quarta-feira, 5 de maio de 2010

Carta a ele 2: Compreensível metáfora

Num lugar qualquer, um dia qualquer. Que diferença faria?

A um qualquer (qualquer um que não queira entender),

o sol se pôs há muito tempo. Já é noite, normal ser assim? Para mim, talvez para você. Sei que muitos estão radiantes, talvez até eu os inveje, fico feliz por eles. Lamento pela ignorância deles. Todos eles ignoram ou fingem muito bem que falte sol. Hipocrisia! Parece óbvio que eles também já sentiram a ausência do sol. Não?
Estou metafórica demais para que você me compreenda? Não me responda. É provável. Compreender implica uma série de fatores que são conflituosos demais para eu e você. Que fatores não são? Perdoe-me tão logo possa.
As poesias que lhe fiz, hoje não passam de palavras perdidas num papel. Outros podem ainda senti-las, mas não fazem a nós qualquer sentido. Tudo já perdeu o sentido? Se foi perda de sentido o que faço lhe escrevendo? Melhor que me calasse. Também eu não deveria sentir.
Pobres espectadores ébrios - mais pobres seriam os sóbrios!? -, nada sabem de mim, de você (tampouco eu), do que sinto, do que sente (por sinal, você sente alguma coisa?), do que nos envolve (há mais que essas cartas!?).
Não tenho responsabilidade nenhuma, apenas escrevo a você.
Escrevo sem saber por quê. Escrevo sem entender o quê. Escrevo sem esperar retorno, sem pretensão de compreender, proibida de umedecer palavras. Escreva-me tão logo queira!

Com todo meu carinho, sempre sua Ana.


->Continuação do meu projeto "Carta a ele".

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