segunda-feira, 10 de maio de 2010

Textofonia 7: Faz-me bem, meu bem

"Se o sangue ainda corre nas veias é por pura falta de opção" alguém poderia me dizer, e Humberto Gessinger fica repetindo no presente que você me deu. Não costumo discordar das letras da minha banda favorita, mas se eu aplicar a nossa história renego esta afirmação.
Não é falta de opção, meu corpo decidiu pelo lógico. Não é assim com todo mundo? Não costuma ir pelo que mais lhe faz bem? Este é ponto de rir, de fugir das letras os olhos. Talvez me considere louca, ao menos sua testa irá franzir como a questionar: "O que fiz eu para tanto?" E algum poeta pode sanar suas dúvidas. Há tantos poemas cuja temática são as razões de se amar,"não o amo pelo que é, mas por quem me torno ao seu lado".
Foi assim comigo desde a leitura de suas primeiras palavras destinadas à mim. Prometo-lhe não ceder à poesia e acabar sendo hipócrita. Sei que repetidas vezes você me tornou irritada, revoltada, até grosseira. Mal consigo classificá-los como sentimentos, soam-me muito mais como simples sensações. Após cada conflito pude absorver seu parecer, seus argumentos tornaram-me também meus (há estudos sobre isto, tem a ver com a "memória coletiva"), e - na marra - amadureci com suas críticas tão bem pautadas. Não digo que você mudou minhas opiniões, faltaria muitas conversas para tal, apenas evidencio aquela frase que repetidamente cito de Saint-Exupéry: "Se sou diferente de ti, em vez de, com isto, prejudicar-te, eu te aumento."
Você constantemente me faz alguém melhor. Aprendo muito com você, sobre os assuntos que já conversamos, sobre pessoas de vivências diferentes às minhas, e especialmente sobre mim mesma. Ouso dizer que é você quem proporciona motivos para meus sorrisos nas últimas semanas. Quando entro no ônibus, quando ouço uma música, quando escrevo, quando acordo, quando me deito... Nos mais simples momentos do dia acaba surgindo um pensamento relacionado a você, quando não são quanto a falta que sua presença me faz, fazem-me sorrir. Sinto-me mais completa por tê-lo conhecido. E contraditoriamente, percebo que tenho muito a descobrir e aprender, muitas lições que pode me ensinar, e nas outras me faria um bem enorme se estivesse ao meu lado. Além disso, tenho muito a ensinar, inclusive a você. Temos um mesmo objetivo na vida - não sei se já o descobriu -, talvez juntos poderá ser ainda mais agradável. É como diz na música "Você sabe o que eu quero dizer, não está escrito nos outdoors, por mais que a gente grite, o silêncio é sempre maior". Espero que você não queira também não ouvir, já há tanta gente ignorando por aqui.

Ana Kita


-> Auxílio da canção "Além dos outdoors" de Engenheiros do Hawaii.

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