da frigidez de uma lixeira. Não julgue-me como cruel, embora eu concorde com Belchior, "sons, palavras, são navalhas e eu não posso cantar como convém, sem querer ferir ninguém", não é exatamente esta a minha intenção. Eu só digo o que sinto ou prevejo. Nesses casos sabemos que o fim é inevitável, e só peço que os sentimentos ruins sejam apaziguados.
Estou feliz hoje, ainda que os raios de sol não me banhem. Ontem não foi um dia fácil, e incrivelmente foi um dia bom. A serenidade do meu coração não pertence às coisas difíceis, e sim, à capacidade de lidar com elas. Acredito que as maiores dádivas acontecem nas formas simples de felicidade sincera - o nascer do sol, um beijo, o desabrochar de uma flor, a gota do orvalho nos primeiros raios da manhã, o arrepio, a brisa noturna, o toque das mãos - e nem por isso, deixo de pensar que eu posso encontrar razões a sorrir mesmo em nossos desentendimentos.
Escreva-me tão logo queira!
Com todo meu carinho, sua Ana.
-> Este é mais um novo projeto para o blog. "Carta a ele" será mais uma forma de expressar o que sinto, ainda mais pessoal que outros textos, e quem sabe tão literário quanto os demais.
Oi, Aninha!
ResponderExcluirCheguei aqui por indicação do Ítalo e acho que esse projeto de vcs será bárbaro!
Gostei muito da liberdade com a qual você escreve, a intimidade com as palavras e com os sentimentos que as compõem.
Sim, as cartas têm o calor que o virtual jamais terá, por melhor que seja. Até a força do traço pode ser lida e isso encanta!
Boa sorte e tô te seguindo pra ver como caminham as coisas por aqui!
Beijos!
Olá, Moni!
ResponderExcluirSeja muito bem vinda!
Agradeço muitíssimo os elogios!
Beijos,
Ana.