sábado, 17 de julho de 2010

A garota dele - Ana Kita

  Eu a imaginava tão alta quanto ele. Cabelos claros até os ombros, emoldurando um rosto fino. Olhos verdes tímidos e uma voz doce. Eu a imaginava estudiosa, prendada. Vestindo roupas claras e confortáveis, quem sabe vestidos costurados a própria mão. Seios pequenos e pontudos, cintura fina e longas pernas brancas. Eu a imaginava sorrindo aquele sorriso receptivo de esposa.
    Ela, na verdade, é baixa como eu. Tem longos cabelos escuros, como os grandes olhos. A boca rosada e o rosto redondo. Seios avantajados e veste roupas justas. Tem aquele jeito mimada e patricinha, também romântica e namoradinha. Tem uma capacidade vocal incrível e fala bastante. É ciumenta, mas simpática. Cumprimentei-a com todo respeito e admiração que ela merece, menti que era um prazer conhecê-la e me afastei tão logo pude. Apenas antes de dormir me dei conta de tudo, baixinho pedi a Deus que me ajude a esquecer essa paixão e que ela o faça muito feliz.

Ana Kita

3 comentários:

  1. "sorrindo aquele sorriso receptivo de esposa"
    gostei disso e da verdade nua em palavras. gosto de amores impossiveis, mais reais que tantos e mentiras que vejo por aí...
    um beijo, Ana

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  2. Peço licença, Aninha... Senti-me no direito de viajar no teu conto. Coloquei-me no olho do furacão. Imaginei o conflito. E com base nos meus, os que já vivi, reinventei:

    "Ela é bonita, mas nem tanto"
    "Ela é afinada, mas a minha musicalidade é imbatível"
    "Ela é romântica e namoradinha, mas eu seria o amor quente, inteiro e indefinível"
    "Que ela o faça feliz. Mas jamais como eu seria capaz de fazê-lo"

    Brincadeira... Ou não. Quem conseguir domar os pensamentos honestos, que atire a primeira pedra.

    Não é maldade, despeita, ou coisa do tipo. É apenas a nossa verdade... Não precisamos divulgar, é fato. Mas pra nós, no escuro do quarto, na liquidez dos olhos, as verdades são in-tei-ras!

    Adorei ler isso, Aninha...

    Beijos pra ti!

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  3. Moni querida!
    Sinta-se sempre muito a vontade! Apaixonei-me por sua viagem! Em outros tempos talvez eu sentisse exatamente assim, cheio de contradições e crueldadizinhas secretas, hoje estou livre disso, talvez por não ter a quem ver (ou fechar os olhos, haha).
    Adorei ler isso também, Moni! Muito obrigada pelo carinho e presença constante! *-*

    Beijos!
    Ana

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