quinta-feira, 27 de maio de 2010

Quanto ao que realmente importa [?]

Lá fora há nuvens escuras, e há lua. Se tu não vires a lua dirás que o céu está feio? (O que realmente te importa? O que deve importar? Que importância a mim dás?)

Queira eu participar do senso comum ou não, as dúvidas e as dores veem me acordar. Fui criada na e pela sociedade, não posso me desvincular tão facilmente. O que sinto é quase instintivo, inato, não posso conter, não há como descrever por completo. Mas, o que penso, o que surge aos meus olhos como ciscos, estes são extremamente influenciados pela sociedade.
Na contradição, querendo andar na contra-mão sou obrigada a sofrer as dores casuais dos marginalizados. Tento me calar enquanto consigo. Conter meus labirintos. Fico a mostrar o que sinto, se uso signos é porque necessito. Não minto.
Se consegue ler pensamentos: pois que leia. Se não pode sentir como eu... Nossos caminhos hão de se perder na imensidão.
Sofro ao querer o não, lamento quando penso na distância. Almejo uma união, mesmo sabendo que para ela será necessário mais que uma escolha, um rompimento. É por ele que temo. Não quero e não me sinto forte para viver sem tudo que construímos. Nada construímos, quero construir. Ganhei toda a matéria prima mais que necessária, sinto que ele também ganhou, posso compartilhar um tanto do que tenho.
Deito. As lágrimas escorrem saltitantes com os suspiros ofegantes. Os batimentos acelerados chegam a doer. Não queria sofrer, não queria verbalizar minha dor, não devo compartilhar. Faço sempre o contrário, e no fim não me arrependo. É loucura amar, pois que seja loucura também lutar, expressar, querer e viver. Fecho meus olhos, cansados de insônia, já não busco o sono, só não quero ver. Temo o que posso alcançar, espero o tempo que virá.
Já não sei o que é certo, o que é mutável. Nunca tive certeza do que poderia transformar, nem de quem passei a ser. Se antes de dormir posso voar num pensamento, se meu nome puder despertar um sorriso, se minha imagem flutuar em sonhos, alguém precisa me revelar. Quando eu souber da reciprocidade do meu honesto sentimento saberei - de fato - que valeu a pena viver este momento.

Ana Kita

2 comentários:

  1. tens de compartilhar, sim, menina.
    e teus escritos levam-nos a pensarmo-nos mesmo. isso é bom, é muito bom!

    beijo.

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  2. Compartilho sim. Fundamental compartilhar.

    Obrigada sempre, Ítalo!
    Beijo.

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